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Transformação digital: tendência ou sobrevivência para as empresas?

Athena Bastos

Athena Bastos


A transformação digital precisa ser encarada para além de uma tendência optativa, mas como algo inevitável. Para negócios, em todos os setores, ela já é uma realidade.

Os últimos anos, sem dúvida, intensificaram essa mudança. Reforçaram que a disruptura não é exclusiva de setores nitidamente tecnológicos. E-commerces, soluções de saúde, fintechs. Em todas as áreas, a tecnologia tem se mostrado indispensável, não somente na oferta do produto final.

Pelo contrário, a tecnologia está ligada intrinsecamente à operação, estando na base dos negócios, dos processos e da experiência de colaboradores e colaboradoras.

Como, então, abraçar essa transformação ao invés de fugir dela?

pessoas em processo de transformação digital

O que é transformação digital - ou digital transformation

A transformação digital, do ponto de vista da tecnologia, é o processo de evolução e inovação das tecnologias aplicadas aos negócios, como fim ou meio das operações, com impacto na cultura e nos processos internos das organizações.

Como explicar Guilherme Evans, líder da Deloitte Digital:

“Muitas vezes, quando um termo vira buzzword, ele passa a ser aplicado em tantos contextos, que muitas vezes acaba perdendo o significado. [...] Na essência, a transformação digital é o impacto da evolução tecnológica, cada vez mais acelerada, aplicada aos negócios, na busca do ganho de eficiência e eficácia, normalmente em três grandes esferas: na experiência do cliente, nas operações e nas ferramentas e formas de trabalhar.”

Porém, a transformação digital representa também uma nova posição da humanidade. E se colocarmos as pessoas no centro da definição, encontraremos uma ruptura de experiências baseadas nas seguintes características:

  • Experiências sem fricções, fluídas;
  • Negócios focados em usuários e usuárias;
  • Busca por soluções melhores, mais rápidas e mais baratas;
  • Produtos transformados em serviços.

Nesse sentido, podemos citar outras definições de transformação digital, como a do CIO, que a define como:

“A transformação digital é uma mudança fundamental na forma como uma organização entrega valor aos seus clientes.”

Em ambos os sentidos, a transformação digital representa uma mudança de mindset e cultura, voltada à inovação em negócios.

Veja um artigo sobre o mindset digital nas empresas.

VEJA TAMBÉM:

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Qual o objetivo da transformação digital

O principal objetivo da transformação digital nas empresas é prepará-las para contextos de adversidades. Contudo, é também uma ferramenta para a inovação e o aumento da capacidade de produção nas empresas.

Vivemos uma revolução.

Os meios digitais dominaram os processos, da comunicação interna à elaboração de produtos (basta observar as formas como a realidade aumentada tem sido utilizada dentro das empresas).

Agora, vivemos outra grande mudança: o avanço da inteligência artificial no nosso cotidiano.

Investir nessas mudanças é olhar para o futuro.

Uma empresa que enxerga essas oportunidades terá mais caminhos para alcançar a eficiência. Através das ferramentas digitais, as empresas podem automatizar tarefas operacionais e direcionar seus esforços à tomada de decisão estratégica.

Assim, também podem se prevenir contra a mudança de cenário.

Transformação digital e mercado de trabalho: qual a relação?

A transformação digital está intrinsecamente ligada ao mercado de trabalho e tem um impacto significativo na forma como as organizações operam e, consequentemente, nas habilidades e demandas de profissionais de diversos setores. Podemos citar como alguns dos principais pontos:

  • Novas habilidades e competências: a transformação digital cria uma demanda crescente por habilidades digitais, como programação, análise de dados, inteligência artificial, cibersegurança e ciência de dados, além de skills como entender e interpretar dados e adaptar-se a mudanças constantes.
  • Evolução de funções e carreiras: algumas tarefas rotineiras são automatizadas, permitindo que as pessoas se concentrem em atividades como criatividade, solução de problemas e interações humanas. Além disso, a transformação digital cria novos cargos que não existiam anteriormente, como, por exemplo, especialistas em experiência do (a) cliente digital, entre outros.
  • Ambientes de trabalho flexíveis: a transformação digital permite que as pessoas trabalhem remotamente, aproveitando a tecnologia para colaboração online, videoconferências e acesso a sistemas corporativos a partir de qualquer lugar.
    • Recrutamento e seleção: empresas agora procuram habilidades digitais específicas ao recrutar, utilizando testes e entrevistas para avaliar as competências digitais das pessoas candidatas. A transformação digital também permite que as empresas alcancem talentos globalmente, promovendo a diversidade no local de trabalho.
  • Aprendizado contínuo e desenvolvimento profissional: profissionais precisam continuar aprendendo e atualizando suas habilidades para acompanhar o ritmo das mudanças tecnológicas. A transformação digital também impactou a educação, com a proliferação de cursos online e plataformas de aprendizado que oferecem treinamento em habilidades digitais.
  • Inovação e empreendedorismo: a transformação digital facilita o lançamento de novos negócios, permitindo que as pessoas empreendedoras alcancem mercados globais com mais facilidade. Empresas que adotam a transformação digital são mais propensas a inovar, criando oportun

Pilares da transformação digital

Nas últimas décadas, a transformação digital trouxe grandes inovações ao mercado, de planilhas aplicáveis à gestão de negócios ao aumento da conectividade em nuvem e dados, como vislumbramos hoje.

