Como conseguir o primeiro emprego em programação em 2024

Como conseguir o primeiro emprego em programação em 2024
Beatriz Coelho
Beatriz Coelho

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Antes de mais nada, é importante dizer que não está nem perto da hora de a tecnologia recuar. Pelo contrário, as soluções tecnológicas estão vindo com força em todas as áreas.

Só para ter uma ideia, de acordo com a Forbes, 75% das empresas vão incorporar novas tecnologias nos próximos 5 anos.

A IDC Predictions Brazil 2024 chegou à mesma conclusão: a previsão é que o setor de TI cresça 12% em 2024.

Inclusive, o Guia Salarial 2024 da Adecco constatou que, na área de tecnologia, a profissão mais requisitada do ano será a de pessoas programadoras.

Assim, a tendência é que, como as pesquisas apontam, as empresas busquem, cada vez mais, por talentos da área da inovação, desenvolvimento e IA. É por isso que se preparar é tão importante.

Se você tem dúvida se o mercado de tecnologia está em baixa ou ainda não tem certeza se é uma boa opção para você, não se preocupe.

Assim como em todas as áreas, você precisa ter dedicação e comprometimento para ingressar na tecnologia. Mas nós vamos te ajudar.

Diante desse contexto, é possível que surjam questões importantes para quem está começando a programar, mas a principal é: “como conseguir o primeiro emprego?

A verdade é que não existe uma única resposta para essa pergunta. Mas nesse artigo vou trazer alguns caminhos que podem te ajudar a traçar um caminho interessante.

Para isso, vou contar com a ajuda de três pessoas especialistas na área de recrutamento na área de tecnologia:

  • Lai Chirolli, IT Talent Acquisition Senior Specialist na Lean Tech, uma empresa colombiana que atende clientes dos Estados Unidos.

  • Isabela Schnorr, Senior Technical Recruiter no Nubank.

  • Francisco Freitas, Tech Recruiter na Alura.

Mas, antes disso, se você gosta de podcast, vai gostar desse episódio do Hipsters Ponto Tech, em que Paulo Silveira, CEO da Alura, recebeu Dionatan "Dio" Simioni, Leonardo Formigon, Fabrício Carraro, Guilherme Lima e Mário Souro para falar sobre os desafios de conseguir o primeiro emprego:

Ouvir um pouco de:
Primeiro Emprego em Tech: Dicas – Hipsters Ponto Tech #391

Então, vamos lá? :)

Como fazer um currículo para o primeiro emprego

Fazer um currículo pode ser um grande desafio para quem está começando. Afinal de contas, você ainda não tem muitas experiências e fica em dúvida do que vale a pena (ou não!) escrever.

Pensando nisso, Isabela Schnorr, Tech Recruiter no Nubank, estruturou algumas dicas importantes para montar seu currículo e chamar a atenção dos times de recrutamento:

Inclua projetos pessoais

Não é exagero dizer que a melhor forma de começar é simplesmente começando a fazer. Na área de programação, essa regra funciona muito bem.

Coloque em prática o que você está aprendendo em um projeto pessoal — o seu currículo não precisa ter, necessariamente, apenas projetos empresariais.

Essa dica tem duas implicações principais. Em primeiro lugar, você aprende a fazer. E, depois, já vai ter informações para incluir no seu currículo.

A “inclusão de projetos, como desenvolvimento de aplicativos, websites ou contribuições para projetos de código aberto, é extremamente valiosa”, explicou Isabela.

Além de demonstrar as habilidade técnicas da pessoa, esses projetos também mostram outras características importantes como, por exemplo, a criatividade e a capacidade de completar projetos do início ao fim.

Escreva detalhes sobre os cursos e as certificações

As pessoas que estão fazendo uma faculdade devem colocar detalhes sobre o seu curso. Especialmente se for em campos relevantes para a tecnologia, como Ciência da Computação, Engenharia de Software ou área afins.

Além disso, colocar certificações de cursos da área de tecnologia ou metodologias de desenvolvimento (como Agile e Scrum) podem destacar o currículo.

Não deixe de fora os estágios e as experiências relevantes

Por fim, mesmo que para pessoas que estão buscando o primeiro emprego, é importante incluir experiências como estágios, trabalhos voluntários em projetos de tecnologias ou participação em hackathons e competições de programação.

Na concepção de Isabela, essas experiências são “indicativos de experiência prática e engajamento com a área”.

O que colocar no “objetivo” do currículo para primeiro emprego

Para Francisco Freitas, Tech Recruiter na Alura, é importante colocar a área que deseja atuar: “se a pessoa já tem clareza sobre qual área de tecnologia quer atuar, é interessante colocar de uma forma bem direta”.

Então, por exemplo, pode colocar “Desenvolvedor Java”, “Programadora Front-end”.

É uma medida simples mas que ajuda bastante a direcionar as escolhas das pessoas recrutadoras e encaminhar os currículos para a vaga certa.

E mais do que colocar no currículo, esse também é um direcionamento importante para a carreira.

Sem dúvidas, em um primeiro momento, explorar todas as áreas é muito importante. Mas, assim que você se identificar com alguma área, é fundamental se aprofundar nela.

Isso significa entender bem os conceitos fundamentais dessa área. Comece com a lógica de programação e, depois, se aprofunde nos conceitos: quais são os fundamentos de front-end, frameworks e bibliotecas, fundamentos de back-end, como funcionam os algoritmos e daí por diante.

Esses conceitos são fundamentais para construir a base do seu conhecimento. Depois disso, vai ficar mais fácil compreender conceitos e projetos mais complexos.

O que chama mais atenção em um currículo?

Nesse ponto, pode surgir uma dúvida: “como, afinal, criar distinção para destacar o seu currículo, dentre tantos outros?

Lai Chirolli, Talent Acquisition Senior Specialist na Lean Tech, listou pontos que chamam atenção em um currículo:

  • Consistência e foco – é importante perceber que a pessoa está focada em uma área de tecnologia e que tem uma trajetória de estudos e dedicação consistente.

  • Tempo na tecnologia – não é o tempo de experiências em empresas que chama mais atenção, mas o tempo que a pessoa está trabalhando ou estudando uma tecnologia específica.

  • Interesses e cursos – em uma pesquisa no LinkedIn é possível entender quem a pessoa segue e quais são os seus interesses.

Banner promocional da Semana Carreira Tech, organizada pela Alura e FIAP. Texto: 'Descubra como graduações tech estão transformando o futuro. Cinco lives gratuitas para você mergulhar nas áreas mais transformadoras da atualidade, desde o que se estuda nas graduações até a prática do mercado. Garanta sua vaga de 01 a 05 de julho.' Imagem de profissionais usando equipamentos tecnológicos avançados, como óculos de realidade aumentada. Botão destacado com a chamada 'Garanta sua vaga'. Logotipos da Alura e FIAP no canto superior direito.

O que mais chama atenção em uma entrevista de emprego?

Em uma entrevista para o primeiro emprego em tecnologia, espera-se que a pessoa estude e entenda bem a descrição da vaga.

Então, um grande diferencial, na percepção de Lai, é que a pessoa mostre que sabe o que a empresa está precisando e aponte quais pontos da sua jornada ou de seu perfil comprovam que ela pode suprir essas necessidades.

Ou seja, muito além de só mostrar suas habilidades técnicas, é importante que a pessoa saiba comunicar de forma eficaz sobre suas motivações, sua história pessoal e seu compromisso com aprendizado contínuo.

Como se preparar para uma entrevista

Sendo assim, Isabela nos ajudou a estruturar um passo a passo para se preparar para uma entrevista:

Leia a descrição da vaga

Esse é o primeiro passo: ler a descrição da vaga com atenção e entender quais são as habilidades técnicas e as soft skills que a empresa está buscando.

Pesquise os conceitos e os termos que você não conhecer. Mesmo que, provavelmente, você não tenha essa habilidade, é importante ficar por dentro e colocar na rota de planejamento.

Prepare o espaço com antecedência

É provável que a entrevista seja remota. Então, prepare o ambiente com antecedência.

Tenha certeza de que a imagem da câmera vai mostrar um ambiente limpo e organizado. Prepare a iluminação e os equipamentos eletrônicos.

Nem sempre nos preocupamos com esses detalhes. Afinal de contas, estamos em casa e tudo pode acontecer.

Mas isso pode ajudar muito a diminuir a ansiedade, principalmente se algum probleminha técnico acontecer.

Pesquise sobre a pessoa que vai te entrevistar

Se for possível, procure informações sobre quem vai te entrevistar no LinkedIn. Conhecer um pouco mais sobre a pessoa, pode te ajudar a construir conexão na conversa e criar um ambiente de proximidade favorável.

Estruture sua apresentação

É muito provável que a pessoa queira saber sobre a sua história. Então, prepare uma introdução sobre si: conte como você se interessou pela tecnologia, os desafios que já enfrentou e por que tem interesse na vaga.

Preparar essa apresentação com antecedência vai melhorar sua capacidade de comunicar sua trajetória e mostrar capacidade de síntese.

