Como liderar com coragem: o papel da segurança psicológica no sucesso das equipes

Como liderar com coragem: o papel da segurança psicológica no sucesso das equipes
Daniela Soares
Daniela Soares

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O papel das lideranças na construção dos times

Você está em posição de liderança? Esta posição mudou o seu comportamento?

Timothy Clark, em "Os 4 Estágios da Segurança Psicológica", apresenta uma visão poderosa sobre liderança, destacando a necessidade de gerenciar duas forças aparentemente opostas: aumentar o atrito intelectual e diminuir o atrito social, ao mesmo tempo.

Ele sugere que a liderança eficaz exige o equilíbrio simultâneo desses dois aspectos, o que colabora para um ambiente de trabalho psicologicamente seguro e colaborativo.

Esta visão de Clark baseia-se em seu entendimento de que, em geral, as organizações se mantêm competitivas na medida que conseguem inovar ou “incubar inovação”, como o autor se refere em seu livro.

Para isto, a liderança precisa gerenciar estas duas categorias de atrito citadas acima. Muitas lideranças subestimam o desafio de equilibrar essas forças.

Criar um ecossistema de colaboração corajosa não é apenas uma questão de habilidade técnica, mas uma prova de caráter pessoal e liderança aplicada. E isto é importante na medida em que:

  1. Promove um ambiente de confiança: no qual as pessoas se sentem seguras para compartilhar ideias sem medo de represálias ou julgamento.
  2. Incentiva debates construtivos: eliminando comportamentos defensivos ou agressivos.
  3. Desenvolve a empatia: enquanto estimula o desempenho e a criatividade.
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Ambientes de trabalho seguros e colaborativos

Time reunido em sala.

Para entendermos um pouco melhor o que Clark que dizer com isto, entenda-se que um ambiente no qual o atrito intelectual não é aumentado e o atrito social não é diminuído simultaneamente, é aquele caracterizado pela ausência de segurança psicológica.

Nosso autor destaca que “a ausência de segurança física pode causar ferimentos ou mortes, mas a ausência de segurança psicológica pode causar feridas emocionais devastadoras, prejudicar o desempenho, paralisar o potencial e destruir o senso de autoestima de um indivíduo” (4 estágios da segurança psicológica, Timothy Clark.).

Assim, o que caracteriza um ambiente psicologicamente seguro? Vamos conferir os 4 estágios definidos por Clark.

Segurança de inclusão

Neste primeiro estágio da segurança psicológica, asseguramos que as pessoas se sintam aceitas e valorizadas como membros do grupo, independentemente de sua identidade ou origem.

O objetivo é eliminar a exclusão social e criar pertencimento. Dessa forma, é papel da liderança promover: respeito, empatia e diversidade.

Segurança do aprendiz

No segundo estágio o foco é criar um ambiente no qual as pessoas se sintam seguras para aprender, fazer perguntas, experimentar e até mesmo cometer erros, sem medo de julgamento ou retaliação.

O objetivo é estimular o crescimento pessoal e a troca de conhecimentos. Assim, cabe à liderança incentivar: curiosidade e aprendizado como valores essenciais.

Segurança do colaborador

No terceiro estágio o foco é assegurar que as pessoas possam contribuir livremente com suas ideias, talentos e esforços, sem receio de rejeição ou desvalorização.

O objetivo é valorizar e encorajar a participação ativa. Portanto, cabe à liderança criar um ambiente de colaboração aberto e respeitoso.

Segurança do desafiador

No último estágio o foco é garantir que as pessoas se sintam seguras para questionar o status quo, levantar problemas ou propor mudanças, sem medo de represálias. O objetivo é fomentar a inovação e a melhoria contínua. É papel da liderança cultivar uma cultura de coragem e confiança.

Para além das descrições que encontramos em seu livro, Clark identifica que o que ele entende por segurança psicológica atende a três necessidades humanas fundamentais: necessidade de segurança, necessidade de pertencimento e necessidade de satisfação. Estas necessidades são intrinsecamente ligadas ao bem-estar individual e à dinâmica de trabalho em equipe.

Liderando com coragem

Homem negro palestrando na multidão.

Já sabemos qual o papel da liderança segundo Clark, mas como é possível incentivar, cada dia mais, que líderes ajam com coragem?

De acordo com Brené Brown em “Dare to Lead”, a liderança corajosa é aquela que equilibra vulnerabilidade e coragem. Isso inclui:

1 - Envolver-se em conversas autênticas, mesmo que difíceis, reconhecendo incertezas e riscos emocionais sem fugir ou se proteger excessivamente.

2 - Praticar uma liderança alinhada com valores pessoais e organizacionais, garantindo que ações e decisões reflitam esses princípios.

3 - Focar em comportamentos consistentes que promovam conexão e respeito mútuo, reconhecendo que a confiança cresce em pequenos momentos cumulativos.

4 - Encarar falhas como oportunidades de crescimento, criando resiliência para lidar com desafios inevitáveis.

Brown destaca que a coragem não significa ausência de medo, mas disposição para agir mesmo em situações de incerteza.

Essa abordagem exige autoconhecimento, empatia e comprometimento com o desenvolvimento pessoal e do time.

Uma liderança corajosa também desafia sistemas que recompensam comportamentos defensivos, promovendo culturas que incentivam autenticidade, inovação e pertencimento​

Enquanto, de um lado, Clark nos fornece um modelo estruturado de segurança psicológica, Brown, por outro, aprofunda o papel emocional e relacional da liderança, oferecendo ferramentas para cultivar a coragem, a confiança e a conexão.

Como liderar com coragem

Uma maneira de entender em que ponto uma liderança está quando se trata de liderar com coragem, conforme apresentado por Bené Brown, é responder perguntas como:

1 - Estou disposta a ter conversas difíceis com minha equipe, mesmo quando elas me deixam desconfortável?

2 - Como lido com críticas ou feedbacks que desafiam minha perspectiva?

3 - Estou praticando empatia e curiosidade ao invés de reagir defensivamente?

4 - Quais são os meus valores fundamentais, e como eles aparecem nas minhas decisões diárias?

5 - Estou cultivando relações de confiança ao longo do tempo ou esperando resultados imediatos?

6 - Dou espaço para minha equipe refletir sobre suas falhas e aprender com elas sem medo de punição?

Além destas perguntas, Timothy Clark pede, em seu livro, um exame de consciência institucional as lideranças. São quatro perguntas para a reflexão:

1 - Você realmente acredita que todos os homens e mulheres são criados iguais, e você aceita os outros e os acolhe em sua sociedade simplesmente porque eles possuem carne e sangue, mesmo que seus valores sejam diferentes dos seus?

2 - Sem preconceitos ou discriminação, você encoraja os outros a aprender e crescer, e você os apoia nesse processo mesmo quando eles não têm confiança ou cometem erros?

3 - Você concede aos outros o máximo de autonomia para contribuir à sua maneira, à medida que demonstram sua capacidade de entregar resultados?

4 - Você sempre convida outras pessoas a desafiar o status quo para melhorar as coisas, e você está pessoalmente preparado para estar errado com base na humildade e na mentalidade de aprendizado que você desenvolveu?

Conclusão

As perguntas acima incentivam uma reflexão profunda sobre o papel da liderança em construir um ambiente psicologicamente seguro, no qual todas as pessoas da equipe se sintam aceitas, apoiadas e encorajadas a contribuir com seu máximo potencial.

A primeira pergunta destaca a importância de aceitar as pessoas como são, independentemente de suas diferenças.

Uma liderança corajosa deve promover a diversidade e inclusão, acolhendo as diferentes perspectivas da equipe. Isso cria um ambiente no qual todos se sentem respeitados e valorizados, essencial para a segurança psicológica.

A segunda questão foca no papel da liderança em apoiar o aprendizado contínuo e o crescimento, especialmente em momentos de erro ou falta de confiança.

Líderes corajosos incentivam a experimentação e o aprendizado com os erros, sem julgamento!

Já a terceira pergunta enfatiza a importância de conceder autonomia para a equipe, assim é possível que cada pessoa expresse suas habilidades e talentos de forma única.

Líderes que confiam nas capacidades de sua equipe e lhes dão liberdade para agir fomentam um ambiente de segurança psicológica, pois cada pessoa sente que suas contribuições são valiosas e que têm o controle sobre seu próprio trabalho.

Por fim, a última pergunta destaca a disposição de desafiar o status quo e de estar aberto ao erro, baseando-se na humildade e na mentalidade de aprendizado.

Líderes que estão dispostos a ser vulneráveis e reconhecer quando estão errados incentivam uma cultura de inovação e melhoria contínua.

Mas antes de finalizarmos este artigo, um convite! Clark faz um apelo em “Os 4 estágios da segurança psicológica”: “Por favor, não leia este livro para obter informações. Leia-o para agir”.

Eu faço um convite para você: não leia este artigo apenas para obter informações, mas para transformá-las em ação no dia a dia.

Confira:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Brown, Brené (2018). Dare to Lead: Brave Work. Tough Conversations. Whole Hearts. Random House.

Clark, Timothy (2023). Os 4 estágios da segurança psicológica: definindo o caminho para a inclusão e a inovação. Alta Books.

Daniela Soares
Daniela Soares

Daniela é formada em Filosofia e Pós-graduanda em Neurociência, Saúde Mental e Educação. É instrutora na Alura, integrando uma equipe dinâmica na qual produz conteúdo sobre Aprendizagem, Gestão, Agilidade e Inovação. Comprometida em fomentar aprendizado e crescimento contínuo para os estudantes, sua formação filosófica a proporciona habilidades críticas e de resolução de problemas aplicadas na superação de desafios do Ensino em Tecnologia.

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