Carreiras em qualidade de software e quais soft skills são importantes para os profissionais da área
Para falar sobre carreira em qualidade de software, é importante também entender que em diferentes contextos você poderá encontrar diferentes posições, funções e nomenclaturas para os cargos das pessoas que atuam na área de qualidade.
Analista de qualidade (QA)
Popularmente chamado de QA, a pessoa analista de qualidade de software desempenha um papel crítico na garantia da qualidade de um produto ou serviço. Sua responsabilidade é assegurar que os padrões de qualidade definidos sejam atendidos ao longo de todo o processo de desenvolvimento ou produção. Alguns dos aspectos-chave desse papel são:
- Definição de padrões: analista de qualidade colabora na definição dos padrões e critérios de qualidade que o produto ou serviço deve atender. Isso pode incluir especificações técnicas, requisitos funcionais e expectativas dos clientes.
- Testes e avaliação: projetam e executam testes rigorosos para avaliar o produto ou serviço em relação aos padrões definidos. Isso envolve a identificação de defeitos, problemas de desempenho ou outras não conformidades.
- Documentação: analistas de qualidade documentam detalhadamente os resultados dos testes, incluindo relatórios de defeitos e problemas encontrados. Essa documentação é essencial para a resolução de problemas e a melhoria contínua.
- Colaboração: trabalham em estreita colaboração com outros membros da equipe, como desenvolvedores, designers e gerentes de projeto, para garantir que a qualidade seja uma preocupação central em todas as fases do projeto.
- Avaliação contínua: analista de qualidade não se limita a testar apenas no final do ciclo de desenvolvimento, pois podem se envolver no projeto desde o início, identificando riscos potenciais e acompanhando a qualidade ao longo do tempo.
- Melhoria contínua: com base nos resultados dos testes e na análise de dados, analistas de qualidade contribuem para a melhoria contínua do processo de desenvolvimento, identificando áreas em que a qualidade pode ser aprimorada.
- Treinamento e promoção da cultura de qualidade: podem fornecer treinamento e orientação à equipe para promover uma cultura de qualidade e garantir que todos compreendam a importância dos padrões de qualidade.
Controle de qualidade (QC)
É muito comum haver confusões relacionadas aos papéis exercidos pelas pessoas analistas de qualidade e responsáveis pelo controle de qualidade (QC).
Para entender melhor podemos definir esses papéis como:
- QA = controle de qualidade nos processos de desenvolvimento de um software.
- QC = controle de qualidade do produto finalizado.
OK, mas na prática qual a diferença de QA para QC? Como desempenham suas atividades até seus objetivos finais?
Para QA, é fundamental o estabelecimento de um sistema eficiente para a gestão da qualidade dos processos de desenvolvimento (todas as etapas do desenvolvimento de um software), visando sempre a melhoria contínua.
Para QC, é essencial a utilização de ferramentas de testes de software para encontrar e eliminar as fontes de problemas relacionados à qualidade do software final.
Analista de testes
Outra função que costuma causar confusões é a de analista de testes, que geralmente se concentra apenas na fase de testes do processo de desenvolvimento, enquanto a pessoa QA é responsável por garantir a qualidade do software em todas as fases, desde o planejamento até o lançamento.
Com tudo, dependendo do contexto da equipe e da empresa em que esses profissionais estão inseridos, pode ocorrer de a mesma pessoa exercer todas as funções mencionadas.
Senioridade
Assim como em outras carreiras em tecnologia, de acordo com as habilidades desenvolvidas e níveis de experiência, a pessoa QA pode desempenhar papéis variados de acordo com a sua evolução.
Vamos entender a seguir as responsabilidades e as habilidades típicas esperadas de QA júnior, pleno e sênior.
QA júnior:
Responsabilidades:
- Realizar testes de software de acordo com planos e casos de teste fornecidos.
- Registrar e reportar bugs e não conformidades. -Aprender os processos e procedimentos de QA da equipe.
- Participar de treinamentos e desenvolvimento profissional.
Habilidades típicas:
- Conhecimento básico de princípios de QA.
- Habilidades de execução de testes de acordo com instruções.
- Boa comunicação para relatar problemas de forma clara.
- Rápido aprendizado e disposição para se desenvolver.
QA pleno
Responsabilidades:
- Projetar planos de teste e casos de teste.
- Executar testes funcionais e de desempenho mais complexos.
- Identificar e relatar problemas de maneira precisa e detalhada.
- Colaborar na criação e revisão de documentação de qualidade.
- Auxiliar na automação de testes.
Habilidades típicas:
- Experiência em planejamento e execução de testes.
- Conhecimento de técnicas de testes e boas práticas de QA. -Habilidades de comunicação aprimoradas para interagir com a equipe de desenvolvimento.
- Pode começar a se especializar em áreas específicas de QA, como automação.
QA sênior
Responsabilidades:
- Projetar estratégias abrangentes de teste.
- Liderar a automação de testes e a implementação de práticas de teste contínuas (CI/CD).
- Fornecer orientação e treinamento a membros mais juniores da equipe.
- Participar na definição de processos de QA da organização.
- Resolver problemas complexos e desafios de qualidade.
Habilidades típicas:
- Vasta experiência em testes de software e gerenciamento de qualidade.
- Domínio de técnicas de teste, ferramentas de automação e práticas ágeis.
- Habilidades avançadas de comunicação e liderança.
- Capacidade de tomar decisões estratégicas relacionadas à qualidade.
- Pode se especializar em áreas específicas, como segurança ou testes de desempenho.
Soft skills
Pensando na rotina de analista de qualidade, existem várias habilidades necessárias para o bom relacionamento com a equipe em que está inserido e o sucesso do projeto.
- Comunicação: é uma das principais, visto que é uma posição que deve estar em contato com pessoas de diferentes níveis técnicos. Desta forma, é necessário exercer uma comunicação clara e objetiva para que todos possam compreender.
- Organização: também é primordial, pois a capacidade de analisar, organizar e priorizar as atividades de um projeto vão fazer com que o objetivo final seja alcançado.
- Pensamento analítico: a capacidade de analisar detalhadamente o software, identificar problemas e pensar de forma crítica sobre soluções é crucial para o sucesso na área de qualidade de software.
- Habilidade de resolução de problemas: enfrentar desafios e encontrar soluções eficazes para problemas é uma parte importante do trabalho de um analista de qualidade de software.
- Adaptabilidade: a área de tecnologia está em constante evolução, e analistas de qualidade precisam se adaptar a novas ferramentas, tecnologias e processos conforme necessário.
- Empatia: compreender as necessidades e expectativas dos usuários e stakeholders é importante para garantir que o software atenda às suas demandas.
- Foco na qualidade: demonstrar um compromisso inabalável com a qualidade é essencial para o papel de um analista de qualidade de software.
- Habilidade de documentação: a capacidade de documentar detalhes importantes dos testes e resultados é fundamental para manter um registro preciso do processo de qualidade.
- Gerenciamento de conflitos: às vezes, surgem divergências de opinião ou conflitos na equipe. Saber como lidar com essas situações de maneira construtiva é importante.
- Autodesenvolvimento: a área de qualidade de software está em constante evolução. Portanto, a disposição de aprender continuamente e melhorar suas habilidades é um aspecto crucial do sucesso.
Essas soft skills complementam as habilidades técnicas de um analista de qualidade e contribuem para um bom desempenho da função, ajudando a criar produtos de software de alta qualidade.
Ferramentas e dicas para otimizar sua rotina
Organização
É muito comum que seja necessário encontrar uma ferramenta para reportar as fases de desenvolvimento e também de testes para toda a equipe.
Normalmente opções que apresentam o formato de quadro (board) são as mais utilizadas para esse gerenciamento de tarefas, entre as opções as mais populares estão o Trello, o Jira, o Notion e até mesmo o Github possui uma opção de board para projetos que podem ser utilizado por equipes.
Esses recursos também podem ser utilizados para criar seu próprio quadro e te ajudar na organização pessoal das suas tarefas e prioridades.
Heurísticas de testes
Uma fantástica opção para ajudar na execução e raciocínio das tarefas e passos que precisam ser executados é a criação de atalhos mentais que te ajudem a memorizar todo o contexto do que precisa ser feito.
Para isso podemos criar heurísticas, que são acrônimos formados por contextos de testes que precisam ser executados.
Mas calma, para entender melhor vamos a alguns exemplos bastante utilizados.
Em programação, existe um conceito muito popular chamado CRUD acrônimo para: Create (criar), Read (ler), Update (atualizar) e Delete (apagar). O responsável por ele foi James Martin, que falou mais sobre em seu livro, publicado em 1980, “Managing the Data-base Environment”.
Este acrônimo também é uma heurística em que os termos Create, Read, Update e Delete podem ser exercitados, por exemplo, em testes que verificam a consistência dos dados em um e-commerce:
- Criar um produto.
- Pesquisar o produto criado e verificar se ele foi mesmo cadastrado.
- Alterar algum dado desse produto e verificar se a alteração foi feita.
- Excluir esse produto e verificar se a exclusão foi feita.
Outro bom exemplo é a heurística VADER, utilizada para testes de API Rest. Nesse caso, precisamos testar: Verbos, Autorização/Autenticação, Dados, Erros e Responsividade.
Seguindo essa heurística conseguimos visualizar melhor o que precisa ser testado dentro de cada um desses grupos:
- V (verbos): testar todos os verbos disponíveis na API, por exemplo, POST, PUT, PATCH, DELETE, GET, OPTIONS (que apesar de não ser um verbo também é testado).
- A (autorização/autenticação): testar se os recursos estão disponíveis apenas mediante ao uso de um token ou API Key; se essas informações são passadas no header ou via querystring na URL; e também os casos de exceção com usuários inválidos e/ou inexistentes.
- D (dados): testar a serialização dos dados, tipo, formato, regras de tamanho e paginação.
- E (erros): testamos os diferentes códigos de erro e os payloads (carga útil) considerando os cenários de exceção.
- R (responsividade): por fim validamos os timeouts (tempo esgotado) e concorrência.
Conclusão
Construir uma carreira como profissional de qualidade de software exige empenho e dedicação, mas você pode tornar esse caminho mais simples se utilizar recursos que ajudem a organizar sua evolução e descomplicar os processos com estratégias como o uso de heurísticas.
Para saber mais, confira: