Como o Motion Design pode contribuir para a UX/UI

Como o Motion Design pode contribuir para a UX/UI
Cleyder Felipe de Araujo Santos
Cleyder Felipe de Araujo Santos

Compartilhe

Na maior parte das vezes em que usamos um aplicativo ou site, nos são mostradas animações ao longo do processo, por exemplo, quando estamos fazendo login em algum app e por engano colocamos a senha errada. Imediatamente o formulário fica vermelho ou começa a “chacoalhar”, indicando erro:

Animação mostrando senha digitada errada.

Essa breve animação aconteceu com o uso do Motion Design. Esse movimento foi construído a partir dos conhecimentos do design gráfico, parte substancial para a criação de telas e também no design UI.

Além do seu valor estético, essas animações têm diversas funções, que vão desde guiar e facilitar a experiência da pessoa usuária, até dar uma personalidade única para determinado app ou página da web.

Imagem que mostra animação na página de login de um app.

Fonte: Anastasiia Andriichu

Mas o que é de fato o Motion Design e por que o uso dele é importante no desenvolvimento em UX/UI?

Vem comigo que neste artigo você vai saber o que é, seus principais usos, quando usá-lo e também como torná-lo acessível em interfaces digitais. Vamos lá!

Motion Design: o que é

O termo “Motion Design” é uma abreviação de "Motion Graphics Design" e é a junção exatamente desses três elementos: o Motion Design usa os princípios do design gráfico para a produção de vídeos ou animações. Em outras palavras, é a combinação de gráficos que se movem.

O objetivo do motion design é mostrar as ideias de uma maneira visual para facilitar o entendimento da pessoa espectadora. Na maioria das vezes, sua finalidade é atingir um certo propósito de comunicação, intensificando a mensagem ou a história que será transmitida.

Gif com fundo azul claro, onde é mostrado uma roda do tempo em formato de relógio, que mostra épocas diferentes.

Fonte: Michał Leonczuk

O motion design ajuda no entendimento e fixação de um conteúdo para a pessoa espectadora, por isso seu uso é muito comum em vídeos informativos.

Sua técnica foi criada, inicialmente, com o intuito de ser usada apenas em desenhos e filmes. Contudo, com as constantes inovações, atualmente as empresas combinam esforços para criar a experiência da pessoa usuária adicionando motion ao design de produtos digitais, e hoje podemos encontrar uma variedade de usos do motion em aplicativos mobiles, sites e anúncios. É no que vamos nos aprofundar mais a partir de agora!

Imersão dev Back-end: mergulhe em programação hoje, com a Alura e o Google Gemini. Domine o desenvolvimento back-end e crie o seu primeiro projeto com Node.js na prática. O evento é 100% gratuito e com certificado de participação. O período de inscrição vai de 18 de novembro de 2024 a 22 de novembro de 2024. Inscreva-se já!

UI motion design: Motion e Interface

A interface do usuário (UI) é o ponto de interação e comunicação humano-computador em um dispositivo (por exemplo, você usando seu smartphone e os apps diariamente), e esse tipo de interação sempre vai produzir diversas ações e reações.

O motion design vem com o intuito de firmar e facilitar a conexão entre essas ações e a interação esperada de quem está usando um produto ou serviço digital.

As animações devem ser usadas para além de algo que apenas chame atenção. É preciso proporcionar uma boa experiência à pessoa usuária, como explicar uma lógica em um aplicativo e melhorar sua usabilidade, a fim de que ela entenda como interagir com a interface. Por isso é muito importante saber onde e por que integrar o motion na tela.

Confira a seguir alguns exemplos sobre os principais usos do motion UI, ou seja, em interfaces digitais.

Captar a atenção da pessoa usuária

O motion consegue fixar a atenção do usuário em uma área específica ou até mesmo desviá-la — isso dependerá da finalidade das animações que serão usadas e também do senso hierárquico.

Um bom motion design faz com que a interface seja mais previsível e navegável, colocando o foco em elementos específicos na hora certa e evidenciando o percurso que o elemento da tela faz.

Um gif de tela em um fundo amarelo, mostrando um player de música  com  várias transições de tela.

Fonte: Player de Música, por Ehsan Rahimi

Nesse exemplo, pode-se notar que animar um elemento traz facilidade em uma transição.

Além disso, as animações podem dar pista à pessoa usuária sobre o que está prestes a acontecer na interface. Vários elementos podem trabalhar juntos para chegar nesse fim.

Gif de tela,com o fundo azul, em que é mostrada uma seta branca indicando a ação que o usuário deve fazer na interface.

