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“As regras pelas quais nossa sociedade sempre operou estão começando a ruir.” — Melissa Valentine, Stanford Human-Centered AI
Vivemos um momento de transformação acelerada. No ambiente profissional, isso significa que as antigas certezas sobre carreira, formação e estabilidade estão sendo substituídas por uma nova lógica: a da adaptabilidade. Nesse contexto, surgem as chamadas surge skills, habilidades que podem ser adquiridas rapidamente e que respondem diretamente às novas demandas do mercado.
Mais do que acompanhar tendências, nas empresas, o processo de surge skilling é sobre liderar mudanças. Por exemplo, a procura por talentos com domínio em áreas como análise de dados, uso da inteligência artificial e marketing digital tem crescido de forma significativa. E quem consegue adquirir esse tipo de competência com rapidez, passa a ocupar posições mais valorizadas no mercado.
Para entender mais sobre esse conceito de aprendizado acelerado, neste artigo, vamos conferir como o surge skilling está moldando o futuro do trabalho, sua relação com a IA e como as pessoas colaboradoras e líderes podem fazer para se destacar nessa nova era.
O que é surge skilling?
Surge skilling se refere a capacitação acelerada das habilidades que ganham relevância repentina no mercado de trabalho devido a mudanças no cenário econômico, tecnológico ou social. Elas surgem como resposta a novas demandas e podem estar relacionadas, por exemplo, à adoção de tecnologias emergentes, mudanças regulatórias ou transformações no comportamento das pessoas consumidoras.
Essas habilidades não se restringem apenas ao campo técnico — podem incluir também competências comportamentais, como adaptabilidade, pensamento crítico e colaboração, ou mesmo o domínio de um novo software ou metodologia que se torna essencial em determinado setor.
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A McKinsey, por exemplo, utiliza a expressão skill skilling ao discutir a necessidade de desenvolver rapidamente competências relacionadas à inteligência artificial generativa. O termo reforça a ideia de um esforço empresarial ágil e direcionado para capacitar equipes diante de mudanças tecnológicas em ascensão.
Entretanto, de forma geral, o conceito de surge skilling, na prática, propõe uma abordagem diferente da tradicional: em vez de cursos longos e espaçados, adota-se treinamentos curtos, frequentes e focados em habilidades imediatamente relevantes e aplicáveis.
Essa abordagem tem como objetivo acelerar o aprendizado e garantir que as novas competências sejam rapidamente incorporadas à rotina das equipes. No dia a dia das empresas, segundo artigo “SXSW 2025: A obsolescência das competências”, isso se traduz nas práticas mencionadas abaixo.
Adoção de ciclos curtos e regulares de aprendizado, o que permite que as equipes adquiram e dominem rapidamente novos conceitos, ferramentas e métodos.
Promoção da interação entre diferentes setores, o que forma equipes multifuncionais que respondem com mais agilidade aos novos desafios.
Criação de uma cultura organizacional voltada à experimentação, onde o erro é visto como parte essencial do processo.
Uso de ferramentas de inteligência artificial, que facilitam e aceleram o processo de capacitação.
Como as surge skills se diferenciam das hard skills e soft skills?
As surge skills se diferenciam das hard skills e soft skills principalmente pela sua natureza temporária e contextual. Enquanto as hard skills são competências técnicas específicas, como saber programar ou falar outro idioma, e as soft skills são habilidades comportamentais e interpessoais, como empatia ou liderança, as surge skills surgem em resposta a mudanças rápidas e específicas no mercado.
Desse modo, é importante que fique claro que as surge skills podem envolver tanto aspectos técnicos quanto comportamentais, mas o que as define é sua capacitação acelerada e a relevância momentânea, impulsionada por transformações como o avanço tecnológico, crises globais ou novas regulamentações. Diferente das hard e soft skills, que tendem a ser mais estáveis e duradouras.
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Exemplos de surge skilling
Agora que você sabe o que é surge skilling, confira abaixo alguns exemplos de habilidades que esse conceito abrange.
