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Dia da mulher: a origem do oito de março, a primeira programadora da história e spoilers de um novo projeto

Dia da mulher: a origem do oito de março, a primeira programadora da história e spoilers de um novo projeto
Luísa Guimarães
Luísa Guimarães

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Que o dia oito de março é conhecido como o dia da mulher, você com certeza já sabe. Que muitas de nós ganhamos rosas e bombons na data, também.

O que você talvez ainda não saiba é a história por trás desse dia. Ou ainda que o primeiro código do mundo foi escrito por uma mulher.

Existe muito mais de conscientização do que de comemoração na origem do oito de março. Vamos conhecer a história de alguém que ilustra muito bem isso.

Ah! E tem mais: vou te dar um spoiler sobre o projeto Mulheres em Tech, uma iniciativa que vem aí para acabar de vez com aquela ideia antiga de que a área de tecnologia é dos homens.

Ao final deste artigo, você já vai ter vivido uma outra experiência neste oito de março - que vai muito além de rosas e outros clichês.

Dia da mulher: mais uma data comercial?

É muito comum encontrarmos por aí datas comemorativas que foram criadas a partir de interesses e necessidades comerciais. É o caso do dia dos namorados, por exemplo. Por isso, é um caminho natural imaginar que o dia da mulher tem uma origem parecida.

Ainda mais se pesquisarmos a respeito do lucro que setores da economia acumulam com a data - são milhares as flores e as cestas encomendadas anualmente.

Porém, não é bem por aí.

Registros mostram que o dia da mulher já é comemorado desde o início do século vinte na Europa e nos Estados Unidos, muito antes da oficialização da data por parte da ONU, em 1975.

Muito se fala sobre o incêndio da fábrica têxtil que ocorreu em 1911 na cidade de Nova York e tirou a vida de mais de 100 mulheres, escancarando uma realidade de más condições de trabalho - ainda piores quando se tratava do gênero feminino.

Com certeza é um episódio a se lembrar, mas as raízes são ainda mais profundas.

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Muita luta, muita mobilização e muita resistência

A verdadeira história do oito de março tem muito mais de resistência e luta por direitos do que qualquer coisa. Mulheres unidas, mobilizadas e na luta por direitos básicos. Uma história antiga, porém muito atual.

Tudo começou com diferentes grupos de mulheres operárias que passaram a reivindicar por melhores condições de trabalho.

A alemã Clara Zetkin é um nome fundamental quando pensamos no dia da mulher. Ativista, professora, feminista e política, ela foi a responsável por levar a discussão sobre a situação feminina para dentro do movimento sindical e socialista.

Retrato em preto e branco da política e ativista alemã Clara Zetkin

Ainda em 1891, criou a revista A Igualdade, escrita por mulheres e destinada a trabalhadoras.

Ao lado da também política e ativista, Alexandra Kollontai, ela propôs a criação de uma jornada anual de manifestações pelo direito de voto para as mulheres e melhores condições trabalhistas.

Dessa forma, o primeiro “dia da mulher” é datado em 19 de março de 1911.

Como foi escolhido o dia 8 de março

Mas por que então comemora-se o dia 8 de março?

A frase que usei ali em cima sobre “diferentes grupos de mulheres operárias” não foi escolhida à toa.

A origem do oito de março não foi escrita em linhas retas e definidas. Podemos pensar nelas como uma estrada, com vários caminhos e bifurcações que levam a um mesmo destino.

A origem alemã é um dos caminhos. Mas existem outros.

Em 23 de fevereiro de 1917, um grupo de operárias russas saiu em protestos nas ruas de São Petersburgo contra a fome e contra a Primeira Guerra Mundial, em um movimento que ficou conhecido como “Pão e Paz”.

Imagem das manifestações “Pão e Paz” na Rússia em 8 de março de 1917

Uma consequência dessas manifestações é a Revolução Russa, mas é importante ressaltar que o Dia da Mulher datado de 8 de março e reconhecido pela ONU, parte daí.

