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Liderança feminina: desafios e oportunidades na diversidade

Athena Bastos

Athena Bastos


lideranças femininas conversando

A trajetória das mulheres na liderança no Brasil é marcada por desafios significativos e conquistas notáveis. Historicamente, as mulheres enfrentaram barreiras culturais e institucionais que limitavam seu acesso a posições de poder.

No início do século XX, a luta pelo direito ao voto simbolizou o primeiro passo rumo à igualdade política, com a conquista desse direito em 1932. Durante as décadas seguintes, a presença feminina em cargos de liderança cresceu lentamente.

Exemplos como Bertha Lutz, uma das pioneiras na luta pelos direitos das mulheres, e Maria da Penha, cujo caso levou à criação de uma lei contra a violência doméstica, ilustram as batalhas enfrentadas para conquistar espaço e respeito.

Apesar dos avanços, alguns desafios persistem, como a discriminação de gênero e a desigualdade salarial. Atualmente, se observarmos o contexto organizacional das empresas, é comum percebermos mais homens do que mulheres em cargos de liderança.

Mas isso não é somente uma “impressão”, e sim um fato comprovado por diversos estudos, como o Relatório de Disparidade de Gênero, do Fórum Econômico Mundial (Global Gender Gap Report ).

Ele avalia, anualmente, o estado atual e a evolução da paridade de gênero em quatro dimensões principais: Participação e Oportunidade Econômica; Nível Educacional; Saúde e Sobrevivência e Empoderamento Político.

O Global Gender Gap Report é o índice mais antigo que rastreia o progresso dos esforços de vários países ao longo dos anos para fechar a lacuna de disparidade de gênero desde sua criação, em 2006, e que nos servirá de apoio para entender melhor o cenário atual.

Este artigo tem como objetivo, portanto, trazer um panorama sobre a liderança feminina no Brasil, seu progresso e as dificuldades enfrentadas pelas mulheres líderes, além de como as empresas podem se tornar mais inclusivas e diversas.

Liderança feminina: análise do cenário atual

Segundo o Relatório de Disparidade de Gênero, do Fórum Econômico Mundial, mencionado no início do artigo, a representação da força de trabalho e liderança feminina permanece abaixo da masculina em quase todos os setores e economias do Brasil.

Até o momento da elaboração do relatório, realizado em 2024, as mulheres respondiam por 42% da força de trabalho global e 31,7% das lideranças seniores. Já os cargos de alto nível ((C-levels)[https://www.alura.com.br/empresas/artigos/c-levels]) permanecem pouco acessíveis para mulheres; em comparação com os homens, a ascensão do cargo de liderança para a de diretoria tem uma diferença de 21,5%.

Ou seja, enquanto as mulheres estão perto de ocupar quase metade dos cargos de liderança ao nível de entrada, elas não chegam a representar nem um quarto das funções de diretoria.

Se comparado com edições anteriores do relatório, a contratação de mulheres para cargos de liderança caiu de 37,5% para 36,9% em 2023, e continuou caindo no início de 2024 para 36,4%, abaixo dos índices de 2021.

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As diferenças de gênero também acontecem no quesito qualificação, o que interfere em como homens e mulheres estão se envolvendo na transformação digital e as possibilidades que elas têm no futuro do trabalho.

Enquanto os homens continuam a se destacar em habilidades STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática), a parcela de mulheres com essas mesmas habilidades aumentou desde 2016, de 24,4% para 27,1% em menos de uma década.

Quanto à aprendizagem online, o número de matrículas de mulheres para o desenvolvimento de habilidades de colaboração e liderança, ensino e mentoria, empatia e escuta ativa, liderança e influência social é muito maior do que homens.

No entanto, a adesão de mulheres é menor que a de homens para o desenvolvimento de habilidades como: IA e big data (30%), programação (31%) e redes e segurança cibernética (31%). Segundo o estudo, muitas mulheres relataram que as habilidades digitais e analíticas são “menos importantes” para sua jornada profissional.

Há também uma lacuna de gênero nas oportunidades percebidas para adquirir as habilidades do futuro. À medida que homens e mulheres concluem seus estudos e entram para o mercado de trabalho, seus conjuntos de habilidades continuam a ser moldados e valorizados de formas diferentes.

É nesse cenário que estratégias de reskilling e upskilling desempenham um papel fundamental na valorização de todas as habilidades necessárias no futuro do trabalho, e incentiva homens e mulheres a participarem, sem diferença de gênero, de todos os setores.

Leia também: Atitudes e habilidades essenciais para liderar equipes

A importância da liderança feminina no mercado de trabalho

A diversidade nas lideranças não só enriquece a tomada de decisões, como também impulsiona a inovação e a competitividade. Empresas diversas tendem a refletir melhor seu mercado consumidor, resultando em estratégias mais eficazes.

Para fomentar ambientes inclusivos, as organizações devem implementar políticas de recrutamento equitativas, promover treinamentos de sensibilidade cultural e criar plataformas para vozes diversas.