Mapeie seus principais projetos

Estruture a apresentação dos projetos que você já fez, quais foram as suas contribuições e o que aprendeu com essas experiências.

Prepare respostas para perguntas frequentes

É provável que a pessoa repita algumas perguntas comuns em entrevistas. Você pode se antecipar e ensaiar essas respostas.

Para ficar por dentro das perguntas mais frequentes, você pode usar inteligência artificial, como ChatGPT ou Gemini como um aliada.

Você, inclusive, já deve saber que uma das perguntas comuns é por que você quer fazer parte da empresa. Por isso, pesquise sobre a cultura, os produtos, a missão e as oportunidades de crescimento na organização.

Expressar como suas expectativas profissionais se alinham com os objetivos da empresa não apenas mostra que você fez sua lição de casa, mas também que tem uma motivação para contribuir para o sucesso do time.

Demonstre sua busca constante por conhecimento

Ter disposição para aprender constantemente é uma qualidade muito importante na área de tecnologia.

Por isso, sempre que possível, destaque sua participação em cursos, eventos, meetups, hackhtons.

Isso demonstra proatividade, engajamento com a área e seu compromisso com seu desenvolvimento.

Por onde começar a procurar o primeiro emprego?

Essa resposta foi unânime. Para as três pessoas recrutadoras, atualmente o LinkedIn é a maior rede social de trabalho e também o melhor lugar para buscar vagas de emprego.

Em segundo lugar, outra forma de encontrar boas vagas é explorar o networking, conversar com colegas e amizades e falar sobre o desejo de atuar em projetos. Para isso, vale a pena participar de grupos e comunidades de tecnologia no Discord, no WhatsApp e no Telegram.

Além do mais, você pode encontrar vagas nos próprios sites das empresas e das plataformas de emprego como, por exemplo, Indeed e Infojobs.

Habilidades técnicas mais requisitadas pelas empresas de tecnologia para cargos de juniores

Para as posições de nível júnior, a empresa não espera que as pessoas candidatas tenham conhecimento e experiência de forma profunda em nenhuma tecnologia.

No entanto, Isabela explica que é essencial que tenham, pelo menos, conhecimento básico nas seguintes frentes:

  • Fundamentos de computação: estrutura de dados, algoritmos, lógica de programação e princípios de engenharia de software.

  • Linguagens de programação: é interessante que o candidato já tenha tido contato com alguma linguagem de programação, como por exemplo, JavaScript, Python, Java, C#, etc.

  • Banco de dados: ter compreensão dos princípios de banco de dados relacionais (como MySQL ou PostgreSQL) e não relacionais (como MongoDB).

  • Controle de versão: ter experiência com sistemas de controle de versão, como Git, é bastante importante.

  • Cloud: já ter iniciado os estudos ou ter experiência com cloud é um super diferencial (principalmente AWS, Azure ou GCP)

  • Metodologias Ágeis: entendimento de metodologias ágeis, como Scrum ou Kanban, pode ser um grande diferencial, já que muitas equipes trabalham com esses frameworks.

Para pessoas que estão buscando posições em Front-end, são fundamentais habilidades em HTML, CSS e frameworks de JavaScript como React e Angular.

Soft skills

Esse é um ponto fundamental. De acordo com o Global Trends Report do LinkedIn, 92% das pessoas recrutadoras consideram as soft skills tão ou mais importantes que as hard skills.

Ou seja, não basta que você tenha as melhores habilidades técnicas, se não desenvolveu bem as habilidades comportamentais.

Então, principalmente você que está começando a desenvolver conhecimentos e habilidades técnicas, é fundamental focar em mostrar suas soft skills.

Nos processos de recrutamento e seleção que faz, Francisco procura pessoas que demonstram que têm autonomia, confiança, colaboração, facilidade em falar e ouvir e pé no chão.

Lai acrescenta que chama sua atenção pessoas que conseguem se aprofundar, de forma ampla e segura, no que estão falando. Ou seja, que demonstrem embasamento e boa comunicação.

Além disso, é importante que a pessoa mostre que tenha uma visão sobre sua jornada profissional, que tenha clareza por que e para onde está indo.

Na sua visão, Isabela explica que, para posições de nível júnior, mais do que em qualquer outra, é o momento de absorver conhecimentos e aprender o máximo que puder.

Por isso, é essencial que a pessoa desenvolva a habilidade de aprender novos conceitos e tecnologias de forma rápida e eficiente e esteja aberta para receber feedbacks (positivos e construtivos).

Afinal de contas, essas habilidades permitem que as pessoas ajustem seu comportamento para se alinhar melhor às expectativas da equipe e aos objetivos do projeto.

