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Comunicação não violenta: consciência para agir

O Cerne da comunicação não violenta - Apresentação

Seja bem-vinda e seja bem-vindo ao nosso curso sobre comunicação não violenta. O meu nome é Priscila Stuani, e o meu papel aqui é facilitar o seu aprendizado. Este curso foi criado especialmente para todos os profissionais, independente da sua área de atuação, que querem descobrir maneiras de como melhorar a sua relação com as outras pessoas, inclusive consigo mesmo através do autoconhecimento.

O que é a comunicação não violenta, também chamada de CNV? Ela é uma abordagem que busca a resolução de conflitos por meio de diversas práticas que estimulam a compaixão e a empatia. Por trás da CNV, nós vamos descobrir quais são os principais pilares que vão nos acompanhar nesse processo.

Você vai aprender muitas coisas, como por exemplo, como funciona o processo da comunicação não violenta. Você vai descobrir maneiras de como observar sem emitir avaliações, sem julgar as outras pessoas. Você vai aprender a como criar um vocabulário para suas emoções.

Afinal de contas, quando nós vamos na escola, quando nós somos pequenos, nós aprendemos a ler, a escrever e interpretar texto, mas nós não aprendemos a interpretar as nossas emoções. E quando nós chegamos principalmente na fase adulta, nós vemos a falta que isso faz. Vamos conhecer quais são os quatro componentes da CNV e como melhorar a nossa assertividade na comunicação.

Além disso, eu quero dar alguns recados especiais para você. Lembre-se, você vai ter acesso ao fórum, a partir do momento que você se matricula nesse curso. E você vai poder compartilhar tudo aquilo que você descobriu. Livros, leituras, vídeo. Várias coisas que estão relacionadas com o tema, que você achou importante, que podem ajudar os outros colegas. Lembre-se, compartilha conosco através do fórum.

Anote tudo que você considerar importante, porque é um assunto muito denso. E por mais que ele seja importante, nós precisamos, muitas vezes, recorrer àquelas anotações para nós começarmos a internalizar todo esse conhecimento e, principalmente, praticar nos momentos mais apropriados.

E lembre-se: mantenha o foco. Se você se matriculou nesse curso, assista os vídeos, faça os exercícios, compartilhe as respostas que você chegou, ou das coisas que você gostou no fórum, para nós promovermos esse aprendizado, porque eu tenho certeza que, tanto você, quanto eu e os outros alunos, também vão aprender a partir dos comentários que você fizer lá.

Se você ficou interessado, curioso, e quer entender melhor o que é a comunicação não violenta, continua comigo no próximo vídeo.

O Cerne da comunicação não violenta - Concentre sua atenção

Conheçam a Milena, ela vai ser a nossa personagem desse curso. A Milena trabalha numa agência de marketing que se chama Duplo A, e eles atendem vários setores, como por exemplo, área pet, a área de arquitetura, bancária.

Mas como será o dia a dia da Duplo A? Perceba que nós vamos ver alguns exemplos, mas a ideia é fazer com que você consiga traçar paralelos com a sua realidade, justamente para começar a perceber essas nuances, que são muito sutis, mas que nós vamos ver que está relacionado à comunicação.

No caso da Milena, ela tem constante contato com os novos clientes, ou com aqueles clientes que estão na base, que já fazem parte da sua carteira. Ela precisa fazer a interface entre os clientes e as áreas técnicas da agência. Fazer, devolver, feedback das coisas que as clientes gostaram, do que precisa ser melhorado, para esse time. E também, entrar em contato com os clientes para verificar o nível de satisfação que eles têm com os produtos e serviços que a Duplo A entrega.

Perceba que ela atua no setor de atendimento. Quando nós falamos de comunicação, nós precisamos lembrar uma coisa muito importante: ter uma boa comunicação é fundamental nesse processo, porque ela atua no setor de atendimento, mas independente da área, do setor, do porte da empresa, a comunicação é fundamental.

É o que vai fazer com que nós criemos bons relacionamentos, consiga descobrir, fazer novas descobertas, aplicar conhecimento, compartilhar o que nós aprendemos. Veja que é um leque muito grande de benefícios que nós vamos ganhar. Nesse caso, eu estou criando um ambiente onde nós vamos falar sobre o setor de atendimento, mas a ideia é fazer com que nós tracemos esses paralelos para verificar, no nosso dia a dia, como eu agiria se fosse uma situação real, se acontecesse de verdade comigo.

