Testes de software e documentação: pilares para garantir qualidade e eficiência no desenvolvimento de software
Entendendo os tipos e níveis de testes
Os níveis de teste são uma forma de organizar as diferentes etapas de testes de software. Cada nível possui uma finalidade específica, por isso devem ser realizados em sequência, a fim de garantir que o software atenda às necessidades do utilizador final.
Quanto mais abrangente e diversificado for o conjunto de testes realizados, maior será a qualidade e confiabilidade do produto entregue.
Testes unitários
Imagine que você está construindo uma estrutura complexa usando peças de Lego. Cada peça representa um componente ou módulo do seu sistema de construção. Você quer ter certeza de que todas as peças se encaixam perfeitamente e que a estrutura final é sólida e funcional.
Primeiro, você examina cada peça individualmente, chamamos isso de testes unitários. Na prática, esses testes são pequenos trechos de código ou scripts escritos para verificar se uma parte específica do código-fonte, geralmente uma função ou método, está se comportando corretamente.
Testes unitários são projetados para isolar e testar uma unidade de código de maneira independente, sem depender de outras partes do software. Seu principal papel é identificar erros ou bugs no código de forma precoce, o que facilita a correção antes que o erro se propague para outras partes do software.
Além disso, testes unitários asseguram que cada unidade de código funcione conforme o esperado, contribuindo para a qualidade geral do software, pois consequentemente unidades de código bem testadas são mais fáceis de manter e atualizar, pois os testes fornecem uma verificação rápida de que as alterações não afetam o comportamento existente.
Ao detectar problemas mais cedo, os testes unitários podem economizar tempo durante o ciclo de desenvolvimento, tornando o processo mais eficiente.
É de grande importância lembrar que os testes unitários são tipicamente realizados pelas próprias pessoas desenvolvedoras de software que escreveram o código das unidades a serem testadas. Isso ocorre porque devs têm um conhecimento íntimo do código que escreveram e podem criar testes que abordem casos específicos e cenários de uso.
Testes de integração
Depois que conferir se todas as peças que tem em mãos foram fabricadas corretamente, você começa a conectar as peças para formar partes maiores do seu projeto, chamamos isso de testes de integração!
O objetivo principal dos testes de integração é identificar e resolver problemas de interação entre os componentes do software e garantir que o sistema integrado funcione de acordo com as especificações. Nessa fase, os testes podem verificar a integração de dois ou mais componentes, e até mesmo incluir sistemas externos ou serviços.
Existem também diferentes níveis de testes de integração, que podem variar desde a integração de componentes individuais até a integração de todo o sistema. Os níveis incluem integração de unidade, integração de componentes, integração de sistema e integração de aceitação.
Os benefícios dos testes de integração incluem:
- identificação e solução de problemas de interface e interoperabilidade;
- compartilhamento correto de dados entre os componentes;
- redução de custos de manutenção;
- facilitação da integração contínua e da entrega contínua de software.
Testes de sistema
Depois de analisar os componentes e a integração entre eles, chegamos a um novo nível dos testes, chegou a hora de avaliar a aplicação como um todo. Chamamos essa fase de testes de sistema, que são uma etapa crítica no processo de teste de software.
O objetivo principal dos testes de sistema é garantir que o software cumpra os requisitos e as especificações definidas para ele e que funcione corretamente em um ambiente que se assemelhe ao ambiente de produção real.
As informações que precisam estar claras para a pessoa testadora ao realizar os testes de sistema são:
Escopo do teste: os testes de sistema abrangem todo o sistema de software, incluindo todas as partes integradas, módulos, componentes e funcionalidades. Eles são projetados para verificar se o sistema atende aos requisitos funcionais e não funcionais definidos.
Objetivos do teste: entre os objetivos do teste podemos citar:
- Verificar se o software cumpre as especificações e os requisitos.
- Avaliar a funcionalidade geral do sistema.
- Identificar problemas de integração entre os componentes.
- Verificar a conformidade com os padrões e regulamentações aplicáveis.
- Avaliar o desempenho e a escalabilidade do sistema.
- Garantir que o sistema seja adequado para uso em seu ambiente de produção.
Cenários de teste: durante os testes de sistema, são executados diversos cenários que simulam situações reais de uso do software. Isso pode incluir testes de fluxo de trabalho, testes de carga, testes de segurança e outros cenários relevantes para o funcionamento do sistema.
Ambiente de teste: os testes de sistema geralmente ocorrem em um ambiente de teste que se assemelha ao ambiente de produção. Isso inclui a configuração de hardware e software semelhante à do ambiente real para identificar problemas que possam surgir apenas em condições reais.
Detecção de problemas: os testes de sistema podem identificar uma variedade de problemas, incluindo falhas funcionais, problemas de desempenho, erros de segurança, problemas de usabilidade e muito mais.
Documentação: os resultados dos testes de sistema são geralmente documentados em relatórios de teste que descrevem os problemas encontrados, as ações corretivas necessárias e os casos de teste executados.
Fonte: Monkey User
Testes de aceitação de usuário
O próximo passo é validar se a aplicação desenvolvida realmente atende aos requisitos e necessidades do usuário final. Para isso, são realizados o que chamamos comumente de testes UAT (user acceptance testing ou testes de aceitação de usuário).
O teste de aceitação de usuário é uma etapa crucial no ciclo de teste de software, na qual os usuários finais ou representantes do cliente testam o software para determinar se ele atende aos requisitos e às expectativas do usuário e se está pronto para uso em um ambiente de produção.
O foco está totalmente voltado para a experiência do usuário. Os usuários executam cenários de teste que representam situações reais de uso do software da mesma forma que o fariam em seu ambiente de trabalho normal ou vida pessoal, em que são particularmente observadas questões sobre a usabilidade, a interface do usuário e a experiência geral com a aplicação.
Após a execução do UAT, os testadores documentam problemas encontrados, feedbacks e observações sobre o software. Isso é importante para que a equipe de desenvolvimento possa corrigir os problemas antes do lançamento. Com base nos resultados dos UAT, os representantes do cliente podem decidir aceitar o software, sugerir modificações ou rejeitá-lo se não atender às suas expectativas. A aceitação geralmente indica que o software está pronto para ser implantado em produção.
Outros tipos de testes
Além desses, existem outros tipos de testes que também podem ser realizados em diferentes fases do ciclo de vida do projeto, por exemplo:
- Testes de regressão: envolvem a repetição de testes previamente executados para garantir que as modificações ou atualizações recentes no software não introduziram novos defeitos ou afetaram negativamente as funcionalidades existentes.
- Testes de desempenho: avaliam como um sistema ou aplicação se comporta em termos de velocidade, escalabilidade, estabilidade e eficiência quando submetido a diferentes níveis de carga e condições adversas.
- Testes de segurança: projetados para identificar e avaliar vulnerabilidades e ameaças que podem comprometer a segurança do sistema. Eles envolvem simulações de ataques e verificações de segurança para garantir que o software seja resistente a possíveis ameaças cibernéticas e proteja os dados e recursos contra acesso não autorizado, exploração ou danos.
Como organizar todos esses dados de testes?
Depois de entender quais são os principais tipos de teste, como e quando realizá-los, agora é só sair testando tudo, certo?
Sinto lhe dizer, mas não! Enganou-se quem pensa que basta seguir um roteiro e executar um software analisando seu comportamento. É de extrema importância analisar também os requisitos não funcionais dos testes, como os fluxos de interação, pensando na experiência do usuário.
Basicamente são analisados e desenvolvidos alguns documentos que vão organizar e mapear as principais atividades durante os processos de testes. São eles:
Histórias de usuário e pré-requisitos
Uma história de usuário é uma breve descrição de uma funcionalidade ou tarefa que um sistema ou software deve realizar, geralmente escrita na perspectiva do usuário, e inclui os requisitos essenciais para atender às suas necessidades. Um exemplo simples de história de usuário seria:
“Como um usuário de um aplicativo de delivery de comida, quero poder adicionar itens ao meu carrinho de compras para que eu possa fazer um pedido.”
Considerando o exemplo citado, os pré-requisitos da história de usuário são:
- Deve haver uma lista de itens do menu disponíveis para escolher.
- Deve haver um botão "Adicionar ao carrinho" próximo a cada item do menu.
- Quando eu clicar em "Adicionar ao carrinho", o item selecionado deve ser adicionado ao meu carrinho de compras.
- Deve haver uma página ou área em que eu possa visualizar os itens no meu carrinho de compras.
- Deve ser possível remover itens do meu carrinho de compras, se eu mudar de ideia.
- Deve haver um botão ou função para finalizar o pedido quando eu estiver tiver escolhido tudo.
- Deve ser exibido um resumo do pedido, incluindo os itens selecionados e o valor total antes de finalizar a compra.
Matriz de rastreabilidade/mapeamento de funcionalidades: o que vamos testar?
Matriz de rastreabilidade é uma ferramenta de gerenciamento que ajuda a acompanhar a relação entre diferentes elementos do processo de teste de software. Ela estabelece uma conexão clara entre os requisitos do software, casos de teste, cenários de teste, defeitos encontrados e outros artefatos relacionados ao teste.
Modelagem de testes: como vamos testar?
Finalmente chegou a hora de descrever como os testes devem ser executados. Essa prática é uma parte fundamental do planejamento e execução de testes de software eficazes. A modelagem de testes ajuda a definir o escopo dos testes, identificar casos de teste relevantes e garantir que todos os cenários críticos sejam abordados durante o processo de teste.
Evidências de testes: o que foi testado? Os resultados obtidos são os esperados?
Ao reproduzir os casos de teste mapeados, para cada passo realizado será gerada uma evidência da execução. Para fazer isso, utiliza-se uma ferramenta de captura de tela e cada imagem obtida é incluída em um documento, desta forma é possível documentar a execução do teste e comparar os resultados obtidos com os esperados.
Relatórios dos bugs/Status report: como organizar os bugs encontrados?
Neste documento é necessário descrever detalhadamente cada problema ou anomalia que foi identificada durante o processo de testes. Esses relatórios são essenciais para o gerenciamento de qualidade do software, pois ajudam a equipe de desenvolvimento a entender, reproduzir e corrigir os problemas encontrados.
Conclusão
A realização de testes é fundamental, porém, a documentação de todas as etapas e níveis de testes se torna imprescindível para realmente garantir a qualidade durante todo o ciclo de vida de um software. A documentação correta e eficaz promove o entendimento do que é esperado e confronta o que é necessário aprimorar para entregar o produto ideal, documentar faz parte da promoção da cultura de qualidade.
Para aprender mais sobre execução de testes, confira: