2012 é o ano do mercado mobile no Brasil
O mercado mobile está explodindo em todo o mundo, e no Brasil não é diferente. Saiba porque e como aproveitar as oportunidades.
É verdade que o Brasil já ultrapassou a marca de mais celulares que gente há algum tempo. Ainda em 2010, batemos a marca de 200 milhões de linhas. Desde então, o volume de linhas não pára de crescer, a ponto de já termos o nono dígito nos números celulares de SP a partir de Julho.
É verdade também que já desenvolvemos aplicativos para celulares há muitos anos. Só aqui na Caelum, oferecemos cursos de Java ME desde 2005 e Android desde 2010. Livros sobre desenvolvimento para celulares são bestsellers em todas as livrarias nacionais já faz tempo.
Apesar de tudo isso, eu acredito que 2012 será um ano particular para o mercado móvel no Brasil. Muita coisa está acontecendo agora nessa área. E o potencial é gigantesco.
Consumidores + ...
Uma pesquisa antiga - de fevereiro de 2011 - mostrava que 33% das pessoas já tinham smartphone e 20% tinha celular convencional avançado (com Wifi, GPS etc). 41% acessava a Internet no celular (83% entre os donos de smartphone!). 15% já tinha efetuado alguma compra via celular (63% entre usuários de iPhone!). Mais da metade das pessoas tinha um celular com menos de 6 meses de uso. E 40% das pessoas pretendia trocar de aparelho nos seis meses seguintes.
Recentemente, saiu a informação de que a venda de smartphones cresceu 179% em 2011 no Brasil. Muita gente ainda compra celulares convencionais, mas o preço médio do smartphone caiu 33% em 2011, facilitando a maior adoção. A banda larga móvel cresce assustadoramente e já ultrapassou a banda larga fixa há algum tempo.
O pessoal do Google Analytics divulgou que, só nos últimos 4 meses de 2011, o número de usuários mobile cresceu 40%. Mais: vem crescendo 2% por semana e eles prevêem um boom para 2012.
E, apenas para colocar os números em perspectiva: por dia, 370 mil novos seres humanos nascem no mundo todo. E, por dia, só de aparelhos Androids são novos 700 mil. E ainda temos mais 380 mil iPhones/dia. Se somar todos os smartphones e tablets, são 1 milhão e meio de novos aparelhos por dia, uma taxa de crescimento 4x maior que a da população mundial.
... + Governo
As novidades para 2012 atingem até políticas governamentais. Foram anunciados incentivos fiscais tanto para produção de tablets quanto de smartphones no Brasil. O iPhone 4 já é produzido no Brasil desde o ano passado e o iPad começou esse ano.
A tendência é que o preço dos aparelhos caia bastante ainda esse ano e que surjam smartphones a preços populares.
... + Aparelhos
Pela primeira vez, o Google trouxe para o Brasil um modelo da sua grife Nexus de celulares de ponta. É o primeiro modelo com Android 4.0 a chegar por aqui. Aliás, essa que é a versão do Android mais revolucionária lançada até hoje e que logo estará em diversos aparelhos novos e em updates para aparelhos já existentes.
No mundo Apple, cada novo lançamento quebra novamente recordes anteriores. A Microsoft e a Nokia lançam sua linha Lumia com Windows Phone no Brasil com bastante barulho.
E não é só de celulares e tablets que vive o mundo móvel. A chegada iminente da Amazon ao Brasil vai trazer uma revolução à parte no mundo dos ebooks e do comércio eletrônico. E, junto, vem o Kindle para a preços arrasadores. Inclusive o Kindle Fire, seu tablet barato com Android que conseguiu deixar o mercado americano de tablets de ponta cabeça no final do ano passado.
... + Novos comportamentos
O Google recentemente divulgou diversas estatísticas sobre a última edição do Super Bowl americano e o efeito nas buscas. Uma em particular me chamou a atenção: 25% de todas as buscas realizadas sobre o Super Bowl foram feitas em dispositivos móveis.
Mais: durante o jogo, provavelmente com a TV ligada, 41% das buscas foram feitas em dispositivos móveis.
Nas compras não é diferente. O pessoal do Google Adwords fez uma pesquisa que mostrou que 79% dos consumidores usam o celular no processo de compra - seja comparando preços, analisando opções etc. Mais: 70% da pessoas usam o celular quando estão dentro da loja física.
É uma imensa mudança de comportamento!
Usamos celulares a todo momento, e frequentemente para complementar uma experiência já existente. Juntamos mídias ao usar nosso dispositivo enquanto vemos TV e mudamos toda a lógica do comércio ao usar o celular para uma compra física mais informada.