1. Análise de dados
Com a grande massa de informações geradas diariamente, a capacidade de coletar, interpretar e tomar decisões com base na análise de dados tornou-se essencial para as pessoas que querem se manter competitivas no mercado. Isso porque empresas de todos os setores buscam por profissionais que saibam transformar grandes volumes de informação em insights estratégicos.
2. Inteligência artificial e machine learning
A rápida integração da IA nos negócios aumentou a demanda por quem compreende seus fundamentos e aplicações práticas. Saber utilizar algoritmos, treinar modelos e interpretar seus resultados tornou-se uma habilidade-chave em setores como marketing, finanças e indústria.
3. Gestão de mudanças
Em contextos de transformação digital ou reestruturações organizacionais, profissionais capazes de liderar ou facilitar mudanças são cada vez mais valorizados. Essa habilidade envolve comunicação eficaz, empatia e estratégias para engajar equipes diante de novos cenários.
4. Cibersegurança
Devido ao aumento das ameaças digitais e da dependência de sistemas conectados, proteger dados e garantir a integridade agora é uma prioridade. Por este motivo, profissionais que dominam práticas de segurança da informação são altamente requisitados para prevenir ataques e manter a confiança das pessoas usuárias.
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5. Comunicação digital
A modernização do ambiente de trabalho e da introdução do meio digital exige que os(as) profissionais saibam se comunicar de forma clara e estratégica em canais como redes sociais, e-mails e plataformas colaborativas. Neste cenário, a habilidade de criar mensagens eficazes e adaptadas é fundamental.
6. Sustentabilidade e ESG
Com o crescimento da preocupação global com questões ambientais e sociais, entender os princípios do ESG se tornou uma habilidade emergente. Empresas buscam profissionais capazes de integrar práticas sustentáveis em suas estratégias, fortalecendo a reputação e a responsabilidade corporativa.
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Lideranças e surge skills: quais as mais relevantes para altos cargos?
Para profissionais em altos cargos, como lideranças C-Levels, as surge skills mais relevantes estão ligadas à capacidade de navegar em cenários de transformação, tomar decisões estratégicas com rapidez e liderar equipes em ambientes incertos. Isso porque lideranças que dominam essas habilidades emergentes conseguem adaptar modelos de negócio, implementar novas tecnologias e manter a competitividade da empresa.
Entre as surge skills mais importantes nesse contexto estão a alfabetização digital estratégica, que permite entender e aplicar inovações tecnológicas com visão de futuro; a liderança adaptativa, essencial para gerir mudanças complexas e motivar equipes durante transições; e o pensamento sistêmico orientado por dados, que ajuda a analisar impactos em larga escala e tomar decisões baseadas em informações concretas.
Além disso, o domínio de temas ESG, como já vimos, se destaca, já que as empresas são cada vez mais cobradas por práticas éticas, sustentáveis e transparentes — e cabe à liderança guiar esse compromisso.
Vale destacar que as surge skills não substituem competências tradicionais, mas as complementam com uma visão dinâmica e atualizada das necessidades do mercado, o que torna a liderança mais preparada para o futuro.
Como as organizações podem promover o desenvolvimento de surge skills em seus times?
Um dos grandes desafios enfrentados pelas empresas atualmente é manter suas equipes preparadas para lidar com a capacitação acelerada e as transformações constantes no mercado.
Nos Estados Unidos, por exemplo, cerca de 52% das pessoas colaboradoras acreditam que suas lideranças não se importam com as questões dos seus liderados, segundo Angela Jackson, da Future Forward Strategies. Esse dado revela um possível distanciamento entre lideranças e equipes — o que pode dificultar a criação de ambientes favoráveis ao aprendizado ágil.
Nesse contexto, promover o desenvolvimento de surge skills torna-se uma estratégia fundamental. E para que as organizações acompanhem esse movimento, é essencial adotar ações práticas e contínuas, que abordamos a seguir.
1. Oferecer treinamentos atualizados
Para que equipes se mantenham preparadas diante das transformações do mercado, é essencial que as organizações invistam em programas de capacitação que acompanhem as tendências. Esses treinamentos devem abordar habilidades técnicas e comportamentais em ascensão — como análise de dados, uso de inteligência artificial e metodologias ágeis —, além de oferecem conteúdos atualizados e aplicáveis no dia a dia.
2. Incentivar a cultura de aprendizado ágil
Mais do que apenas disponibilizar treinamentos, é fundamental criar uma cultura organizacional que valorize o aprendizado constante. Isso envolve permitir que as pessoas colaboradoras aprendam de forma flexível, no seu próprio ritmo e conforme suas necessidades, como por plataformas digitais, trilhas de microlearning, podcasts e outros recursos dinâmicos.
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3. Criar jornadas de personalizadas
Cada pessoa dentro da organização tem desafios e níveis de responsabilidade diferentes. Por isso, é estratégico desenvolver trilhas de aprendizado personalizadas, alinhadas aos objetivos individuais e às competências exigidas em cada função.
Líderes, por exemplo, podem ser direcionados a conteúdos sobre inovação, pensamento sistêmico e tomada de decisão em cenários incertos, enquanto os membros das equipes podem se aprofundar em ferramentas e processos mais técnicos.
4. Estimular projetos multidisciplinares
É uma boa estratégia colocar profissionais de diferentes áreas para resolverem problemas reais em conjunto, pois isso acelera o desenvolvimento de habilidades emergentes e integra os times. Já que trabalhar em equipes multidisciplinares, com metas específicas e prazos curtos, permite que as pessoas participantes aprendam umas com as outras, além de promover a comunicação e práticas ágeis.
5. Acompanhar tendências e mapear competências
Manter um processo dedicado à identificação de tendências no setor da empresa é crucial para antecipar as necessidades de capacitação da organização. Ao mesmo tempo, é importante realizar avaliações internas para entender quais surge skills estão ausentes ou precisam ser fortalecidas nos times.
Dessa forma, esse mapeamento orienta investimentos em treinamentos curtos de forma mais estratégica e eficaz.
O futuro das surge skills e a inteligência artificial
O futuro das surge skills está diretamente ligado à velocidade com que o mundo se transforma. Vivemos em um cenário marcado por avanços tecnológicos contínuos, crises globais, mudanças climáticas e transformações sociais. Por conta disso, cada vez mais, o mercado exigirá profissionais híbridos — pessoas capazes de combinar competências técnicas e humanas com fluência tecnológica.
O domínio da inteligência artificial, por exemplo, será indispensável, não como substituto das capacidades humanas, mas como aliada estratégica para potencializar atributos como criatividade, pensamento crítico e tomada de decisões complexas.
“A IA está sendo usada por nós mesmo para substituir nossas capacidades mais humanas.” — Kasley Killam, Escola de Saúde Pública de Harvand
E mais do que simplesmente identificar quais são as habilidades do momento, o verdadeiro desafio do mercado será construir ambientes que favoreçam a aprendizagem contínua, a adaptação constante e a flexibilidade nas carreiras. Como já é possível notar, os planos de carreiras tradicionais estão sendo substituídos por trajetórias mais fluidas, em que reinventar-se várias vezes ao longo da vida será a nova norma.
Nesse cenário, as organizações que conseguirem identificar rapidamente as surge skills emergentes — e forem ágeis ao incorporá-las em seus programas de desenvolvimento —, vão conquistar uma vantagem competitiva significativa. Porém, isso demanda uma mudança de mentalidade: em vez de preparar profissionais para um futuro fixo, é preciso prepará-los para navegar pela mudança.
Do ponto de vista educacional, veremos uma valorização crescente de formatos de ensino mais curtos, práticos e voltados à resolução de problemas reais. MBA in company, plataformas de educação online e centros de inovação terão papel fundamental em oferecer conteúdos relevantes, acessíveis e atualizados. Assim, a colaboração entre empresas e instituições de ensino também será cada vez mais estratégica para garantir que o ritmo do aprendizado acompanhe o das transformações do mundo.
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