Ao valorizar diferentes perspectivas, as empresas não somente promovem justiça social, mas também colhem os frutos de uma equipe mais engajada e viabiliza um cenário mais igualitário.

A presença de lideranças femininas nas empresas vai além de simples números, ela promove mudanças significativas nas dinâmicas de equipe e na cultura organizacional. Segundo o estudo “Desenvolvimento da identidade de Liderança Feminina, líderes mulheres tendem a adotar estilos de gestão mais colaborativos e inclusivos, fomentando um ambiente de trabalho que valoriza a diversidade de pensamentos.

A inclusão feminina nos altos escalões da liderança desafia estereótipos e promove uma cultura de igualdade, onde as pessoas colaboradoras se sentem mais motivadas e valorizadas. Essa dinâmica não só melhora o engajamento dos times, mas também reflete positivamente na imagem da marca empregadora.

Desse modo, investir na liderança feminina é um passo estratégico para organizações que buscam crescimento sustentável e um impacto social positivo.

Se você quer conferir alguns exemplos de mulheres de destaque que estão liderando em diversos setores, confira alguns episódios do podcast Like a Boss:

Desafios da liderança feminina

Apesar da predominância feminina na maior parte da população e na força de trabalho, as mulheres ainda enfrentam desafios significativos ao ascender a cargos de liderança no Brasil.

Conforme o estudo “Desenvolvimento da identidade de Liderança Feminina, citado anteriormente, o reconhecimento das características femininas em cargos de liderança, como: cuidado, visão, colaboração, coragem e intuição, podem beneficiar as empresas e a sociedade como um todo.

O estudo ainda aponta os principais desafios enfrentados por elas, onde listamos a seguir os que mais se destacam na atualidade.

1. Conflito entre papéis sociais

O conflito entre as identidades assumidas pelas mulheres, como a de gênero e a de líder, pode levar mulheres em cargos de liderança experimentarem mais estresse e menor nível de satisfação no trabalho, além de maiores chances de sofrer com casos de síndrome de burnout e personalidade workaholic.

Essa sobreposição de papéis faz parte da construção social da identidade feminina, como o papel de mulher, mãe, esposa e líder, por exemplo. Este é também um dos principais desafios enfrentados por elas, tendo em vista que muitas vezes precisam gerir tarefas domésticas, o cuidado dos filhos e filhas, e simultaneamente prosseguir em suas carreiras profissionais, demandando diversas habilidades socioemocionais avançadas, como inteligência emocional, além das habilidades técnicas exigidas para o cargo.

2. Estereótipos de gênero

Outra questão bastante comum enfrentada pelas mulheres são os estereótipos de gênero quanto a sua posição de liderança. Infelizmente, ainda é comum que sua capacidade de liderar seja questionada com base em comparação com lideranças masculinas, o que pode levar a inseguranças e medo ao tomar decisões devido à falta de confiança por não serem vistas como líderes capazes.

Além disso, os estereótipos raciais também são um agravante, que dificultam ainda mais a liderança feminina de mulheres negras, como veremos adiante.

3. Desigualdade salarial

Segundo o Relatório Nacional de Transparência Salarial e de Critérios Remuneratórios, elaborado pelos Ministérios do Trabalho e Emprego (MTE) e das Mulheres, as mulheres ganham 19,4% a menos que os homens no Brasil, sendo que a diferença varia segundo o grande grupo ocupacional. Em cargos de dirigentes e gerentes, por exemplo, essa diferença chega a 25,2%.

tabela informativa

[Fonte: Painel do Relatório Nacional de Transparência Salarial, segundo semestre de 2024]

O levantamento confirma a desigualdade entre mulheres e homens em empresas com 100 ou mais pessoas empregadas; destas organizações, somente 32,6% têm políticas de incentivo à contratação de mulheres.

No recorte por raça/cor, as mulheres negras, além de estarem em menor número no mercado de trabalho, são as que têm renda mais desigual. Enquanto a remuneração média da mulher negra é de R$ 2.745,76, a dos homens não negros é de R$ 5.464,29. Ou seja, além de ganharem muito menos que os homens, também ganham menos que as mulheres não negras.

Critérios de remuneração

Mas quais são os critérios que definem essa remuneração? O relatório nacional mostra que 51,6% das empresas possuem planos de cargos e salários ou planos de carreira, e que grande parte delas adotam critérios remuneratórios de:

  • proatividade (81,6%);
  • capacidade de trabalhar em equipe (78,4%);
  • tempo de experiência (76,2%);
  • cumprimento de metas de produção (60,9%);
  • disponibilidade de pessoas em ocupações específicas (28%);
  • horas extras (17,5%).

Segundo o estudo, horas extras, disponibilidade para o trabalho, metas de produção, entre outros critérios, são atingidos mais pelos homens do que pelas mulheres que, eventualmente, podem sofrer interrupção no tempo de trabalho devido à licença-maternidade e à dedicação com cuidados com filhos(as) e pessoas dependentes.