Fonte: Melvin

Nesse exemplo, a gente consegue perceber que há uma animação indicando a ação que devemos fazer (ler mais sobre o assunto, arrastando pra cima). Essas “pistas” ajudam na navegação e trazem clareza para algumas interações.

Confirmar ações

O motion reforça as ações que um usuário está realizando. Para cada ação ou botão clicado, existe uma oportunidade de usar o motion. As respostas visuais podem tanto melhorar a usabilidade da pessoa usuária quanto encantá-la.

Veja este exemplo clássico de animação, que acontece quando damos “like” em algo nas redes sociais.

Animação de um coração ficando vermelho e tremendo, indicando que curtiu algo.

À primeira vista, essas animações de feedback podem parecer que levam mais tempo do que apenas colocar uma mensagem confirmando a ação. Contudo, em alguns casos, essas animações tomam o lugar de simples respostas textuais, pois, além de serem melhores visualmente, podem também conseguir uma reação mais rápida do usuário e até se tornarem essenciais, como é o caso dessa clássica animação de like ou a de “senha negada”, que vimos no começo deste artigo.

Tornar a interface lógica

Mudanças na interface da pessoa usuária acontecem de forma rápida por padrão, o que normalmente traz empecilhos para usabilidade.

Classificado como “cegueira de mudança” — este é um estado que acontece quando a pessoa não percebe uma mudança repentina — quando uma página é recarregada, por exemplo. Por isso, assim como no mundo real, quando navegamos por produtos digitais, é necessário saber onde o usuário está, como ele chegou lá e como deve sair. Para isso, é preciso existir uma lógica espacial clara entre todos os componentes.

Gif de tela,com fundo branco, onde é mostrado uma animação de linhas  que guiam o usuario dentro da interface).

Fonte: Dribble

Animação com linhas que guiam o usuário para ação.

O Motion Design preenche os vazios de compreensão, definindo as relações espaciais entre a tela e seus elementos individuais. Isso ajuda as pessoas a se orientarem dentro da interface e a estabelecer conexões visuais, como no exemplo acima.

Agradar

O motion é uma ferramenta que consegue transmitir emoções e contar histórias. Quando trazido de forma precisa para uma interface, faz com que usuários e usuárias tenham uma experiência prazerosa, agradável e, acima de tudo, memorável. Injetando a dose certa de motion nas interfaces, conseguimos fazer com que as pessoas interajam com um produto que tem uma personalidade, o que traz força a uma marca. Às vezes o mais simples é o que faz essa conexão.

Adicionar detalhes agradáveis ajuda a pessoa usuária a se “esquecer” de que está interagindo com uma tela, tornando a experiência o mais tátil possível. Contudo, saiba que o principal desafio do Motion Design é evitar distrair usuários de algo que estão tentando fazer.

Gif de tela com fundo em cores terrosas, como marrom, onde é mostrado uma animação com ícones que se movem e agradam a pessoa usuária.

Fonte: Tubik Studio

Ícones animados na interface podem agradar às pessoas.

Quando usar Motion

É bem comum no mundo do design que as pessoas encontrem um framework, usem-no e comecem a produzir tudo de forma autodidata, sem primeiro conhecer os princípios e funções por trás daquilo que está fazendo – isso não é errado! Contudo, conforme a gente vai se aprofundando em uma área ou ferramenta, é normal que nos deparemos com as funções e finalidades daquilo que estamos produzindo.

E no UX/UI Motion Design não é diferente, aliás, aqui essas funções e finalidades estão presentes a todo momento durante a usabilidade.

Com isso, o motion surge no UI com a função de aplicar animações de forma criativa, a fim de conectar o usuário a uma experiência e não como uma manobra de distração dentro da tela, como já foi dito. Por isso, como primeiro passo, é importante entender quando a animação pode ser útil.

Dar suporte à usabilidade

Issara Willenskomer, autor do UX in Motion Manifesto, um manifesto que reinventa os 12 princípios do design para produtos digitais, menciona 4 formas em que o Motion Design pode dar suporte à usabilidade, são eles:

Expectativa – é sobre como os usuários veem as animações e quais reações são esperadas, se elas causam confusão ou atendem às expectativas. É também minimizar a distância entre o que o usuário espera e a sua experiência.

Continuidade – a continuidade fala tanto do fluxo que a pessoa usuária percorre quanto da consistência das animações ao longo da experiência.

Narrativa – é saber se a interação da pessoa usuária e os comportamentos que ela aciona têm uma progressão lógica.

Relação– fala em como os atributos estéticos, espaciais e hierárquicos dos elementos UI se relacionam e influenciam na tomada de decisões dos usuários.

