100 dias de código e o Challenge Based Learning
Você está procrastinando seus estudos, seu aprendizado de uma tecnologia e nunca consegue terminar aquele projeto pessoal?
Você não está só.
Em vez de apenas Apps elaboradas, mecanismos de OKRs pessoais, pomodoros ou mapa mentais gigantescos, minha sugestão é: encontre um desafio.
O 100 dias de código é um desafio pessoal, que você pode se comprometer, a escrever código 1h por dia para atingir diversos objetivos. Esse modelo de Challenge é interessante, porém é aberto demais. Que problema estamos resolvendo? Qual a motivação para isso?
Mesmo o 30 dias de JavaScript, o 30 dias de Python, que são muito bem bolados, acabam focando bastante na linguagem e na tecnologia. Eu gosto de todos eles. Como ir além?
Challenges e Desafios como motores do engajamento
Em 2008, a Apple lançou um paper chamado Challenge Based Learning, dentro do projeto Apple Classrooms of Tomorrow.
"Challenge Based Learning é uma abordagem engajante multidisciplinar para ensino e aprendizagem que estimula alunos a tirar proveito da tecnologia para resolver problemas reais. É colaborativo e mão na massa, fazendo com que estudantes trabalhem com colegas, professores e experts na comunidade e no mundo para fazer boas perguntas, desenvolver conhecimento profundo em uma área, resolver challenges, ter iniciativa e compartilhar suas experiências."
Encarar um problema real, que ataque um grande problema da humanidade (ou da sua comunidade, do seu bairro, da sua família), é um motivador muito forte. Muito mais forte do que "praticar código por 100 dias". Mas podemos misturar tudo isso em modelos diferentes de desafios.
Ah! A Apple pensava muito em alunos do ensino médio e em um âmbito bem grandioso. Eu vou pegar a definição e o paper e moldar em diferentes tipos de desafios, que não necessariamente se encaixam no mecanismo de 'grandes ideias' que a Apple focou.
Tem modelos desafiadores que são um pouco mais exploratórios mas que definem bem o problema, como os do Kaggle em Data Science. Há outros extremamente específicos que trabalham algoritmos, como os do HackerRank e a Maratona de Programação, que eu tanto participei.
Sim, vale lembrar que o mecanismo geral se aproxima de Project Based Learning. Eu não diria que o artigo é revolucionário, longe disso. Mas eu gosto bastante dos pontos bem práticos que ele traz. Quem sabe ainda aplicar com Flipped Learning...
Um framework para engajar com desafios
O artigo da Apple nasceu com esse formato, onde começa com as grandes ideias e discussões até propor um desafio específico.
Um site foi criado para tentar ampliar o uso do Challenge Based Learning, gerando um modelo do framework mais redondo (literalmente :)):
São 3 os passos do ciclo:
Engajar: encarar problemas reais e definir bem o desafio a ser atacado. Um problema próximo do real vai ser sempre mais interessante que a ferramenta por si só.
Investigar: Depois de engajar no Challenge, você vai tomar a decisão de quais Learning Objects, recursos e atividades precisará para investigar as possibilidades: um curso, uma formação, um Alura+, um podcast, um video no youtube, um livro, uma discussão no fórum.
Agir: Essa investigação e estudo te levará para a ação! Decisão das melhores ferramentas e linguagens para então implementar código e design.
Claro, nem sempre tudo sairá redondo assim, mas acho que você entendeu a ideia. É um pouco do mecanismo que temos usado nas nossas imersões e gerado portfolios assim. Mas queremos ir bem mais longe.
Eu gosto deste mantra que aparece no ciclo: Documente, Reflita e Compartilhe
- Mantenha organizado tudo o que você está criando, codificando e produzindo
- Reflita sobre o projeto, grave um video explicando pontos interessantes. É uma forma incrível de reforçar aprendizado
- Compartilhe o projeto e publique suas descobertas e evoluções.
Há um PDF com detalhes do framework no site que nasceu dessa pesquisa.
A Alura e Challenge Based Learning
Nos próximos meses vamos lançar não apenas Challenges para vocês, como também incentivaremos um ecossistema completo!
Empresas, especialistas e cientistas vão trazer desafios, alguns maiores outros menores, para que possamos engajar e aprender técnicas, frameworks, linguagens e, acima de tudo, refletir sobre nossas escolhas.
Agradeço a toda equipe de Learning Sciences, didática e educação da Alura pelas revisões. Mesmo eu tomando cuidado para explicar por cima, arestas foram aparadas.