De 23 de fevereiro a 8 de março contam-se 13 dias, exatamente a diferença entre os calendários juliano (utilizado pela Rússia na época) e gregoriano (adotado na maioria dos países hoje).

Dessa forma, a data foi instituída como uma homenagem a uma mulher heróica e trabalhadora. Uma mulher forte.

Mesmo com o pontapé lá em 1917, foi somente 58 anos depois, em 1975, que a ONU decretou o Dia Internacional da Mulher, celebrando as conquistas políticas e sociais do gênero.

Imagem de uma manifestação de mulheres que seguram uma faixa escrito em inglês “Aliança Dia Internacional das Mulheres - 8 de março de 1975”

E falando em conquistas… você já ouviu falar no nome de Ada Lovelace?

A história da primeira programadora do mundo. Sim, é uma mulher!

O primeiro código do mundo foi escrito por uma mulher. Ou melhor: o primeiro código do mundo foi escrito por uma mulher lá no século dezenove.

Continue lendo para conhecer essa história.

Ada Lovelace nasceu em 1815 na Inglaterra, filha de uma brilhante matemática, Anne Isabella Byron, e um famoso poeta, Lord Byron. Sua trajetória familiar não é tão diferente da de muitas de sua época: foi abandonada pelo pai quando ele descobriu que teria uma filha, e não um filho.

Retrato de Ada Lovelace, a primeira programadora da história

Foi educada nas ciências exatas, e sua mãe fez de tudo para mantê-la longe da poesia. Dizem que Ada chegou a escrever para Anne: “Se você não pode me dar poesia, pode me dar ciência poética?”.

E foi nessa área que se dedicou.

Conheceu e trabalhou com o cientista Charles Baggage, hoje chamado de “pai do computador” pela invenção da Máquina Analítica.

Dessa forma, mergulhou nos estudos sobre a invenção, entendeu que as máquinas teriam uma capacidade de processar informações através de sequências numéricas e escreveu o primeiro algoritmo da história.

Primeiro algoritmo da História.

Tudo isso enquanto vivia em uma sociedade que não considerava mulheres como intelectuais, crescia sem a presença do pai e era constantemente questionada por outros estudiosos.

Augustus de Morgan chegou a escrever para a mãe de Ada que, “apesar das habilidades da jovem, as mulheres não eram capazes de aprender, por não terem a mesma força dos homens”. E ela arranjou um jeito incrível de provar o contrário!

Como muitas pioneiras por aí, Ada só teve o seu trabalho reconhecido depois da sua morte. Mais precisamente, quase um século depois.

Ela morreu em 1852, vítima de um câncer no útero. Suas notas foram publicadas em 1953, quando a máquina analítica foi aceita como o primeiro modelo de um computador.

Hoje são muitas as homenagens. Existe o Dia de Ada Lovelace, celebrado em 12 de outubro, e a linguagem de programação Ada, que leva o nome da matemática.

Agora eu tenho uma proposta: que tal fazer deste oito de março diferente e compartilhar esses novos conhecimentos com alguém?

Vem aí: mais histórias, pioneiras e #MulheresEmTech

Para fechar, vou te contar sobre o projeto Mulheres em Tech, que estou desenvolvendo em colaboração com outras mulheres incríveis.

A partir deste mês, você vai encontrar aqui no blog da Alura um artigo mensal relacionando mulheres e tecnologia. Assim, a gente garante que este assunto, tão importante, renda para muito além do mês de março. Pode esperar por dicas, listas e muito conhecimento!

Essa iniciativa surge da necessidade de dar mais voz e espaço para mulheres na tecnologia e valorizar e divulgar conteúdos feitos por mulheres. Queremos acabar de vez com o mito de que a tecnologia é uma área para homens.

Um dos nossos valores mais importantes enquanto grupo é a diversidade. E essa é só mais uma das ações para garantir isso.

Nossos dados comprovam: 53% das colaboradoras da Alura são mulheres e 51% das nossas cadeiras de lideranças também são ocupadas por nós - estamos, e podemos estar, onde quisermos!

Luísa Guimarães
Luísa Guimarães

Em busca de grandes aprendizados em diferentes áreas!

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