Na aula anterior nós falamos sobre as competências mais buscadas no mercado e talvez você esteja preocupado com as competências que você identificou que ainda não tem, ou que precisa desenvolver.
Acalme-se! A boa notícia é que todas elas podem ser desenvolvidas. Mas nós vamos entender. Todas elas, eu realmente consigo desenvolver? Há diferença entre as competências natas e as competências adquiridas - ou seja, eu preciso nascer com aquilo, com aquela determinada habilidade para me destacar nela, ou eu posso desenvolver isso com o tempo?
Nós vamos ver a visão de dois livros. O primeiro deles é o “Outliers” que eu já falei algumas vezes aqui. Gosto bastante dessa leitura. Em português o nome é “Fora de Série” (“Outliers”). O autor traz uma visão que quebra alguns paradigmas. O primeiro deles é que o esforço é superior ao talento. Você pode ter um talento natural, algumas das competências já serão qualidades mais desenvolvidas que nasceu com você e que você tem desde a sua infância.
Mas isso não necessariamente significa que esse é o único fato que vai te destacar, que vai ser responsável por você ser uma pessoa de sucesso nisso. Não! Porque o esforço acaba sendo superior ao talento que você já tem, o talento nato. Então de nada adianta, por exemplo, você nascer com uma grande habilidade corporal, com jogar muito bem o futebol, mas não treinar ou não entrar em um determinado clube de futebol e desenvolver a sua carreira.
Já, ao passo que, se você não tem uma grande habilidade ou não nasceu com essa grande habilidade, mas você logo cedo entrou em uma escola de futebol, treinou muito, treinou pesado, foi escolhido por um clube e teve incentivo e teve uma série de fatores - você pode ser até mais, se destacar mais do que aquela pessoa que nasceu com talento nato, mas não se esforçou para desenvolver a habilidade. Uma coisa interessante que o livro traz é que não é tão simples assim. Requer muito tempo de prática.
Esse livro avalia uma série de atletas, músicos, pessoas de diferentes áreas e ele chega a uma conclusão de que as pessoas que são fora de série, que são diferenciadas, têm no mínimo 10 mil horas de prática. Então leva um tempo considerável para você se tornar especialista em algo. E também, o autor destaca que, em geral, essas pessoas têm algum tipo de vantagem cumulativa.
Ou seja, fatores ambientais ou culturais que fizeram com ele também se destacasse ou conseguisse treinar aquela determinada habilidade, ou aquele componente do jogo sendo um atleta ou um músico em relação à música.
Então, muitas das vezes, o lugar onde a pessoa nasceu e fomentou, trouxe uma bagagem cultural para ela maior. As pessoas da família também. Então ela foi exposta de uma maneira mais precoce às questões de aprendizagem e de vivência que a ajudaram a desenvolver aquelas habilidades.
E isso se desenvolve como uma vantagem competitiva em relação às outras pessoas que não tiveram acesso a isso. O autor disse que até mesmo questões geográficas podem influenciar, a data de nascimento. Então eles fazem um estudo.
Um outro fator que o autor traz também é exposição a oportunidades. Ou seja, o quanto aquela pessoa teve acesso à determinadas coisas que outra não teve. Então, além dos fatores ambientais, culturais e até mesmo geográficos, o autor estuda os atletas, por exemplo, e identifica que aqueles que são mais bem-sucedidos, tanto no futebol americano quanto no basquete e outros, em geral, são aqueles que nasceram no início do ano e entraram primeiro nas escolas, começaram a treinar mais cedo do que os outros que nasceram no meio ou no fim do ano.
Então essa vantagem competitiva de exposição à oportunidade um pouco mais cedo, mais precoce que outros, já deu mais uma vantagem cumulativa para essas pessoas. Então com tudo isso, talvez você esteja pensando: “nossa! Tanta coisa influencia? ”
Sim! Nós falamos brevemente disso, inclusive. Só que tem um pouco mais de privilégio, de acesso às coisas. Ela pode desenvolver uma bagagem um pouco maior do que aquelas pessoas que não tem tanto acesso - o que não é um fator para se vitimizar. Eu devo usar a minha situação como um incentivador, um motivador para eu correr atrás. Pode ser que eu demore um pouco mais para chegar, mas o fato de não ter privilégios não significa que eu não possa chegar.