4. Assédio

Mesmo em cargos de liderança, as mulheres muitas vezes enfrentam o assédio no ambiente corporativo. Este é um problema que causa danos psicológicos, emocionais e profissionais, além de prejudicar o desenvolvimento de carreiras e a igualdade de gênero nas empresas.

Os tipos de assédio enfrentados são diversos: assédio moral, pautado por críticas constantes, isolamento e sobrecarga de trabalho; assédio sexual e discriminação de gênero, caracterizado pelo tratamento desigual, salários menores, dificuldade de ascensão profissional, exclusão de decisões, entre outros.

Entre os fatores que contribuem para isso, estão uma cultura organizacional que perpetua estereótipos de gênero, a falta de representatividade de mulheres em cargos de liderança, as relações de poder desiguais e a falta de canais de denúncia eficazes.

Quais as oportunidades para mulheres na liderança na atualidade?

Apesar dos desafios que ainda persistem, o cenário atual das empresas apresenta oportunidades crescentes para as mulheres na liderança. A conscientização sobre a importância da diversidade e inclusão e a busca por novas perspectivas e estilos de liderança, têm aberto portas para as mulheres ocuparem posições de destaque e liderarem com sucesso. Com isso, é possível vislumbrar oportunidades, como mencionaremos abaixo.

Ascensão de liderança feminina: cada vez mais empresas reconhecem os benefícios da liderança feminina e buscam ativamente mulheres para cargos de gestão estratégica. Habilidades como empatia, colaboração, comunicação e inteligência emocional, historicamente associadas às mulheres, são cada vez mais valorizadas no mundo corporativo.

Programas de desenvolvimento de liderança para mulheres: muitas empresas investem em programas específicos para desenvolver habilidades de liderança em mulheres, com foco em mentoria, coaching e treinamento em competências essenciais.

Políticas de diversidade e inclusão: as empresas estão implementando políticas de diversidade e inclusão para garantir a igualdade de oportunidades e combater o preconceito, criando um ambiente mais favorável à ascensão de mulheres na liderança.

Redes de apoio entre mulheres: redes de apoio entre mulheres líderes, como grupos de mentoria e associações, oferecem suporte, orientação e networking para mulheres que buscam cargos de liderança.

Valorização da diversidade de pensamento: muitas empresas buscam construir times diversos, com diferentes perspectivas e experiências, para fomentar a inovação e a criatividade. A liderança feminina traz uma nova visão, principalmente em empresas com líderes predominantemente masculinos.

Conscientização sobre o viés inconsciente: as empresas estão mais conscientes do viés inconsciente que pode prejudicar a ascensão de mulheres na liderança. Treinamento e programas de conscientização ajudam a combater esses vieses e promover a igualdade de oportunidades.

Flexibilidade e equilíbrio entre vida profissional e pessoal: a busca por modelos de trabalho mais flexíveis, como o trabalho híbrido e remoto, assim como a semana de 4 dias, abre oportunidades para que mulheres conciliem a vida profissional com a vida pessoal e familiar, sem precisar abrir mão dos cargos de liderança.

Qual o papel das empresas neste cenário?

A igualdade salarial entre mulheres e homens está prevista na Constituição Federal e Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). No entanto, este direito não é integralmente cumprido, na prática. Segundo dados do IBGE, as mulheres ainda ganham 20% menos que os homens nos mesmos cargos. Ou seja, elas precisam trabalhar em média dois meses a mais por ano para receber a mesma quantia que um homem.

Em 3 de julho de 2023, foi sancionada a Lei n.º 14.611, que aborda a igualdade salarial e os critérios remuneratórios entre mulheres e homens no ambiente de trabalho. Ela determina que empresas com mais de 100 pessoas colaboradoras devem adotar medidas para garantir essa igualdade, incluindo: transparência salarial, fiscalização contra discriminação, canais de denúncia, programas de diversidade, equidade e inclusão e apoio à capacitação de mulheres.

Todos os desafios enfrentados por mulheres líderes nos diferentes contextos citados até aqui, além daqueles não mencionados, apontam para a necessidade contínua de abordar questões de igualdade de gênero nas empresas e criar ambientes mais inclusivos, de apoio e valorização.

Outra iniciativa importante das empresas, é promover soluções de diversidade e inclusão, que aliem o desenvolvimento de habilidades tech no público feminino, formando talentos diversos para preencher as lacunas do mercado e fomentar a inclusão de gênero em todos os setores das empresas.

Se você quer tornar sua empresa mais inclusiva e não sabe por onde começar, conte com o apoio da Alura + FIAP Para Empresas para desenvolver lideranças femininas na sua organização e implementar iniciativas de impacto social.

Entre em contato conosco para entender como podemos ajudar a sua organização neste desafio!

Leia também: Quais são os principais desafios de cargos de liderança na atualidade?

Athena Bastos
Athena Bastos

Coordenadora de Comunicação da Alura + FIAP Para Empresas. Bacharela e Mestra em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC. Pós-graduanda em Digital Data Marketing pela FIAP. Escreve para blogs desde 2008 e atua com marketing digital desde 2018.

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