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Qual parâmetro devo receber em meus métodos?

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maniche
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Um dilema interessante sempre é: qual parâmetro devo receber em meu método? Por exemplo, imagine uma classe NotaFiscal, que é extremamente complexa e difícil de ser criada, pois depende de muitos outros objetos:

 class NotaFiscal { public NotaFiscal( Cliente cliente, List<Item> itens, List<Desconto> descontos, Endereco entrega, Endereco cobranca, FormaDePagamento pagto, double valorTotal ) { ...}

// muitos atributos e métodos } 

Agora, imagine um outro método, responsável por calcular o valor do imposto dessa nota fiscal. Mas, para calcular o valor, o algoritmo leva em consideração apenas a lista de itens. Os outros atributos não são necessários para ele. Veja:

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 class CalculadorDeImposto { public double calcula(NotaFiscal nf) { double total = 0; for(Item item : nf.getItens()) { if(item.getValor()>1000) total+= item.getValor() \* 0.02; else total+= item.getValor() \* 0.01; } return total; } } 

Veja só que o método calcula() recebe uma NotaFiscal. Mas veja que não precisaria. Poderíamos apenas receber uma List. A pergunta é: qual dos dois devemos receber? Essa é uma pergunta profunda, que envolve até uma discussão sobre acoplamento.

Discutimos anteriormente que devemos sempre nos acoplar com dependências mais leves e menos frágeis. Nesse exemplo em particular, NotaFiscal parece ser uma classe pouco estável e bastante complicada; já uma lista de itens parece ser mais simples. Receber essa lista como parâmetro pode deixar o método calcula() mais simples e menos propenso a sofrer modificações. Se, para o cálculo do imposto, o algoritmo precisasse apenas do valor total, por quê não receber um double total apenas? Quanto mais simples, menos problemas.

Mas talvez uma lista de itens ou um double não deixe bem claro o que o método calcula() precisa receber. Um double pode ser qualquer número, uma lista de ítens pode ser qualquer lista de ítens, mas não é isso que ele quer: ele quer um valor de uma nota fiscal, ou uma lista de ítens de uma nota fiscal. Garantias essas que tínhamos quando passávamos uma NotaFiscal como parâmetro.

Para resolver isso de maneira elegante, por quê não criar uma abstração? Poderíamos ter uma interface chamada Tributavel, que seria implementada pela classe NotaFiscal. O método calcula(), por sua vez, receberia essa interface.

tributavel

Assim como no exemplo anterior, acabamos emergindo uma interface leve. Nesse exemplo em particular, a criação da interface Tributavel nos traz vantagens:

  • Diminuímos o risco do acoplamento, pois a interface Tributavel é muito mais estável que a classe NotaFiscal.
  • O método calcula() recebe agora apenas o que realmente precisa. Tributavel é uma interface magra.
  • Temos semântica no parâmetro do método. Não recebemos uma lista ou um double qualquer, e sim algo passível de tributação.

Em código:

 interface Tributavel { List<Item> itensASeremTributados(); }

class NotaFiscal implements Tributavel { public NotaFiscal(...) { ... }

public List<Item> itensASeremTributados() { ... } }

class CalculadorDeImposto { public double calcula(Tributavel t) { double total = 0; for(Item item : t.itensASeremTributados()) { if(item.getValor()>1000) total+= item.getValor() \* 0.02; else total+= item.getValor() \* 0.01; } return total; } }

Portanto, esse é mais um exemplo de como interfaces leves são importantes. Classes que dependem de interfaces leves sofrem menos com mudanças em outros pontos do sistema. Novamente, elas são pequenas, e portanto, tem poucas razões para mudar.

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