Tornar a interface rápida e fluida

Atualmente as pessoas usuárias não querem somente informações rápidas, mas também eficientes, e o motion vem com o intuito de proporcionar isso às interfaces.

As transições têm um grande papel, pois se elas tomam muito tempo, os usuários e usuárias começam a perder o foco. É nesse momento que entra o uso do motion e das “easing transitions” — animações feitas com o intuito de fazer as transições parecerem mais naturais e suaves.

Além disso, o motion pode ser usado também em telas de carregamento, com a intenção de fazer com que a pessoa usuária não sinta essa etapa, chamando sua atenção com as animações.

Animações de transições suaves.

Animações de transições suaves.

Fonte: Outcrowd

Se conseguirmos chamar atenção durante esse tempo, estamos, na verdade, adicionando velocidade à interação e fazendo com que o usuário seja mais paciente.

Trazer uma experiência única

Incorporar o motion em seu processo de design é vital para ajudar usuários e usuárias a atingirem seus objetivos.

O motion conta histórias ao mostrar como seu design está organizado e o que ele pode fazer. Ao adicionar uma nova profundidade à interação, com animações divertidas e transições suaves, o motion também altera o design da interface do usuário, redefinindo a navegação e criando uma experiência única.

Gif de tela com fundo branco e outro representando o espaço, onde é mostrado uma animação com varias transições.

Fonte: Anton Skvortsov

Portanto, o ideal aqui é não complicar demais, pois o motion precisa solucionar um problema de forma prática e criativa!

Motion e acessibilidade

Sabemos que a acessibilidade digital refere-se a quão utilizável um site, aplicativo ou outra experiência digital é para todas as pessoas. Por isso, o motion como ferramenta digital também precisa ser acessível, – seu desenvolvimento e implementação deve ter como objetivo melhorar a experiência de alguns usuários, mas também considerar a experiência de quem não pode usufruir das animações.

Existem várias pessoas que não conseguem experienciar o motion, como aquelas que têm baixa visão ou usam um leitor de tela. Também há quem precise evitá-lo, como é o caso de pessoas com distúrbios vestibulares, que podem ter náusea, enxaqueca ou vertigem só de olharem uma animação.

Aqui vão algumas dicas para deixar seu motion acessível:

1) Evite os efeitos de parallax: o parallax na animação é um efeito ilusório que pode dar um senso de profundidade. Esse efeito pode causar desorientação e náusea, principalmente em pessoas com distúrbio vestibular.

2) Use gatilho nas ações: animações são mais interessantes quando vêm como resposta à interação do usuário na interface. Animações que se reproduzem automaticamente ou de forma inesperada, podem ser desagradáveis para muitas pessoas.

3) Mantenha a animação em foco: a animação deve ser usada para direcionar a atenção do usuário e ser o ponto de foco, garantindo que pessoas com baixa visão não se percam com várias informações.

4) Saiba usar cores: no design o uso de cores é essencial, contudo, é necessário saber o manuseio correto para não prejudicar a navegação da pessoa usuária.O essencial é usar uma boa constância de cores no seu projeto, isso diminui o esforço cognitivo e cria associações.

Outra dica é usar um bom contraste entre as cores e os elementos, mas sem exageros! Por isso, o ideal é o padrão mínimo de 4.5:1 segundo a WCAG (Web Content Accessibility Guidelines).

Animação com cores azuis, onde é mostrado uma pessoa e logo abaixo algumas configurações de contrastes sendo ajustadas para melhorar a acessibilidade.

Animação mostrando a diferença entre contrastes.

Fonte: Pablo Stanley

Conclusão

Neste artigo, vimos o conceito de motion design e como ele pode ser aplicado no desenvolvimento UX/UI para conseguir uma experiência única aos usuário e ajudar na usabilidade de um produto ou serviço digital.

Também vimos como integrar as animações de maneira eficiente e acessível sem causar distração às pessoas usuárias. Com isso, fica evidente a importância do uso do motion nas interfaces e também seus benefícios.

Se você gostou e quer aprender mais sobre Motion Design, ouça o episódio Profissão: Motion Design do podcast Layers Ponto Tech.

Além disso, aqui na plataforma da Alura temos uma variedade de conteúdos que vão te ajudar a mergulhar ainda mais nesse assunto! Aqui vão algumas sugestões:

Até mais!

Cleyder Felipe de Araujo Santos
Cleyder Felipe de Araujo Santos

Olá, faço design e amo inovar de diversas formas nos meus trabalhos, sempre aprendendo coisas novas e evoluindo. Amo a tecnologia e as oportunidades que ela proporciona.

Veja outros artigos sobre UX & Design