Arquitetura de software vs design de aplicação: entenda as diferenças

Arquitetura de software vs design de aplicação: entenda as diferenças

Olá, boas-vindas! Pegue seu café, chá ou sua bebida favorita e vem comigo em mais um artigo!

Bem, você já se pegou em uma conversa animada com colegas de trabalho sobre as diferenças entre arquitetura de software e design de aplicação?

O fato é que esse tipo de papo pode render. Cada pessoa traz sua visão, muitas vezes influenciada pelas experiências que já teve em projetos, pelas decisões que precisou tomar e até pelas dificuldades que enfrentou.

No dia a dia, essas discussões nem sempre têm uma resposta definitiva. Às vezes encontramos quem defenda que os dois conceitos são praticamente a mesma coisa.

Outros fazem questão de traçar uma linha bem clara entre eles. E é aí que o aprendizado acontece.

Trocar ideias e conhecer novas perspectivas nos ajuda a ampliar nosso entendimento, permitindo que, juntos(as), possamos tomar decisões mais conscientes e estratégicas nos projetos, pois não existe verdade absoluta, o que existe, são necessidades inerentes do projeto, equipe e empresa.

Pensando nisso, neste artigo, quero compartilhar um pouco dessas visões e trazer um novo ponto de vista para essa conversa.

Afinal, entender as diferenças (ou semelhanças) entre arquitetura e design pode não só melhorar nosso trabalho, como também inspirar insights interessantes para futuros debates! Então, bora lá!

Arquitetura de software vs design de aplicação: entenda as diferenças

Essa diferença entre design de aplicação e arquitetura parece algo muito técnico e distante, mas na verdade é algo que a gente vive o tempo todo, mesmo fora do mundo do software. Quer ver? Vamos imaginar que você está construindo uma casa.

Primeiro, você precisa de um arquiteto para cuidar do "grosso" da coisa: onde a casa vai ficar, como será a estrutura, se precisa de uma fundação forte para suportar dois andares, ou se vai ser uma casa térrea mais simples.

É esse papel quem decide as coisas grandes, tipo o formato do telhado, quantos quartos você vai ter e se vai caber aquele closet dos sonhos.

Tudo isso tem que levar em conta o terreno, o orçamento e até o clima da região. É disso que a arquitetura trata no software também: as decisões de alto nível.

Por exemplo, será que o sistema vai ser monolítico ou distribuído? Vamos usar micro serviços ou manter tudo num monolito? Essas decisões são a "planta" do sistema.

Agora, com a estrutura da casa resolvida, entra o design. Aí o papo fica mais detalhado. Qual vai ser a cor da parede da sala? O piso será de madeira ou cerâmica? Onde o sofá vai ficar? Tudo isso são decisões menores, mas super importantes para que a casa fique confortável e funcional.

No software, o design é sobre essas escolhas mais específicas, como organizar o código dentro de um componente ou como serão os padrões de código, como um componente vai conversar com o outro, quais bibliotecas vamos utilizar e por aí vai.

É aquele trabalho que dá o toque final, sabe?

O mais interessante é que, mesmo sendo diferentes, arquitetura e design conversam o tempo todo.

Exemplo da diferença entre design de aplicação e arquitetura

Por exemplo, se na arquitetura da casa você decide colocar uma janela gigante na sala para aproveitar a vista, o design precisa pensar numa cortina bonita ou numa forma de posicionar os móveis para destacar essa janela.

No software é igual: se a arquitetura define que os logs do sistema precisam ser centralizados, o design pode precisar ajustar como as mensagens de erro são exibidas.

E isso acontece em várias coisas do nosso dia a dia, não só em casas ou software.

Quer ver outros exemplos? Em carros: a arquitetura define o motor e a transmissão, enquanto o design pensa no conforto do banco ou no layout do painel.

No final das contas, a arquitetura dá as bases, enquanto o design trabalha dentro dessas bases para deixar tudo funcional e bonito.

E aí, pensando nisso, dá pra perceber como esses dois mundos estão sempre conectados, né?

Afinal, a boa arquitetura facilita o design, e um bom design complementa uma arquitetura bem feita. Fácil de entender quando trazemos pro dia a dia, não acha?