O que pode acontecer é que eu talvez tenha que me esforçar um pouco mais e leve um pouco mais de tempo. Então, pensando sobre o que você tem como diferencial competitivo. Porque todos temos, independentemente de privilégios. Todos já temos alguma competência que se destaca. Cabe a você identificar isso e trabalhar em cima disso.
Aí você vai ter uma vantagem competitiva independente dos privilégios. Eles vão te ajudar a alcançar. Mas algum diferencial você tem, você precisa identificar porque é ele que vai te ajudar a se destacar mais facilmente.
Então, para você começar a fazer essa análise, eu trouxe aqui baseado também nesse livro “Outliers” e também no “Descubra os Seus Pontos Fortes”. Vamos imaginar que você foi fazer duas provas: uma prova de português e uma prova de matemática.
Na de português você tirou 9 e na de matemática você tirou 5. Qual matéria, a partir daí, você entende que tem que estudar mais? Ru passei a vida inteira acreditando que nesse cenário eu teria que estudar mais matemática, me esforçar mais em matemática.
Mas o autor do “Descubra os Seus Pontos Fortes” contraria essa ideia. Muito no sentido de que se você tem algo que você já é bom, a sugestão é que você aposte realmente nisso. Então, focar nos pontos fracos vai fazer com que você gaste um tempo enorme para ser mediano.
O que não significa que você deve deixar de estudar matemática, como no exemplo. Porque você precisa ter uma nota mínima para passar nos exames. Então você não pode deixar, mas ele disse que nesse sentido você precisa chegar no que é uma zona de equilíbrio.
Sair da zona de prejuízo e não se prejudicar por aquilo, mas o que você não é muito bom, você tem que deixar ali no equilíbrio mínimo que seja. Potencializar o que já tem de bom para se tornar diferenciado. Então, administrando os pontos fracos.
No caso aqui do exemplo: matemática. E potencializando o português, que é aquilo que eu já me destaco, me fará ter muito mais sucesso em um curto espaço de tempo. Porque se eu ficar focando muito em matemática, eu vou fazer um grande esforço e vou levar um tempo para ser mediano.
Enquanto se eu focar no português, que eu já sou bom, eu vou me destacar ainda mais e aí que eu vou ser um “Outlier”. Então eu trouxe os principais pontos desse livro. Vale a leitura! Inclusive, no livro vem um teste de aptidão para você identificar quais são seus pontos fortes. Então esse teste é muito interessante também. Vale fazer a leitura e vale fazer o teste.
O que o livro resume? Primeiro você tem que sair da zona de prejuízo, como eu comentei. Não dá para ficar tirando 5 em matemática porque eu preciso de uma nota mínima, talvez 7, para eu conseguir não repetir de ano.
Então eu vou ter que sair da zona de prejuízo. Para isso, eu posso implementar um sistema de apoio. Eu não preciso ficar dando murro em ponta de faca ou tentar ser bom em tudo. Então, cuidado com essa ilusão de que você é extraordinário em tudo!
De novo, nós temos uma série de competências e algumas se destacam, você não precisa se esforçar para ser ótimo e diferenciado em tudo. Foque naquilo que já te faz ser bom. Nesse sentido, implementar um sistema de apoio é...
Vamos imaginar que eu sou desorganizada. Em vez de eu me especializar, buscar cursos, investir e ir atrás de teorias malucas sobre isso; eu posso de repente usar um aplicativo no meu celular de gestão de tempo e de organização. Eu posso criar uma agenda, fazer um planejamento e ali ficar fisicamente anotando.
