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Em um mundo saturado de “inovações” que, muitas vezes, se resumem a novas funcionalidades em softwares já existentes, as deep techs surgem como uma força disruptiva com potencial para revolucionar a sociedade em sua essência. Porém, o que é uma deep tech e como elas podem fazer isso?
As deep techs são empresas que dedicam o seu trabalho para a criação de soluções tecnológicas não existentes para resolver problemas que afetam a sociedade como um todo. Segundo o relatório “Deep tech: The New Wave”, 65% dessas startups na América Latina e no Caribe estão nos estágios iniciais de desenvolvimento, mas já demonstram grande potencial.
Se quiser entender melhor como esse tipo de empresa funciona, qual seu impacto socioeconômico e como transformar o seu negócio em uma deep tech, continue a leitura deste artigo!
Deep tech é o termo que representa um conjunto de empresas emergentes que se dedicam ao desenvolvimento de tecnologias disruptivas, fundamentadas em avanços científicos e de engenharia de ponta.
Para facilitar a compreensão, pense em soluções tecnológicas que podem resolver problemas complexos da humanidade, com base em descobertas científicas e engenharia avançada. É isso que as startups deep techs fazem!
As deep techs estudam a fundo áreas como Inteligência Artificial, biotecnologia, robótica e computação quântica para criar soluções disruptivas. Alguns exemplos de aplicações dessas startups incluem: desenvolvimento de medicamentos personalizados, robôs para cirurgias complexas em pessoas, além de algoritmos avançados para análise de dados.
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Embora ambas impulsionem a inovação, startups tradicionais e deep techs apresentam algumas distinções significativas em sua natureza e desenvolvimento, conforme citaremos abaixo.
Startups tradicionais: foco em modelos de negócio inovadores, que exploram tecnologias existentes para criar soluções e serviços, geralmente, com pequenos ciclos de desenvolvimento. Além disso, priorizam escalabilidade e rápido crescimento para atingir um grande número de pessoas usuárias e validação no mercado a curto prazo.
Deep tech: baseiam-se em avanços científicos e tecnológicos disruptivos, com foco em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias, geralmente complexas e com longos ciclos de maturação.
Ou seja, são empresas que buscam solucionar desafios com alto impacto em setores como saúde, energia e meio ambiente, que podem levar tempo e depender do desenvolvimento de recursos inexistentes.
As deep techs exploram diversas áreas tecnológicas, sempre em busca de soluções inovadoras para desafios complexos. Entre essas áreas, listamos as de maior destaque.
A IA em deep techs vai além do desenvolvimento de algoritmos avançados. Ela se concentra na criação de sistemas inteligentes capazes de simular a cognição humana e executar tarefas complexas, como as que abordaremos a seguir.
Aprendizado de máquina: também chamado de machine learning, são sistemas que aprendem com dados, identificam padrões e fazem previsões sem programação explícita, com aplicações em diagnósticos médicos, detecção de fraudes e personalização de experiências.
Visão computacional: capacidade de “enxergar” e interpretar imagens. Assim, máquinas podem reconhecer objetos, cenas e rostos. Essa tecnologia pode ser utilizada para carros autônomos, diagnóstico por imagem, controle de qualidade industrial, entre outros usos.
Processamento de Linguagem Natural (PLN): compreensão e geração de linguagem humana por máquinas, o que permite a interação natural com sistemas, tradução automática, análise de sentimentos e chatbots inteligentes, por exemplo.
Redes neurais artificiais: sistemas inspirados no cérebro humano, capazes de aprender e resolver problemas complexos, com aplicações em reconhecimento de voz, previsão de séries temporais e jogos.
A biotecnologia, no contexto das deep techs, ultrapassa a manipulação genética tradicional. Ela se aprofunda na engenharia da vida, combinando conhecimentos de biologia, química e engenharia para criar soluções inovadoras com impacto em diversas áreas, como, por exemplo: na criação de biocombustíveis, plásticos biodegradáveis e até mesmo novos medicamentos para a saúde.