Nós vimos que nesse processo de comunicação é natural que surjam dúvidas. O que você faz se você tem uma dúvida? Você vai até uma pessoa que pode te ajudar e faz a pergunta. E foi exatamente isso que a colega que trabalha no time da Milena fez, ela tinha uma dúvida e foi perguntar para quem poderia ajudá-la. E sabe qual foi a resposta?

A Milena olhou para ela e falou assim: olha, eu já te expliquei várias vezes o que você pode fazer nesse caso. Você tem que prestar mais atenção, porque se nós ficarmos perdendo tempo com isso de novo vai ficar difícil. Como será que a pessoa que recebeu essa resposta se sentiu? Provavelmente, para a Milena, foi tudo normal, mas para pessoa que fez a pergunta, não foi. Afinal de contas, ela só queria tirar uma dúvida.

Pode gerar vergonha, timidez, a pessoa pode se sentir menosprezada, porque ela tinha uma dúvida e era simples, era só a Milena responder, mas não, ela já veio com essas broncas. Por que será que a Milena agiu dessa maneira? Para a Milena, faz muito sentido se ela começar a tratar as pessoas de maneira mais ríspida, porque ela acha que isso significa economia de tempo. As pessoas têm que prestar mais atenção do que eu falo, as pessoas têm que ter mais autonomia para buscar respostas.

O pensamento dela parece que é divergente dessa moça que trabalha no time. Conforme os dias foram passando e as respostas da Milena foram acumulando nesse sentido de que você tem que prestar mais atenção, não me pergunte essas coisas, porque você já deveria saber a resposta. Fez com que essa profissional começasse a ter um comportamento diferente do grupo. Ela começou a ficar mais separada, mais quietinha, entrava muda na reunião e saia calada. Os prazos dessa pessoa começaram a desandar.

Perceba que existem vários indicadores, vários fatores, que podem interferir na nossa rotina profissional. Se nós estamos com problema em casa, provavelmente, no trabalho, a ideia é fazer com que nós nos desconectemos, mas nem sempre isso é possível. Fica difícil afirmar para vocês que esse comportamento começou a surgir por conta das respostas mais ríspidas, mais agressivas, que a Milena deu para essa pessoa.

Mas, com o passar do tempo, nós começamos a observar que, no time da Milena, aquela pessoa é uma, depois viraram vários. E aí? O que será que pode ser feito para lidar melhor com essa situação?

Imagina que eu encontrei a Milena e comecei a conversar com ela. Falei assim: olha, como vão as pessoas do seu time? A performance deles diminuiu muito do começo do ano até agora. Perceba que eu chego com um fato. Se eu for chegar para confrontar alguém, no melhor sentido da palavra, eu preciso estar embasada com fatos. Porque se eu chegar com achismo, a chance de eu levar uma resposta ríspida da Milena é muito grande.

A ideia é sempre nós identificarmos fatos, chegarmos para e pessoa e mencionarmos. E no caso da Milena, ela me respondeu: a rotina está bem estressante. Será que existe algo que nós podemos fazer para melhorar isso? A Milena respondeu: contratar mais pessoas?

Partindo do principio que as empresas, cada vez mais, estão enxutas, nós temos um acúmulo de função muito grande em vários setores, é natural que a empresa tenha começado com três pessoas no setor, e essas pessoas foram acumulando funções para fazer o trabalho de dez. Contratar pessoas para redistribuir essas tarefas deixar, tudo igualzinho, dividir o esforço, faz sentido. Mas será que nós não vamos arrumar outros problemas?

Perceba que o comportamento dessas pessoas está indicando que, talvez, a comunicação não esteja muito positiva, não seja de uma forma amigável, e faz com que as pessoas não queiram mais ir trabalhar. Elas estão contando os segundos para poder sair. Por mais que a Milena não tenha percepção de que isso possa acontecer, é importante nós começarmos a pensar nessas variáveis.

Nós fazemos uma pergunta para Milena: quantas vezes ela costuma ser mais dura com as suas palavras? Será que com cliente ela também age assim? Será que com a família dela, ela age assim? Nesse momento, quando nós começamos a tentar entender o que passa com a outra pessoa, nós precisamos ter algo muito presente: fazer tudo isso sem julgamento. Porque, da mesma maneira que um profissional teve dúvida e a Milena foi ríspida com essa pessoa, por que será que a Milena foi ríspida?

Muito provavelmente, ela tenha os motivos dela, as razões dela. Nesse caso, nós precisamos começar a observar tudo isso sem julgar, porque senão nós começamos a criticar as pessoas: essa Milena é uma estressada, ela chega aqui e quer dominar tudo. Eu não estou falando que a Milena é uma santa, pelo pouco que nós vimos, parece que ela tem uma personalidade muito forte.

E a questão não entrarmos no mérito se isso é porque ela tem uma personalidade forte, porque o signo dela é aquele, enfim, nós não vamos discutir sobre isso, mas tentarmos observar o que está acontecendo sem o julgamento. E nós entramos numa questão muito importante, que é o cerne do curso, que nós vamos falar da comunicação compassiva, mais conhecida como comunicação não violenta.

O psicólogo Marshall Rosenberg foi o profissional que cunhou esse termo: comunicação não violenta, e como é que isso pode ajudar a Milena? Eu vou ler esse trecho que diz o seguinte: a CNV, comunicação não violenta, se baseia em habilidades de linguagem e comunicação que fortalecem a capacidade de continuarmos humanos mesmo em condições adversas.

Perceba que a justificativa da Milena poderia ser: eu estou muito atarefada, todas as pessoas querem falam comigo ao mesmo tempo, eu fico estressada e essa é minha maneira de extravasar. Ok, não estou dizendo que ela não pode ficar estressada. Mas perceba um ponto fundamental: a comunicação fortalece a capacidade de continuarmos humanos mesmo em condições adversas.

O que seria um desafio para Milena quando alguém, algum profissional do seu time, perguntasse alguma coisa para ela? Dentro da visão da CNV, é justamente respirar fundo e ouvir aquela pergunta. Sem julgamento, sem achar que aquela pessoa é ignorante, que não presta atenção, onde já se viu perguntar isso pela segunda, terceira, décima vez.

Realmente, nós podemos ficar incomodados se uma pessoa ficar perguntando várias vezes a mesma coisa, mas por que será que ela faz isso? O que será que ela não entendeu? Será que tem alguma maneira de eu explicar isso para que faça mais sentido para ela? Porque, às vezes, as coisas ficam muito lógicas para nós, e quando vamos transmitir essa informação, a nossa lógica, a nossa coerência se perdem, e a outra pessoa não tem que adivinhar aquilo que nós falamos. Nesse caso, a CNV pode ser bem útil para Milena.

A CNV vai reformular a maneira pela qual nos expressamos e também ouvimos os outros, porque nós sempre focamos no falar. Não, porque nós temos que nos comunicar bem, as pessoas têm que entender o que eu falo. Mas e quando elas falam conosco? Como é que nós ouvimos isso? É importante nós fazermos esse paralelo entre comunicação e saber ouvir bem.

Tudo isso vai fazer com que nós repensemos as nossas reações repetitivas. O comportamento da Milena, geralmente, era: a pessoa perguntou mais de uma vez a mesma coisa, bronca. A pessoa veio de novo, bronca. Com a CNV, nós vamos começar a identificar quais são esses comportamentos repetitivos e transformar tudo isso em respostas conscientes, ou seja, começar a tentar entender por que aquilo está acontecendo para tentarmos sair desse piloto automático.

A consequência disso é fazer com que percebamos mais as coisas, com que nós sintamos mais as coisas e que nós desejemos, realmente, fazer alguma coisa. Por que eu reagi assim? É uma das perguntas que, muitas vezes, nós fazemos quando nós passamos por uma situação onde nós devolvemos uma resposta mais ríspida. Sabe aquele bate pronto? Tomou levou? Às vezes precisamos começar a pensar mais, justamente para não cair naquele ditado popular: enfiei os pés pelas mãos, ou seja, nos arrependemos de alguma coisa que fizemos.

Quando nós começamos a trazer essa pergunta: por que eu reagi assim? Fiquei nervosa, chorei, fiquei irritada, fiquei incomodada. Nós começamos a trabalhar a auto-observação. Porque eu posso ver o comportamento da Milena e começar a julgar. A Milena está muito estressada, a Milena precisa de férias, Milena não sei o quê. E quando sou eu? Eu preciso trazer isso para o meu dia a dia. Começar a me auto-observar.

