Difundindo a cultura de UX dentro da minha empresa
Há uns meses dei uma turma de UX aqui na Caelum e uma aluna de Brasília chamada Keyle Barbosa buscava ferramentas e práticas para tentar aplicar no cotidiano de sua empresa.
E como esse é um desafio bem comum, achei que seria bacana ela compartilhar essa história com a gente.
O post a seguir é dela, contando como foi o começo do processo de difundir UX em sua empresa.
Na empresa onde trabalho (uma empresa de tecnologia da informação do governo), há algum tempo a equipe de design da qual faço parte sentia a necessidade não só de se aprofundar mais em UX, como também de difundir dentro da empresa a cultura de projetar tendo o usuário no centro do processo.
Essa questão se acentuou mais ainda com a adoção do método ágil pela empresa. Era um momento propício para que nós, designers, nos reposicionássemos dentro do time, contribuindo desde as etapas iniciais e mais estratégicas do projeto.
O principal obstáculo: cultura
Sabemos que além dos designers, todo o time deve conhecer as pessoas para quem se está projetando. A falta de cultura de UX em grande parte da empresa era um obstáculo para fazermos com que a equipe considerasse o usuário nas decisões de projeto.
Com tempo, muito trabalho e esforço, nós, designers, fomos conseguindo aplicar algumas práticas como card sorting, testes de usabilidade, design sprint, entre outras, dentro dos projetos. Pela falta de experiência, no começo, nem sempre acertávamos na aplicação dessas técnicas, mas ainda assim conseguimos alcançar bons resultados junto aos clientes e aos poucos fomos ganhando apoio da empresa para nos capacitarmos mais.
A solução: ir atrás de conteúdo prático
Foi então que surgiu a oportunidade fazer o curso de UX da Caelum. O curso todo é excelente, mas pra mim, foi especialmente valioso poder conhecer e praticar mais os kanbans e a parte mais estratégica do projeto, que eu sentia necessidade de me aprofundar.
O mais legal desse curso é que os conceitos e técnicas são ensinados naturalmente e na prática, através de um projeto mobile que cada grupo da turma desenvolve ao logo do curso. A didática é tão boa, que serviu como um excelente modelo para repassar e compartilhar o conhecimento para outras equipes.
Isso nos ajudou muito a continuar a difusão de UX na empresa. O mais bacana de compartilhar conhecimento é que você sempre aprende muito com a experiência.
O primeiro teste: workshop de UX com a equipe de requisitos
A primeira turma que treinei foi uma equipe de analistas de requisitos que estavam envolvidos num projeto bastante grande e complexo envolvendo comércio exterior.
Neste workshop, cada grupo desenvolveu um projeto de aplicativo, onde além do conceito de UX, foram aplicados:
- Kanbans de UX (UX Canvas, 360 view)
- Pesquisas com usuários
- Proto personas
- Dinâmicas da Design Sprint (crazy 8´s, storyboard e votação silenciosa)
- Construção e priorização de histórias do usuário
- Prototipação e testes com usuários
Apesar do pouco tempo para tanto conteúdo, o feedback que recebi dos participantes foi que eles puderam perceber a importância das decisões do projeto serem centradas também no usuário, e não só no que o cliente quer, nos objetivos de negócio e na viabilidade técnica, e como fazer isso na prática.
A priorização do backlog, por exemplo, nem sempre era feita dessa forma, e a forma de priorização do curso ajudaram a visualizar uma maneira de melhorar para isso. A dinâmica dos Crazy 8´s foi bem divertida e ajudou a mostrar como é importante passar as ideias para o papel sem se preocupar muito com a qualidade do desenho, antes de ir para o computador.
Outra prática que foi apreciada foi a votação silenciosa da design sprint, pois nem sempre as melhores ideias são escolhidas porque seus donos muitas vezes evitam entrar em discussões ou argumentações com outras pessoas.
Por outro lado, também houve muitos questionamentos sobre a aplicação dessas técnicas dentro da realidade dos projetos, onde inúmeros obstáculos nos impedem de conhecer os usuários e aplicar essas metodologias, principalmente numa empresa muito grande que não tem ainda a cultura de projetar com o usuário no centro estabelecida.
Uma lição aprendida?
"A difusão de UX é gradual.”
Todos reconheceram que construir essa cultura é um processo gradual que devemos construir juntos. Por enquanto, nos cabe nos esforçar para aplicar o máximo que pudermos, dentro da nossa realidade, qualquer conhecimento, técnica ou metodologia que contribua para um produto de melhor qualidade para as pessoas.
Acredito que isso vai gerar resultados cadas vez melhores, contribuindo para a formação de uma cultura onde a experiência do usuário não é responsabilidade somente dos designers, e sim de todos os envolvidos no projeto.