Engana-se, no entanto, quem pensa que a transformação digital se resumiu às empresas de produtos e serviços de tecnologia. Pelo contrário, ganhou o mercado não apenas como fim, mas como meio, como estratégia de negócio.

Salim Ismail, Michael S. Malone e Yuri Van Geest, por exemplo, trazem que, em 2012, 93% das transações norte-americanas já eram digitais.

Guilherme Evans, citado anteriormente, exemplifica bem essa transição. Atualmente, vemos grandes inovações originadas de setores como o automobilístico e o de saúde, o que revela que a tecnologia não é exclusiva de alguns nichos. Em todos os setores, ela abre portas para a mudança.

Veja o exemplo de Carlos Netto, à frente da Matera, em um episódio do Like a Boss.

Foco no usuário e na usuária

No centro da transformação digital, temos a visão da pessoa usuária (user centric), como mencionado acima.

A alta concorrência de mercado, a necessidade de se diferenciar, em conjunto às mudanças sociais, fizeram com que os negócios olhassem mais para a experiência das pessoas ao desenvolver seus produtos e serviços.

Employee Experience

Do ponto de vista interno das corporações, também a experiência das pessoas assumiu posição central, não apenas nas estratégias de negócio, mas na experiência dos colaboradores e colaboradoras (o Employee Experience).

E esta também passou a ser digital, como aborda Idalberto Chiavenato:

“Hoje, o trabalho requer uma nova e diferente abordagem dotada de imaginação, criatividade e inovação. Trabalho é flexível, adaptável, mutável, variável. A transformação digital exige tudo isso. [...] Em um mundo dinâmico de negócios, a transformação digital não acontece apenas implementando mais e melhores tecnologias, mas envolvendo forte e integrada congruência digital, alinhando cultura, pessoas, estrutura organizacional e tarefas na estratégia organizacional, em um todo sinérgico.”

Inclusive, um dos maiores desafios das empresas é compreender como construir uma jornada positiva para seus colaboradores e suas colaboradoras no virtual. E em parte, o problema está no olhar sobre a infraestrutura do trabalho e a adaptação de uma cultura organizacional não pensada para esse formato.

Julia Martensen, por exemplo, escreve para a Forbes:

“Assim como você não constrói o telhado antes de construir a casa, as empresas precisam investir em elementos centrais negligenciados - especialmente aqueles conectados ao employee experience.”

Business Agility

Do ponto de vista de processos internos e técnicas, empresas que buscam crescimento também estão apostando em agilidade e capacidade de adaptação - Business Agility.

Business Agility é o conjunto de habilidades, comportamentos e modelos de trabalho organizacionais que concedem à organização liberdade, flexibilidade e resiliência para alcançar seu propósito, independentemente do que o futuro reserva.

A agilidade, entretanto, anda associada ao foco no cliente e opera sobre 4 domínios:

Vale ressaltar que modelos ágeis e Business Agility não são exclusivos da área de tecnologia (embora sejam mais comuns nesses setores), mas aplicáveis a toda a empresa.

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Liderança digital

A liderança também vem se transformando digitalmente, seja no trabalho híbrido, no trabalho remoto ou mesmo no presencial.

E são as lideranças que precisam encabeçar o processo de transformação digital.

Segundo dados da Gartner Peer Insights, publicados em texto da newsletter CIO Dive:

  • 97% dos tomadores e tomadoras de decisão em tecnologia consideram uma liderança digital forte importante para o atingimento das metas de negócio. 27% dessas pessoas consideram como um fator crítico;
  • 99% das pessoas pesquisadas consideram uma liderança digital forte como um importante fator de uma transformação digital bem sucedida. 30% delas acreditam ser um fator crítico.
  • Para toda a empresa engajar nessa proposta, é necessário que as lideranças dialoguem sobre a transformação digital e que conduzam esse movimento.

Em outro artigo, exploramos melhor o conceito de e-leadership. Vale a pena conferir!

Passos da jornada de transformação digital

A jornada de transformação digital refere-se ao processo pelo qual uma organização adota tecnologias digitais para melhorar suas operações, criar novos modelos de negócios e oferecer experiências aprimoradas aos clientes.

Esta jornada não é apenas sobre a implementação de novas tecnologias, mas também envolve uma mudança cultural e organizacional para aproveitar ao máximo o potencial das tecnologias digitais. Podemos elencar como etapas fundamentais em uma jornada de transformação digital:

Avaliação e planejamento

  • Avaliação de ativos e necessidades: avaliar ativos digitais existentes e identificar áreas que precisam de melhorias.
  • Definição de objetivos: estabelecer metas claras para a transformação digital, como melhorar a eficiência operacional, aumentar a satisfação do cliente ou expandir para novos mercados.
  • Planejamento estratégico: desenvolver uma estratégia digital abrangente, incluindo a escolha das tecnologias a serem adotadas e a alocação de recursos.

Implementação de tecnologia

  • Adoção de tecnologias emergentes: implementar tecnologias como inteligência artificial, Internet das Coisas (IoT), big data e analytics para otimizar processos e melhorar a tomada de decisões.
  • Integração de sistemas: integrar sistemas legados com novas soluções digitais para garantir a comunicação eficaz e o compartilhamento de dados.
  • Desenvolvimento de aplicações: criar aplicativos e plataformas que ofereçam experiências intuitivas e eficientes para as pessoas usuárias.

Cultura organizacional

  • Educação e treinamento: proporcionar treinamento às pessoas colaboradoras para desenvolver as habilidades digitais necessárias para operar novas tecnologias.
  • Fomentar a inovação: encorajar a inovação contínua, experimentação e aprendizado, permitindo que os funcionários e funcionárias proponham ideias e soluções inovadoras.
  • Liderança inspiradora: ter líderes que entendam e apoiem a transformação digital, incentivando uma mentalidade voltada para o futuro.

Experiência do cliente

  • Personalização: utilizar dados para personalizar interações e experiências do (a) cliente, proporcionando um serviço mais relevante e adaptado.
  • Canais múltiplos: oferecer uma experiência consistente em diferentes canais, como web, dispositivos móveis, redes sociais e pontos de venda físicos.

Análise e melhoria contínua

  • Análise de dados: usar análise de dados para avaliar o desempenho das iniciativas digitais e identificar áreas para melhorias.
  • Feedback e iteração: coletar feedback de clientes e pessoas colaboradoras para ajustar estratégias, garantindo que a transformação digital esteja alinhada com as necessidades e expectativas.

Segurança digital

  • Cibersegurança: implementar medidas robustas de segurança para proteger dados sensíveis e garantir a confiança dos (as) clientes.
  • Conformidade: garantir que todas as práticas digitais estejam em conformidade com regulamentações e padrões de segurança.

A jornada de transformação digital é contínua e dinâmica, pois as tecnologias e as necessidades das pessoas estão sempre evoluindo. As empresas bem-sucedidas na transformação digital, são aquelas que adotam uma mentalidade ágil, estão dispostas a se adaptar e estão focadas em melhorar continuamente.

Transformação digital: exemplos em empresas

Por fim, as transformações digitais precisam abraçar todas as áreas da empresa, e não apenas os times de tecnologia.

Sem dúvidas, é um movimento que visa trazer melhorias aos processos, mais agilidade e produtividade organizacional. Ademais, o uso de dados e inteligência de negócio é uma tendência em todos os setores para que os negócios se tornem competitivos.

Isto significa repensar a própria estrutura organizacional e o modelo corporativo, mas também estimular que a empresa toda engaje no conhecimento das habilidades necessárias para essa transformação, sejam elas Soft Skills ou Hard Skills. Data Science, Business Intelligence, Digital Skills... Tudo isso pode ser desenvolvido com o direcionamento das organizações. Por isso, ressaltamos o quanto a educação corporativa é importante para os negócios.

Resistir à transformação digital é resistir ao inevitável. Então, por que não se aliar à mudança?

Quer saber mais sobre o mercado de tecnologia e educação corporativa? Receba a newsletter da Alura Para Empresas com insights mensais, direto em sua caixa de entrada!

Referências:

  1. CHIAVENATO, Idalberto. Recursos humanos: o capital humano das organizações. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2020.
  2. ISMAIL, Salim; MALONE, Michael S.; VAN GEEST, Yuri. Organizações exponenciais: por que elas são 10 vezes melhores, mais rápidas e mais baratas que a sua (e o que fazer a respeito). Rio de Janeiro: Alta Books, 2019.
Athena Bastos
Athena Bastos

Supervisora de Conteúdo da Alura Para Empresas. Bacharela e Mestra em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC. Pós-graduanda em Branding: gestão estratégica de marcas pela Universidade Castelo Branco - UCB. Escreve para blogs desde 2008 e atua com marketing digital desde 2018.

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