Vamos focar na nossa pessoa. Você foca na sua, e começa a pensar por que você reage de acordo com as respostas que você tem dado, que muitas vezes, depois, você para pra pensar e fala assim: poderia ter falado com outras palavras, ou poderia ter agido de outra maneira. O objetivo é conseguirmos controlar, contornar esse tipo de comportamento e também controlar mais os nossos impulsos de falar no momento que nós escutamos as coisas.

Vamos passar a substituir os velhos padrões, ou seja, tudo que a Milena faz, por exemplo, você tem que prestar mais atenção, eu já te expliquei tudo isso. Talvez, isso aconteça porque outras pessoas ensinaram-na a agir assim. Que um líder bom é um líder bravo, um líder que quer que seu time saiba tudo de cor e salteado. Óbvio, nós queremos ganhar tempo, melhorar nossa produtividade, mas nem por isso nós precisamos responder as pessoas de forma agressiva.

Nós precisamos começar a entender o que estávamos fazendo que não estava legal, através dessa auto-observação, e começar a substituir esses velhos padrões e melhorar a nossa relação com as outras pessoas que estão envolvidas nesse processo de trabalho, de comunicação e assim por diante. Porque tudo isso vai nos ajudar a minimizar as nossas posturas defensivas.

Quantas vezes a Milena age na defensiva, porque as pessoas parecem estar a desafiando, ou ela se sente criticada. E quanto mais claro fica o que o outro está sentindo, ao invés de ser julgado, a Milena vai descobrir a profundidade da sua própria compaixão.

Ao invés de ficar irritada e achar que aquela pessoa não presta atenção, é desatenta, ela vai começar a pensar em esquemas. Será que se eu explicar de outra maneira vai facilitar o aprendizado dessa pessoa? Será que vai ficar mais claro? Além de ela entender que aquela pessoa pode ter mais dificuldade, ela pensa em soluções, em propostas de como melhorar essa questão.

E nós vamos entrar num ponto importante, sobre o que a comunicação não violenta promove. Ela vai promover o respeito, a atenção e a empatia. E nós começamos a entregar, de coração, tudo aquilo que nós nos predispomos a fazer. Mas, segundo a CNV, o que é entregar de coração? Nossos atos brotam da alegria que surge e resplandece sempre que enriquecemos de boa vontade a vida da outra pessoa. Isso beneficia tanto quem dá quanto quem recebe.

Perceba que a comunicação não violenta tem um desafio de fazer com que a Milena comece a observar melhor os comportamentos que ela tem, em relação às outras pessoas, através da comunicação, e como que ela pode substituir esses velhos padrões por novos comportamentos, e facilitar a sua interação com as pessoas, trazer as pessoas mais pra próximo dela, e também como ela pode pensar em soluções que vão facilitar, que vão ajudar a compreensão das pessoas acerca daquilo que elas precisam fazer.

Independentemente se você trabalha no setor de atendimento ou em outro setor, percebeu que a comunicação não violenta pode ser bem útil para você também.

O Cerne da comunicação não violenta - O processo da CNV

Quando falamos em comunicação não violenta, é importante lembrarmos que a CNV não é uma técnica pré-estabelecida, ou seja, não tem um manual, não tem um guia auto explicativo sobre como você pode utilizar a comunicação não violenta no seu dia a dia. Ela diz que nós criamos um estado de consciência que nos ajuda a desenvolver a nossa compaixão. E a partir disso, nós nos comunicamos de uma forma mais saudável, no sentido de não ser tão reativo.

Nós vamos começar a adaptar algumas frases, algumas coisas que nós temos aprendido ao longo da nossa existência, como por exemplo, se nós viramos para uma pessoa e falamos: se eu consegui fazer você também consegue. Ao invés de nós usarmos essas palavras, essas frases prontas, nós podemos transmitir essa mesma ideia com outras palavras. Como por exemplo, sei que está difícil, mas eu acredito no seu potencial de fazer. Olha só, você transmitiu a mesma mensagem, a mesma ideia, mas com palavras totalmente diferentes.

Você acha que uma pessoa vai se sentir mais acolhida se ela ouvir a primeira ou segunda? Se a Milena tiver um momento em que ela precisa conversar com alguém do seu time, ou com algum amigo, algum familiar. Vamos pensar em contextos diferentes, não apenas um profissional. Você acha que essa pessoa vai se sentir mais acolhida, mas desafiada, no melhor sentido da palavra, com qual frase?

Pois é, é a segunda. Sei que está difícil, mas eu acredito no seu potencial. Nós precisamos começar a substituir essas frases que falamos de modo automático, porque nós aprendemos ou porque nós achamos que é o certo, por coisas que vão transmitir, por frases que transmitem aquela mesma ideia, mas que acolham, que motivem, que incentivem aquelas pessoas a entregarem sempre o seu melhor.

A Milena vai fazer um trabalho, uma observação, que você pode começar a fazer no ambiente onde você está. Comece a perceber como as pessoas se comunicam, como que elas falam umas com as outras, e comece a filtrar o que você acha legal, o que você acha que pode ser diferente, que você acha que pode ser melhorado.

E a partir disso, nós vamos entender que o pulo do gato da CNV é quando nós começamos a observar sem julgamentos e quando nós começamos a perceber o que nos agrada ou não e também, quando alguém age, o que nós achamos interessante ou algo que não é tão interessante.

Começa a trazer para o seu contexto, começa a observar as pessoas se relacionando e veja como será que aquela pessoa se sentiu ao ouvir isso, por que aquela pessoa disse aquilo. Isso é um exercício para nós começarmos a desenvolver, a estimular a nossa compaixão.

E nós entramos numa pergunta muito interessante: como eu me sinto? Porque nós, muitas vezes, entramos no loop automático e nós não conseguimos diferenciar, exatamente, quais são as emoções que nós sentimos. Quando uma situação aconteceu, imagina a profissional que a Milena, no comecinho do vídeo da aula anterior, recebeu aquela resposta bem ríspida: já falei mais de uma vez com você, preste mais atenção. Como será que ela se sentiu? Desamparada, envergonhada?

Ou, em outras situações, como nós nos sentimos? Quais são os vários sentimentos que tem aí? Fiquei emocionada, fiquei feliz, fiquei alegre, que triste, fiquei esperançosa, enfim, nós começamos a nomear essas emoções, justamente porque nós precisamos entender o que está acontecendo. Se eu gostei de uma ação, eu vou esboçar o sorriso, eu vou ficar mais receptiva. Se eu não fui muito com a cara da mensagem, eu não gostei muito como uma pessoa falou comigo, a tendência eu me retrair, me fechar.

Nós precisamos começar a observar, tanto em nós, lembre-se da auto-observação, mas também quando nós nos relacionamos com outras pessoas. E nós vamos reconhecer o que causou essas sensações em nós, porque senão nós entramos no modo automático, só de olhar para a pessoa nós já não gostamos, ou se alguém falou uma frase, nós não gostamos, nos esquivamos, já ficamos retraídos.

E nós começamos a perder oportunidade de nos relacionar com as pessoas, de conversar, de conseguir extrair o melhor de cada um de nós, inclusive o nosso melhor. A comunicação não violenta vai nos ajudar nesses diversos cenários.

Imagine que a Milena chegou na casa dela e, ao invés dela ficar brava, esbravejar com o filho dela, porque a casa estava uma bagunça, roupas estavam espalhadas pela casa, ela fez uma abordagem diferente. Ela colocou assim: Edgar, quando eu vejo duas bolas de meias sujas debaixo da mesinha e mais três peças da TV, eu fico irritada, porque eu preciso de mais ordem no espaço que usamos em comum.

Perceba que ela não só fiz críticas, ela não só chamou a atenção. Ela justificou e ela explicou por que ela quer um ambiente mais agradável para todos eles. Você poderia colocar as suas meias no seu quarto ou na lavadora, por favor? Depois da sua observação vem o pedido. Nós colocamos uma situação e, ao final, partindo do princípio que aquela pessoa vai entender por que nós falamos tudo isso, nós fazemos o pedido, para que tenha uma ação.

Senão, fica mãe e filho discutindo, que uma pessoa não organizou, a outra tem que reorganizar tudo e nada resolvido. Perceba que nós temos como fazer essas observações, esse julgamento, e, ao final, fazer um pedido. Que é para nós tentarmos resolver a situação. E tudo isso para nós falarmos da questão do pedido específico.

Ao invés de a Milena chegar e criticar o filho dela, não. Olha, aconteceu isso, eu fico irritada por conta disso. Por favor, recolha as roupas e coloca na lavadora, organize-as. Quando nós colocamos essas questões, nós indicamos o que nós queremos da outra pessoa para tornar a nossa vida melhor. Porque, senão, fica aquela discussão o tempo todo por conta da bagunça, e nada resolvido.