Robôs autônomos e colaborativos estão transformando a manufatura, ao otimizarem processos e aumentarem a produtividade. Um exemplo consiste nos veículos autônomos, que prometem revolucionar o transporte e a logística, enquanto a robótica na saúde oferece soluções para cirurgias, reabilitação e cuidados essenciais para pacientes.
Com isso, é possível entender que o futuro da robótica em deep techs é promissor, com constante desenvolvimento de novas tecnologias e aplicações que impactarão cada vez mais a sociedade.
Com o desenvolvimento de hardware e software cada vez mais avançados na computação quântica, essa tecnologia promete revolucionar diversos campos, incluindo a medicina, a ciência de materiais e a criptografia.
Na medicina, a computação quântica permitirá simulações moleculares e análise de dados em uma escala sem precedentes, ao acelerar a descoberta de medicamentos personalizados e tratamentos mais eficazes para doenças complexas.
Já na ciência dos materiais, essa tecnologia possibilitará o desenvolvimento de novos recursos com propriedades específicas, desde semicondutores mais eficientes até compostos sustentáveis para a indústria.
Por último, a criptografia na computação quântica representa tanto um avanço quanto um desafio. Embora abra portas para sistemas de segurança mais robustos, também pode quebrar os métodos criptográficos atuais, o que exige o desenvolvimento de algoritmos de segurança pós-quânticos para proteger dados sensíveis e redes de comunicação.
Leia também: O que é e como implementar uma política de segurança da informação em empresas de tecnologia?
As energias renováveis, como solar e eólica, estão sendo aprimoradas com tecnologias de ponta, tornando-as mais eficientes e acessíveis. O armazenamento de energia também está recebendo atenção especial, com o desenvolvimento de baterias de alta capacidade e novas tecnologias para que o processo aconteça de forma eficiente e segura.
Além disso, as startups deep techs estão criando tecnologias de eficiência energética para reduzir o consumo e otimizar o uso de recursos, o que impactará desde edifícios inteligentes até processos industriais.
Imagine materiais mais leves que o aço, porém mais resistentes que o diamante. Ou, ainda, superfícies que se limpam e reparam sozinhas. Estamos falando de grafeno, nanomateriais e biomateriais — inovações vistas pelas deep techs como o futuro dos materiais para criação de novos produtos/serviços —, que possuem potencial para transformar setores como eletrônica, medicina, construção e energia.
Essas inovações permitem criar produtos e tecnologias com funcionalidades e desempenho sem precedentes, impactando desde a produção de dispositivos eletrônicos flexíveis até o desenvolvimento de implantes médicos biocompatíveis.
A tecnologia blockchain está revolucionando a maneira como interagimos e fazemos negócios, com suas aplicações descentralizadas e seguras. Por meio das deep techs, espera-se que as transações financeiras, cada dia mais, sejam instantâneas e livres de intermediários, registros médicos se tornem invioláveis, e as cadeias de suprimentos sejam transparentes e rastreáveis do início ao fim.
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As deep techs visam impactar a sociedade de forma ampla, sempre pensando na qualidade de vida das pessoas, nas novas oportunidades econômicas e sociais e com um olhar dedicado à sustentabilidade a longo prazo.
Por conta disso, elas desfrutam de um conjunto único de oportunidades que as diferenciam das startups tradicionais. Confira a seguir as principais.
O potencial das deep techs de solucionar problemas complexos em escala global, como doenças, mudanças climáticas e escassez de recursos, mostra sua capacidade de gerar impacto positivo, atrai investimentos duradouros, talentos e reconhecimento internacional.
Para pessoas investidoras que pensam em apostar em deep techs, o mercado para tecnologias disruptivas está em constante expansão, impulsionado pela crescente demanda por soluções inovadoras em diversos setores.
Por esta razão, as deep techs, com suas soluções diferenciadas, têm grande potencial de crescimento e escalabilidade, além de um ótimo retorno financeiro.
