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Modelo de gestão top down ou bottom up: o que são e quais as diferenças?

Athena Bastos

Athena Bastos


liderança de pé, conversando com o time

Os modelos de gestão empresarial são estruturas fundamentais que moldam a forma como as organizações operam, tomam decisões e alcançam seus objetivos. Eles definem hierarquias, processos de comunicação e a distribuição de responsabilidades, e exercem um impacto direto na cultura organizacional, na eficiência operacional e na capacidade de inovação.

Em um ambiente de negócios dinâmico e competitivo, a escolha do modelo de gestão adequado pode ser um fator determinante para o sucesso ou fracasso de uma empresa. Entre as diversas abordagens existentes, o top down e bottom up (modelo de gestão) se destacam por suas características distintas e por influenciarem de maneira significativa a dinâmica interna e externa das organizações.

O objetivo deste artigo é explorar esses dois modelos, analisar exemplos práticos, suas diferenças, seus impactos na cultura organizacional e, principalmente, como a integração de ambas as abordagens pode gerar uma gestão mais equilibrada e adaptativa, capaz de impulsionar o crescimento e o sucesso das empresas.

O que são modelos de gestão empresarial?

Modelos de gestão empresarial são estruturas e metodologias que as empresas utilizam para organizar, planejar e dirigir suas operações. Eles definem como as decisões são tomadas, como os recursos são alocados e como o desempenho é avaliado.

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Existem diversos modelos, cada um com suas próprias características e adequados aos diferentes contextos organizacionais. Alguns exemplos incluem gestão por objetivos (GPO), gestão lean, gestão top down e bottom up — as quais veremos a seguir.

Abordagem top down e bottom up

As abordagens de gestão top down e bottom up são estratégias muito utilizadas para garantir o sucesso organizacional. A estratégia top down, termo que pode ser traduzido para o português como “de cima para baixo”, é caracterizada por decisões e diretrizes que fluem do nível hierárquico mais alto para os níveis inferiores.

Esse método assegura alinhamento estratégico, clareza de objetivos e uma visão unificada, sendo ideal para organizações que precisam de uma direção clara e eficiente.

Por outro lado, a abordagem bottom up, termo que pode ser traduzido para o português como “de baixo para cima”, valoriza a contribuição das pessoas colaboradoras em todos os níveis, incentivando a inovação e o engajamento. Essa estratégia promove um ambiente colaborativo onde ideias emergem das equipes operacionais, o que resulta em soluções práticas e criativas que podem não ser visíveis em um nível superior.

A complementaridade entre essas duas abordagens é fundamental no cenário atual, onde a agilidade e a adaptabilidade são essenciais. Enquanto o top down fornece a estrutura necessária para manter a organização no caminho certo, o bottom up oferece flexibilidade e resiliência, que permitem ajustes rápidos às mudanças do mercado.

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Bottom up e top down: exemplos

Para compreender melhor como as abordagens top down e bottom up são aplicadas no mundo real e em que ponto elas se diferem, vamos conferir alguns exemplos práticos.

Abordagem bottom up

Em uma empresa de desenvolvimento de software, por exemplo, esse modelo de gestão pode ser utilizado das formas a seguir.

  • Ideias de melhorias: as pessoas desenvolvedoras, diretamente envolvidas no processo de criação do código, identificam gargalos ou áreas de melhoria no fluxo de trabalho.

  • Propostas de mudanças: elas propõem novas ferramentas, metodologias ou processos para otimizar o desenvolvimento, como a adoção de uma nova linguagem de programação ou a implementação de testes automatizados.

  • Apresentação e discussão: as propostas são apresentadas em reuniões de equipe, onde todos podem contribuir com suas opiniões e sugestões.

  • Implementação: se a maioria da equipe concordar e a proposta for considerada viável, ela é implementada e monitorada para avaliar seus resultados.

Nesse exemplo, a abordagem bottom up de gestão permite que a empresa se beneficie do conhecimento e da experiência dos seus colaboradores e colaboradoras, resultando em melhorias contínuas e inovação.

Abordagem top down

Empresas de tecnologia utilizam frequentemente a abordagem de gestão top down para garantir alinhamento estratégico e eficiência operacional. Entenda melhor como ela funciona, na prática.

  • Definição de metas estratégicas: grandes empresas, como a Microsoft ou a Apple, por exemplo, definem metas ambiciosas de longo prazo ao nível executivo. Essas metas são então repassadas para os departamentos e equipes, garantindo que todas as pessoas estejam trabalhando em direção aos mesmos objetivos.

  • Desenvolvimento de produtos: no desenvolvimento de novos produtos, a liderança pode definir as características principais e o público-alvo do produto. As equipes de engenharia e design, então, trabalham para executar essa visão, seguindo as diretrizes estabelecidas.

  • Alocação de recursos: a alocação de orçamentos e recursos para diferentes projetos é geralmente decidida ao nível executivo. Essa abordagem garante que os projetos mais estratégicos e prioritários recebam o financiamento necessário.

  • Implementação de políticas de segurança: empresas de tecnologia, especialmente aquelas que lidam com dados sensíveis, implementam políticas de segurança de cima para baixo. A alta gerência define as políticas e os procedimentos, e as equipes de TI garantem que sejam seguidos em toda a organização.

  • Padronização de processos: para manter a eficiência e a qualidade, muitas empresas de tecnologia padronizam seus processos de desenvolvimento e operação. Essas padronizações são frequentemente definidas pela liderança e implementadas em toda a organização.

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Diferenças entre as abordagens e impactos na cultura organizacional

A gestão top down é caracterizada por decisões centralizadas, onde a liderança define estratégias e metas, transmitindo-as para os níveis inferiores. Essa abordagem tende a criar uma cultura organizacional mais hierárquica, onde a comunicação flui principalmente de cima para baixo. A eficiência pode ser alcançada pela clareza nas diretrizes, mas pode sufocar a inovação, já que as contribuições da hierarquia mais baixa são minimizadas.

Por outro lado, a gestão bottom up promove uma cultura colaborativa e de inovação, incentivando a participação ativa de todos os níveis da empresa. As decisões são frequentemente baseadas em insights e feedbacks coletados da base para o topo. Isso fortalece a comunicação interna horizontal e vertical, tornando-a mais dinâmica e interativa. A colaboração entre equipes é intensificada, pois todas as pessoas se sentem parte do processo decisório.

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Impactos na eficiência organizacional

Na abordagem top down, a eficiência é impulsionada por um alinhamento claro das metas organizacionais, mas pode sofrer com a falta de agilidade para adaptar-se rapidamente às mudanças do mercado devido à rigidez estrutural.

Em contraste, o modelo bottom up pode aumentar a eficiência por meio da inovação e rápida adaptação às mudanças externas. No entanto, corre o risco de desalinhar objetivos se não houver uma coordenação eficaz entre os níveis hierárquicos.

Impactos no processo de tomada de decisões

Na abordagem top down, as decisões estratégicas são centralizadas nos níveis mais altos da hierarquia organizacional. Essa estrutura permite que a liderança defina claramente as diretrizes e os objetivos principais, garantindo que todos os departamentos trabalhem em sinergia para alcançar metas corporativas.

Por exemplo, quando a alta gerência decide priorizar a inovação tecnológica, ela pode alocar mais recursos financeiros e humanos para departamentos de pesquisa e desenvolvimento. Isso assegura que os projetos considerados essenciais pela liderança recebam o suporte necessário, otimizando o uso de recursos e impulsionando a eficiência organizacional.

Contudo, essa centralização pode ter limitações. A falta de feedback das camadas operacionais pode resultar em decisões que não consideram nuances práticas ou desafios do dia a dia. Além disso, essa abordagem pode desmotivar equipes que se sentem excluídas do processo decisório, o que reduz a inovação e a adaptabilidade.

Em resumo, embora a gestão top down possa direcionar eficientemente uma organização em direção aos seus objetivos estratégicos, é crucial equilibrar essa abordagem com mecanismos de feedback que integrem perspectivas de todos os níveis hierárquicos para maximizar seu potencial.

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Integração das abordagens top down e bottom up

A combinação dessas duas abordagens pode ser uma estratégia poderosa para alcançar uma gestão mais equilibrada e adaptativa. Essa integração permite que as organizações se beneficiem do melhor de ambos os cenários: a visão estratégica e o controle do top down, juntamente com a inovação e a agilidade promovidas pelo bottom up.

Segundo Nonaka e Takeuchi, para criar conhecimento, o melhor estilo de gestão não é nem top-down nem bottom-up, mas sim o que eles chamam de "middle-up-down". Ou seja, a junção dos dois termos.

Neste modelo, a alta hierarquia administrativa da organização C-Levels proporciona o sentido de direção relacionado ao caminho que a empresa deve seguir, considerando o planejamento estratégico. Enquanto isso, as pessoas colaboradoras de linha de frente olham a realidade do fluxo produtivo e argumentam se faz sentido o caminho proposto, com base no cenário real.

É dever da liderança intermediária resolver as contradições e dualidades entre os ideais da alta administração e das pessoas colaboradoras, ou seja, o que se espera alcançar e o que de fato é possível alcançar, considerando a realidade do dia a dia da organização.

Nesse modelo de administração, o conhecimento é criado por essa liderança intermediária e líderes de equipe, que fazem uma “ponte” entre a alta administração e as equipes que executam as tarefas.

Benefícios da integração

Um dos principais benefícios dessa combinação é a capacidade de alinhar a visão estratégica da liderança com as ideias inovadoras das pessoas colaboradoras. Isso promove um ambiente onde a comunicação flui em todas as direções, incentivando o engajamento e a colaboração entre todos os níveis da organização.

A integração dessas abordagens também facilita a adaptação às mudanças do mercado, permitindo que as organizações respondam rapidamente às novas demandas sem perder o foco estratégico.

Desafios da combinação

Apesar dos benefícios, a integração das abordagens top down e bottom up não está isenta de desafios. Um dos principais obstáculos é garantir que todas as pessoas colaboradoras estejam alinhadas com os objetivos estratégicos, ao mesmo tempo em que têm liberdade para inovar.

Isso requer uma cultura organizacional forte, onde a confiança mútua e a comunicação aberta sejam priorizadas. Além disso, pode ser desafiador equilibrar o controle necessário da gestão com a autonomia desejada pelos colaboradores e colaboradoras.

Outro problema comum é a falta de comunicação e alinhamento entre a diretoria e as pessoas colaboradoras em posições mais operacionais. Por isso, é tão importante que a liderança intermediária seja o elo de comunicação entre os setores e profissionais de todos os níveis de senioridade.

Ao superar esses desafios, as organizações podem criar um modelo de gestão que não só melhora a eficiência operacional, mas também promove uma cultura de inovação contínua, resultando em um ambiente de trabalho mais dinâmico e resiliente.

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Athena Bastos
Athena Bastos

Coordenadora de Comunicação da Alura + FIAP Para Empresas. Bacharela e Mestra em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC. Pós-graduanda em Digital Data Marketing pela FIAP. Escreve para blogs desde 2008 e atua com marketing digital desde 2018.

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