Agora indo um pouco mais a fundo, alguns autores falam muito sobre este assunto, basicamente vamos focar em duas visões notáveis sobre o tema: as de Robert C. Martin (Uncle Bob) onde ele aborda em algumas páginas sobre esse tema em seu livro: “Clean Architecture: A Craftsman's Guide to Software Structure and Design” e Elemar Júnior em seu livro “Manual do Arquiteto”.

Neste artigo, exploraremos essas perspectivas e como elas se relacionam, além de destacar exemplos práticos para esclarecer o impacto de cada uma no desenvolvimento de sistemas.

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A visão de Uncle Bob: arquitetura e design como sinônimos

No livro Clean Architecture, Uncle Bob adota uma visão macro em que arquitetura e design são tratados como sinônimos.

Para ele, ambos referem-se a decisões que moldam o comportamento do software e influenciam sua estrutura geral.

Essa abordagem unificada se fundamenta na ideia de que arquitetura é o que determina a longevidade e a qualidade do sistema como um todo.

Uncle Bob argumenta que qualquer decisão que impacte a estrutura do software — desde como módulos se comunicam e quais padrões de design serão usados — pertence à arquitetura.

Assim, atividades como garantir a modularidade, a independência de frameworks e a separação de responsabilidades são simultaneamente decisões arquiteturais e de design.

Essa perspectiva simplifica o entendimento ao focar na relevância e impacto das decisões, independentemente de onde elas ocorram no processo de desenvolvimento.

A visão de Elemar Júnior: diferenças claras entre arquitetura e design

Já Elemar Júnior adota uma abordagem mais diferenciada. Ele enfatiza que: “Atividades relacionadas à arquitetura são sempre de design. Entretanto, nem todas as atividades de design são de arquitetura”.

Nesta perspectiva, a arquitetura se concentra em decisões de alto nível que garantem os atributos de qualidade, as restrições de alto nível e os objetivos de negócio do sistema.

Essas decisões são visíveis externamente e afetam a estrutura geral do software. Em contraste, o design foca em detalhes internos, como implementação de componentes e decisões locais que não impactam diretamente a visão externa do sistema.

Elemar sugere que a relação entre arquitetura e design é semelhante à teoria dos conjuntos: design está contido dentro da arquitetura.

Decisões arquiteturais frequentemente influenciam o design, mas nem todas as decisões de design têm impacto arquitetural.

Exemplos práticos para diferenciar arquitetura e design

  1. Arquitetura:

Imagine um sistema distribuído onde todos os logs precisam ser centralizados em um único local para facilitar a observabilidade.

Decidir que os logs serão armazenados em um banco de dados centralizado ou enviados para um sistema de gerenciamento de logs é uma decisão arquitetural.

  1. Design:

Dentro dessa mesma arquitetura, decidir que os logs devem ser exibidos no terminal durante o desenvolvimento, em vez de gravados em arquivos, é uma decisão de design.

Aqui, estamos no nível de implementação e configuração, longe da visão externa do sistema.

Exemplos práticos: pintura de um quadro

Um exemplo clássico usado por Elemar é o processo de pintura de um pôr do sol em um quadro:

  • Arquitetura: Determinar que o quadro será pintado com tinta a óleo, definir as dimensões da tela e estabelecer os limites da pintura são decisões arquiteturais. Elas moldam o contexto e restringem as opções.

  • Design: Decidir como misturar as cores ou como desenhar o reflexo do sol para obter o efeito desejado é design. Essas decisões são locais e específicas para o problema em questão.

Convergência e divergência entre as visões

Apesar das diferenças, ambas as visões convergem em um ponto importante: decisões de design e arquitetura são interdependentes.

Decisões arquiteturais muitas vezes forçam ajustes no design, e boas práticas de design podem reforçar os objetivos arquiteturais.

A divergência está no nível de abstração e no contexto:

  • Uncle Bob simplifica a distinção ao tratar design e arquitetura como partes de um todo, argumentando que a relevância das decisões é o que importa.

  • Elemar oferece uma visão mais granular, útil em contextos onde equipes diferentes trabalham separadamente em arquitetura e design.

Então mais uma vez, só para reforçar, quando falamos sobre arquitetura de software e design de aplicação, é comum encontrar diferentes interpretações, e isso faz todo sentido.

Afinal, a forma como enxergamos essas responsabilidades varia muito de acordo com o contexto do time e do projeto.

Em alguns cenários, a separação entre arquitetura e design é bem clara, enquanto em outros, as fronteiras entre esses dois conceitos se tornam mais nebulosas.

