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Domain-Driven Design no Falando em Java 2008

Domain-Driven Design no Falando em Java 2008
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No Falando em Java 2008, apresentei uma palestra introdutória sobre Domain-Driven Design. Apesar do tempo curto, os comentários foram ótimos! Muito obrigado a todos os que comentaram: pessoas no evento, blogs e GUJ. Falar de DDD em 40 min foi meu maior desafio e acabou faltando um pouquinho de tempo no final, mas deu para passar a mensagem.

Domain e Ubiquitous Language

O ponto fundamental do DDD é o primeiro D, o Domain. Tudo gira em torno desse tal de Domínio. O domínio é, em poucas palavras, o problema que queremos resolver com o programa que estamos desenvolvendo. Alguém (um cliente) tem um problema na área de atuação dele (geralmente nada a ver com informática) e contrata uma equipe de programação para ajudá-lo (nós :).

Segundo o DDD, é impossível resolver esse problema satisfatoriamente sem entender direito o que acontece no domínio do cliente. Não basta os desenvolvedores saberem mais ou menos: é necessário entrar fundo no domínio do cliente.

Mas é claro que nosso objetivo não é se tornar um especialista completo na área do cliente, mas apenas compreendê-la. A palavra-chave para isso acontecer é Conversa. Conversa constante e profunda entre os especialistas de domínio e os desenvolvedores.

Aqueles que conhecem o domínio em detalhes devem conversar com aqueles que conhecem programação em detalhes. Juntos, tentarão chegar a uma língua comum em que todos consigam se entender e que será usada em todas as conversas. É o que o DDD chama de Ubiquitous Language: uma língua baseada nos termos do domínio, não totalmente aprofundada neste, mas suficiente para descrever o problema satisfatoriamente.

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Construção do Domain Model

Durante a conversa constante, todos juntos chegarão a um consenso sobre o Domínio. Os especialistas de domínio eventualmente criarão simplificações para facilitar a conversa; e os desenvolvedores podem introduzir conceitos técnicos simples.

Com isso, todos criam um modelo do domínio. É uma abstração do problema real, desenvolvida em conjuntos pelos especialistas do domínio e desenvolvedores. No DDD, é chamado de Domain Model.

É esse modelo que os desenvolvedores vão implementar em código. Literalmente. Item por item, como foi acordado por todos. Será desenvolvido um código limpo, com palavras do domínio, que representa, na programação, o domínio em discussão.

Usando DDD, seu programa orientado a objetos deve expressar a riqueza do domain model. Qualquer mudança no modelo (e, acredite, isso é muito comum) deve ser refletida imediatamente no código. Se algo do modelo torna-se inviável de se implementar tecnicamente, não se faz um "ajustezinho" no código; o modelo deve ser mudado para ser mais fácil de se implementar.

Ou seja, sempre seu código será expressão do modelo, que por sua vez é baseado totalmente no domínio.

Implementando o Domain Model

O DDD define uma série de patterns para facilitar a implementação do modelo em código. Mas, com absoluta certeza, esse não é o ponto principal do DDD. São apenas ferramentas que facilitam essa implementação.

Na palestra, mostrei alguns patterns de forma bem simples e rápida, como Entity e Value Object. E mostrei o tão discutido, debatido e mal-compreendido Repository.

O cliente descreve ao desenvolvedor o seguinte problema: "preciso saber todos os peixes que são da cor azul". (na palestra, usei o exemplo de uma loja de peixes) Para o cliente, é natural em seu domínio, que se consiga "buscar" coisas. A idéia é recuperar "objetos" do domínio (entities) previamente conhecidos, baseado eventualmente em algum critério.

A noção de repositório surge justo dessa necessidade: chegar nos objetos de conhecimento do domínio. Na palestra, eu levantei a questão de que o nome repositório não deve ser algo interno ao código, mas deve fazer parte da Ubiquitous Language, deve aparecer nas conversas e no Domain Model. Ou seja, repositório deve ser um conceito que o especialista de domínio também entende e, por que está no Model, é ele que vai para o código.

Não há problema em trazer palavriado técnico para a Ubiquitous Language, desde que o príncipio da UL seja mantida: todos entendem o conceito. E, se, eventualmente, no contexto do domínio sendo tratado, outro nome faça mais sentido que repositório, esse nome deve ser usado (mesmo que nós técnicos saibamos que no fundo aquilo é um repositório).

Repositório como interface? Classe concreta delegando? DAO implementa Repository? Tanto faz. Um outro ponto fundamental do DDD é: nada tem resposta definitiva. Se você entende a questão toda do Domain Model e aplica essa noção na programação, pode usar diversas formas diferentes de implementar tudo isso.

Na palestra, eu representei o Repository como uma interface dentro do Model. E a implementação (que, do ponto de vista do DDD, não importa) era um DAO com Hibernate na camada de infraestrutura.

Concluindo

Meu ponto principal na palestra foi mostrar a Ubiquitous Language e o Domain Model, que são o coração do DDD. Vou escrever um segundo artigo com códigos e mais comentários da palestra, mas paro esse artigo gigante por aqui.

Termino linkando para um excelente post do Philip Calçado que ele publicou essa semana (parece até que combinamos) sobre DDD falando justo que o que conta no DDD é o Domínio e não os Patterns. Ele conta uma historinha de um projeto onde todos "entendiam" DDD, usavam Repositórios, Entities etc, mas infelizmente não falavam a mesma língua do domínio.

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