Por fim, mostrar iniciativa e a vontade de assumir responsabilidades é um ponto que faz com que pessoas se destaquem.

Isso demonstra “não apenas entusiasmo e comprometimento, mas também a capacidade de antecipar necessidades e agir de forma independente para contribuir positivamente para os objetivos do time”, explicou.

Dicas para quem está procurando o primeiro emprego em tecnologia

Por fim, aqui estão algumas dicas para quem está procurando o primeiro emprego em tecnologia:

Comece seu portfólio

É importante criar um portfólio a partir dos projetos em que você estiver praticando.

Você precisa criar, pelo menos, um Github e um LinkedIn para servirem como repositórios dos projetos que você estiver desenvolvendo.

De forma geral, o portfólio é uma vitrine para pessoas programadoras. Ele serve principalmente para mostrar uma visão ampla sobre o que você está estudando e quais os projetos está desenvolvendo.

Ou seja, ele serve para mostrar o seu racional: como você está colocando em prática o que você aprendeu nos cursos, nos livros e nos podcasts.

Sendo assim, o portfólio é uma excelente ferramenta para te ajudar a se destacar em um processo seletivo e também para registrar a sua evolução.

Como se não bastasse, também exige um processo de autoconhecimento: para montá-lo você precisa analisar o seu desempenho e os seus resultados.

Esse movimento faz com que você entenda pontos importantes sobre o seu processo de aprendizagem: o que você precisa ajustar? Em quais temas precisa se aprofundar? Quais assuntos você já domina?

Estruture seu LinkedIn e seu currículo

Essa dica parece óbvia, mas não é. Atualize constantemente seu LinkedIn e seu currículo. Destaque suas habilidades técnicas e as experiências relevantes que você já teve.

Participe de uma comunidade de tecnologia

Nas comunidades de tecnologia, você pode fazer amigos, networking e conhecer uma galera incrível que talvez você não conheceria se ficasse estudando sozinho. Além disso, participe de eventos da área, meetups de tecnologia. Esses ambientes são ótimos para criar conexões pessoais e construir uma rede de contatos.

As indicações de pessoas dentro das empresas que te conhecem podem destacar o seu perfil em um processo seletivo.

Mas mais do que isso, participar de ambientes de comunidades de tecnologia é uma forma de trocar experiências e conhecimentos com outras pessoas que estão passando pelo mesmo processo que você.

No entanto, aja com sinceridade e autenticidade. Nada mais chato do que alguém tentando forçar amizades e se passar por aquilo que não é. Você concorda?

Então, certifique-se de agir sempre com sinceridade, dentro dos seus valores e das suas afinidades. Essa é uma forma importante de se destacar dentro da sua própria autenticidade.

Faça um mapeamento de empresas e pessoas-chave

Faça uma lista das empresas que você gostaria de trabalhar e identifique pessoas-chave nessas organizações, como recrutadores ou líderes de tecnologia.

Siga essas empresas e pessoas no Linkedin para ficar por dentro de todas as oportunidades que surgirem.

Inclusive, entre em contato diretamente com essas pessoas no LinkedIn. Uma mensagem pode abrir portas para conversas e potenciais oportunidades.

No entanto, preste atenção. Escreva a mensagem de forma breve, assertiva e personalizada. Se apresente e deixe claro, em pouquíssimas linhas, o que você está procurando.

E é claro, se candidate em vagas

Procure vagas adequadas para seu nível de experiência e se candidate de forma ativa. Como você está começando, estágios e posições júnior são mais acessíveis e oferecem grande oportunidade de aprendizado e crescimento.

Lembre-se de personalizar o seu currículo para cada aplicação, destacando como suas habilidades e interesses se alinham com cada vaga.

Fique por dentro de como funcionam os algoritmos de inteligência artificial dos grandes portais de recrutamento. É provável que você tenha que adaptar o seu currículo a um modelo específico e se atentar para alguns detalhes, como usar algumas palavras-chave e evitar símbolos e imagens.

Busque mentoria

Se for possível, busque mentoria com algum profissional da área que você quer atuar. Como especialista dessa área, ela vai poder te indicar o melhor caminho a seguir.

E então, ficou mais fácil encarar esse desafio? Espero que essas dicas e informações te ajudem a conseguir o seu primeiro emprego em tecnologia. Boa sorte!

Beatriz Coelho
Beatriz Coelho

Beatriz é Bacharela e Mestra em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC. É responsável pela estratégia e gestão de conteúdo do blog da Alura. Escreve para blogs desde 2020. Acredita que conhecimento bom é conhecimento compartilhado e construído por todas as pessoas.

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