Contexto 1: times distintos para arquitetura e design

Em muitas empresas, especialmente em projetos grandes, existe uma divisão clara entre o time responsável pela arquitetura e o time que cuida do design de aplicação — termo que, por vezes, é intercambiado com design de software.

No entanto, há uma nuance entre design de aplicação e design de software que vale a pena comentar: enquanto o design de software foca nos detalhes internos, como organização de classes, métodos ou por exemplo, aplicação de princípios como SOLID para manter o código coeso e sustentável, o design de aplicação está mais ligado a como a aplicação atende aos requisitos funcionais e não funcionais, cuidando da experiência do(a) usuário(a) e dos fluxos de interação.

Em resumo, o design de software está relacionado à qualidade interna do código, enquanto o design de aplicação trata da funcionalidade e usabilidade do sistema. Mas como isso reflete na forma como os times se organizam?

O time de arquitetura geralmente foca em decisões de alto nível, como os padrões que o sistema vai seguir, as tecnologias que serão usadas e como os componentes vão se comunicar.

São eles que definem as bases que garantem os atributos de qualidade (escalabilidade, segurança, desempenho) e alinham o sistema com os objetivos do negócio.

Já o time que implementa o sistema — muitas vezes chamado de time de desenvolvimento ou de design de aplicação — é quem pega essas definições arquiteturais e cuida de como serão implementadas no dia a dia.

Eles vão decidir detalhes mais próximos do código, como organização de classes, estilo de componentes ou até ajustes pontuais para melhorar a usabilidade.

Essa separação de responsabilidades ajuda a criar especialização. O time de arquitetura pode manter um foco mais estratégico, enquanto o time de design e implementação trabalha diretamente na entrega de soluções.

Essa abordagem é comum em grandes empresas ou projetos complexos, onde a escala do trabalho exige essa divisão.

Contexto 2: times unificados

Por outro lado, em equipes menores ou projetos mais ágeis, não há espaço para essa separação. Aqui, o mesmo time é responsável por definir a arquitetura e implementar o design.

Nesse modelo, as decisões de alto nível e os detalhes da implementação estão intimamente ligados, e as mesmas pessoas lidam com ambos.

Essa unificação pode trazer vantagens, como maior agilidade na tomada de decisões e melhor alinhamento entre o que foi planejado e o que é implementado. Porém, também pode ser um desafio, já que exige que o time tenha habilidades tanto estratégicas quanto técnicas.

Separação de responsabilidades

Independente do contexto, o que realmente separa arquitetura e design é o nível de abstração e o impacto das decisões:

Diagrama comparativo mostrando o papel do arquiteto e do desenvolvedor no design de software.
  • Arquitetura lida com o "quê": quais são os padrões, frameworks e restrições que garantirão que o sistema atenda aos requisitos globais.
  • Design lida com o "como": como os detalhes do sistema serão implementados dentro dessas restrições e padrões.

A diferença é que, no primeiro contexto (times separados), essas responsabilidades são formalmente divididas, enquanto no segundo (times unificados), a separação é mais informal, mas ainda está presente.

Por que as duas visões fazem sentido?

Ambas as perspectivas — a unificada e a separada — são válidas porque cada uma reflete a realidade de diferentes tipos de projetos e organizações.

Em ambientes maiores, onde a complexidade exige especialização, a separação de times faz sentido para garantir eficiência. Já em projetos menores, a unificação otimiza recursos e promove flexibilidade.

No final das contas, o mais importante é entender o contexto em que estamos inseridos e alinhar as responsabilidades de forma que o time consiga entregar um software de qualidade, seja qual for o tamanho da equipe.

E, claro, ter clareza sobre o que é arquitetura e o que é design ajuda a evitar confusões e a tomar decisões mais conscientes ao longo do processo.

Conclusão

No fim, a diferença entre arquitetura e design depende muito do contexto. Em projetos grandes, faz sentido separar os times: um cuida da estratégia (arquitetura) e outro da implementação (design). Já em equipes menores, tudo se mistura, e o mesmo time assume as duas responsabilidades.

O que importa mesmo é entender o que cada um desses conceitos cobre e adaptar as práticas ao que funciona melhor pra equipe.

Arquitetura e design têm que andar juntos, seja na visão macro, seja nos detalhes, para garantir sistemas eficientes e que atendam às necessidades do negócio. E, claro, discutir essas diferenças só enriquece nosso trabalho!

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