Por serem disruptivas, as startups deep techs trazem um grande diferencial para o mercado, ou seja, se destacam das demais empresas que também buscam investimentos e projetos — o que é uma ótima maneira de ter vantagem competitiva em relação às concorrentes.
Como as deep techs são responsáveis pelo desenvolvimento de novas tecnologias e soluções, é possível que elas criem novos nichos de mercado, novos conceitos de tecnologia, além de novos cargos para empresas que desejam se manter competitivas.
Um local onde inovação e tecnologia são características primordiais, profissionais T-Shaped sentem-se naturalmente atraídos, pois identificam que suas competências podem ser bem aproveitados em criações disruptivas. Assim, é mais fácil formar líderes e equipes de alta performance.
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O Brasil vem gradualmente se consolidando como um player relevante no cenário global de startups deep techs, pois está sendo impulsionado por um ecossistema em expansão, além do surgimento de empresas inovadoras em áreas estratégicas.
Segundo o “Relatório Deep Techs Brasil 2024”, da Emerge, existem 875 startups deep tech no Brasil, com forte concentração (65%) na região Sudeste. O estudo também destaca saúde e agronegócio como as áreas de maior destaque e investimento, o que comprove a relevância do país nesses setores.
Apesar do grande avanço, o ecossistema brasileiro ainda enfrenta desafios em relação ao desenvolvimento de deep techs, como a necessidade de maior investimento em pesquisa e desenvolvimento, atração e seleção de talentos, e a criação de políticas públicas mais robustas para impulsionar esse tipo de inovação.
Entretanto, o potencial de crescimento é notável. O Brasil possui uma comunidade científica motivada, ensinos de ponta e um mercado consumidor em expansão — fatores que contribuem para o desenvolvimento de soluções inovadoras com potencial de impacto global.
Isso se reflete na crescente atenção de pessoas investidoras, a criação de programas de apoio e o aumento da colaboração entre instituições de ensino e empresas.
Se você está pensando em criar ou transformar o seu negócio em uma deep tech, entenda que esse é um desafio que exige uma combinação de conhecimento científico, visão empreendedora e persistência. A seguir, confira os principais passos para te guiar nessa jornada.
Comece com uma pesquisa profunda na sua área de especialização. Explore as fronteiras do conhecimento e identifique um problema relevante que possa ser resolvido com uma solução disruptiva.
Em seguida, valide sua ideia ao conversar com potenciais clientes, especialistas e mentores(as) para avaliar a viabilidade e o potencial de mercado da sua solução.
Defina o seu modelo de negócio, público-alvo, proposta de valor e estratégia de crescimento. Inclua projeções financeiras, análise de mercado e plano de marketing.
Além disso, insira em seu plano de negócios as necessidades específicas do mercado deep tech, ao considerar os longos ciclos de desenvolvimento e a necessidade de investimento em pesquisa.
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Reúna uma equipe com habilidades complementares, incluindo profissionais T-Shaped com Hard Skills e Soft Skills relevantes, como conhecimentos científicos, de negócios e de marketing.
Concentre-se na pesquisa e no desenvolvimento da sua solução, mas não esqueça de assegurar a sua propriedade intelectual em patentes e outros mecanismos de proteção para evitar problemas futuros. E quando seu protótipo estiver pronto e funcional, faça testes para confirmar sua eficácia.
Prepare um pitch convincente para apresentar a sua deep tech e seu protótipo a investidores anjo, fundos de venture capital e aceleradoras. Participar de eventos e competições para startups, e procurar por programas de incentivo à pesquisa e inovação também são boas opções.
Se prepare para enfrentar desafios e obstáculos ao longo do caminho. Adapte a sua estratégia e o seu produto com base no feedback do mercado e nas mudanças do cenário tecnológico.
Mantenha o foco na sua visão e na sua paixão por transformar o mundo com a tecnologia, além de se manter por dentro das tendências do mercado e sempre buscar a evolução das lideranças e pessoas colaboradoras do seu negócio.
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