Perceba que tudo isso pode ser adaptado em diversos setores. Imagina na empresa, se ela começa a ter essas respostas, essas discussões com as pessoas da sua equipe, e nada é resolvido. Porque ela sempre fica despejando, e a outra pessoa, por sua vez, só recebendo, vai guardando tudo e não entram num consenso, eles não conseguem discutir, propor melhorias. Perceba que isso vai facilitar muito a nossa interação com as outras pessoas.

A CNV é baseada em quatro componentes. É importante nós falarmos sobre a observação, sobre os sentimentos, sobre as necessidades e sobre o pedido. Eu observo aquela situação, identifico dentro de mim ou naquela pessoa que está envolvida, o que está passando, o que nós estamos sentindo, quais são as necessidades que nós queremos atingir, olha, eu tenho a necessidade de manter o ambiente organizado. Por favor, guarde as suas roupas ou ponha na máquina de lavar. Vai ter sempre esse fluxo.

Muitas vezes, no nosso dia, tudo acontece tão instantaneamente que nós não temos tempo para pensar em tudo isso. E se você parar para pensar é bastante coisa. Vou ter que observar, vou ter que avaliar os meus sentimentos, vou ter que entender as necessidades e, no final, vou ter que fazer um pedido. Parece muita coisa. Mas com o tempo, com prática, nós vamos internalizando todo esse processo e as coisas vão fluir de maneira mais natural.

Perceba que quando nós temos uma interação onde nós fazemos todo esse processo, nós conseguimos ter uma convergência de ideias. Nós conseguimos transmitir para o outro, e o outro se sente acolhido, se sente compreendido e lança o que ele espera de nós, e fica tudo fluindo no mesmo nível.

Nós precisamos lembrar: o que nós vamos observar, o que nós sentimos, o que nós precisamos e o que pode enriquecer a nossa vida. Não é muito legal? Não é muito melhor você estar num ambiente onde você tem situações que podem gerar críticas, mas você faz um pedido, a partir da observação que você fez, e as coisas começam a fluir melhor? Não é muito mais importante você estar num ambiente assim, do que aquele que as pessoas só ficam se criticando, julgando e nada vai pra frente?

Óbvio, a resposta é simples, sim. Faz todo o sentido. Mas como é que nós fazemos isso? E esse é o grande desafio que a CNV traz para nós trabalharmos. Quando nós temos um fluxo de comunicação, nós começamos a entender o que o outro está sentindo, o que eu posso fazer para melhorar essa questão, e é um ambiente muito propício para que a compaixão floresça e se desenvolva.

A partir do momento que eu entendo por que aquela pessoa está agindo assim, eu também mudo a minha postura, no sentido de tentar acolher e não só fazer críticas, ou não fazer só pedidos, porque às vezes as pessoas só fazem pedidos, elas não justificam. Elas meio que tem uma maneira de só cobrar dos outros, e nós vamos ver que a CNV é um conjunto. Nós temos que prestar atenção em todos esses elementos para facilitar a nossa convivência com as outras pessoas.

E pensando nisso, nós temos que lembrar de alguns fatores. Quais são as ações concretas que nós observamos e que afetam o nosso bem-estar; como nos sentimos em relação ao que nós observamos; quais são as necessidades, os valores, os desejos que geram sentimentos, tanto nas pessoas para que elas cumpram alguma coisa que nós solicitamos, ou não; e quais são as ações concretas que pedimos para enriquecer as nossas vidas.

A partir do momento em que eu considero tudo isso, o resultado vai fazer com que a empatia seja algo mais natural, que eu pratique essa simpatia. Que eu não dê ordem, mas que eu compreenda as necessidades dessas pessoas e tente ajudá-las, ao invés de ficar só ditando regras, porque nós sabemos que nem tudo vai para frente quando nós temos esse perfil mais agressivo.

Lembre-se, como você tem trabalhado a empatia, a questão da empatia no seu dia a dia. Você tem escutado? Você tem você tem se auto-observado? Você tem nomeado as emoções que você tem? Você tem feito pedidos coerentes, claros, para que a outra pessoa também entenda? Esse é um dos grandes desafios que a comunicação não violenta vai nos ajudar a desenvolver.

Sobre o curso Comunicação não violenta: consciência para agir

O curso Comunicação não violenta: consciência para agir possui 94 minutos de vídeos, em um total de 51 atividades. Gostou? Conheça nossos outros cursos de Softskills e Carreira em Inovação & Gestão, ou leia nossos artigos de Inovação & Gestão.

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