O PayPal, especializado em pagamentos online, teve 141 milhões de dólares movimentados em transações via mobile em 2009. Esse número cresceu para 750 milhões de dólares em 2010 e para incríveis 4 bilhões de dólares em 2011!
O Facebook, maior rede social do Brasil e do mundo, teve 33% de todo o seu tráfego de 2011 originado em dispositivos móveis. No Twitter, incríveis 55% do tráfego foram em mobile em 2011.
\= Tremendas oportunidades
O mercado móvel está só no começo, sobretudo no Brasil.
Aquela pesquisa de 2011 sobre o consumidor móvel brasileiro, mostrava ainda que mais de 50% das pessoas desejavam que houvesse mais conteúdo móvel disponível. E 65% mostraram intenção de comprar um tablet.
Um estudo da Gomez em Julho de 2011, mostrou a gritante diferença entre as expectativas dos usuários mobile e a (ainda) triste realidade. 71% das pessoas esperam que um site móvel seja tão rápido quanto no Desktop mas para 46% a experiência foi de mais lentidão. E 57% das pessoas falaram ter tido problemas ao acessar sites em seus celulares.
São muitas oportunidades!
Para o Google, os imensos avanços de 2011 são apenas o começo da história do mundo móvel. E, eles falam também que 2012 será o grande ano de mobile.
Como atacar o mercado móvel?
Há basicamente dois caminhos: criar uma app mobile e criar um site mobile.
Apps
Apps dão uma excelente experiência para o usuário, por serem nativas e se integrarem muito bem com o aparelho. Existe a inconveniência da portabilidade - e mesmo você fazendo uma para iOS e outra para Android, não esqueça que existem zilhões de outros usuários (e 70% deles nem smartphone têm).
Jacok Nielsen, o papa da usabilidade, afirma que Apps dedicadas hoje provêem uma melhor experiência pro usuário. São mais integradas ao aparelho e conseguem minimizar as limitações com maior sucesso.
Mas talvez o ponto mais crítico para Apps seja o mais óbvio: elas precisam ser instaladas. Apps são ótimas para quem já é seu cliente, mas são uma barreira para converter novos clientes. Ninguém quer instalar uma nova App para cada empresa e serviço do mundo.
Aqui entra a Web mobile, uma área que eu particularmente vejo com muito potencial de crescimento.
E a conclusão daquele artigo do Jakob Nielsen sobre Apps serem melhores de UX hoje, é que a Web Mobile é bem melhor a longo a prazo e será a solução definitiva conforme os navegadores móveis forem evoluindo.
Web mobile
Muita gente acessa a Internet no celular e a maioria navegando por aí. E é péssimo abrir algum Site que não esteja otimizado para mobile. Mesmo nos smartphones mais modernos com telas maiores que permitem abrir sites normais, não há dúvidas que um site não otimizado para mobile traz uma pior experiência para o usuário. E isso prejudica suas vendas, trata mal potenciais clientes e até afeta negativamente sua marca.
Se quiser tirar uma lição desse post gigante e transformá-la em uma ação para esse ano, faça isso: crie já uma versão mobile do seu site.
E não é só para grandes portais ou redes sociais. É fato que as pessoas lêem muitas notícias em seus celulares e tablets, mas também lêem blogs e outros conteúdos. Também querem fazer compras online enquanto estiverem na rua. E querem receber um link qualquer por email ou Facebook e poder visualizá-lo no seu dispositivo. Querem apenas... navegar normalmente.
Todos os sites deveriam funcionar bem em dispositivos móveis.
Aqui você pode estar pensando no trabalho de criar uma versão nova do seu site para mobile. E que talvez não valha muito a pena o investimento, dado o (ainda) pequeno número de usuários. Mas você pode apenas adaptar seu site normal para todo tipo de dispositivo, como mostro nesse artigo sobre design resposivo.
Fizemos isso no site do Livro de Arquitetura Java da Caelum sem muito esforço. O chato é saber que, após ler sobre o livro em seu dispositivo, o usuário terá uma péssima experiência tentando comprá-lo caso não esteja em seu Desktop, já que as lojas virtuais brasileiras não estão prontas para o mundo móvel.
Mas é disso que trata esse post: despertar para a explosão do mundo mobile e incentivar que cada um faça sua parte para mudarmos o cenários mobile no Brasil.
E se você precisar de uma ajuda pra fazer Apps móveis, a Caelum têm cursos para Android e iOS. E nosso curso de desenvolvimento Web trata também de sites mobile. Além disso, tenho um livro focado em Web mobile, publicado pela editora Casa do Código.