Eu posso usar ferramentas que me ajudam em algo que eu não tenha uma super habilidade. Eu posso também usar os pontos fortes para superar os pontos fracos. Vamos imaginar que eu não tenha facilidade em fazer apresentações e falar em público, mas no trabalho eu vou ter o desafio de fazer uma apresentação.
O que eu posso fazer? De repente, eu posso usar a minha habilidade de sintetizar as coisas e fazer pequenas apresentações sobre temas que eu domino. Falar com os meus amigos, treinar em casa ou fazer um vídeo e postar na internet.
Falando sobre um tema que é mais confortável para mim, eu me sinto mais autoconfiante e eu consigo me sentir mais à vontade para depois ir desenvolvendo outros tipos de tema, pode ser uma opção também.
Ou então, eu posso buscar alguém de referência. Parecida com a opção 2 de implementar um sistema de apoio, que é ter alguém como referência - ou para entender sobre o tema, ou para pedir apoio para terceirizar algo em que eu não sou muito bom, para eu conseguir focar realmente naquilo que eu já sou bom.
Então falamos do conceito e o que do livro traz, mas afinal, como descobrir quais são os meus pontos fortes? Primeiro de tudo, procure testes de personalidade! Então você pode, por exemplo, adquirir o livro e fazer o teste de personalidade do livro. Existem testes gratuitos na internet e outros pagos. Procure testes que podem te ajudar a dizer como é o seu estilo, a sua personalidade, as suas competências e os seus gostos. Relembre a sua infância.
Pode parecer estranho pensar sobre isso, mas na verdade aquilo que você é bom e aquilo que você gosta de fazer é algo que você faz de uma maneira natural, sem grandes esforços e sem pressão. Então, muitas das vezes, eu tenho que voltar alguns anos e olhar o que eu sempre gostei de fazer. No que eu sempre fui bom? Eu, por exemplo, me considero comunicativa, gosto de me comunicar. Sempre fui assim e meu pai também era extremamente comunicativo. Para mim é uma coisa fluida, natural.
Às vezes as pessoas perguntam: “nossa! Mas como você consegue? Eu morro de vergonha! ” Para mim é uma coisa natural. Ao passo que quando eu vejo alguém que é bom de raciocínio lógico, que faz as contas de cabeça rapidamente, contas complexas; eu acho também diferenciado, porque para mim não é uma coisa que eu domino. Eu não sou muito boa em matemática. Então, dessa forma acontece com tudo o que temos de positivo. É natural, é fluído.
Talvez, você precise olhar para trás e entender: “poxa! Desde a minha infância, no que eu sou bom? O que eu faço bem de uma maneira natural? Quando eu me graduei, eu busquei aquela graduação com qual intenção? Na minha vida profissional, quais foram as situações em que eu me vi mais feliz e mais realizado? O que eu fazia? ”
Então isso vai te dar bons indícios daquilo que você tem como ponto forte. Onde você foi bem-sucedido? Quais projetos que você fez que foi bem-sucedido e que você se orgulha? Onde você trabalha bem sendo pressionado? Isso também é outro indício. Quando eu faço algo que eu gosto, mesmo sob pressão eu consigo entregar. Eu estou bem porque apesar da pressão, eu estou fazendo algo que me traz propósito.
E reflita no geral sobre a sua vida. Você chegou até aqui por quais motivos? O que te favoreceu ou desfavoreceu? O que você quer daqui para frente?
Se você olha daqui para frente e o que parece ser o seu futuro não faz mais sentido para você, não tem mais haver com quem você é e o que você quer, mude a rota! Você nunca está velho demais para aprender algo novo, fazer uma nova graduação, mudar de carreira e se arriscar. Você só precisa de disposição!
O quanto os seus valores estão alinhados com o que você tem de motivação para viver no dia a dia e o quanto tudo está alinhado com a sua carreira, com os seus propósitos e com o que você busca?
Isso com certeza influencia nas suas atitudes. Nós já vimos isso. Você considera que é errado não ser fiel aos seus valores? Com tudo o que nós já vimos até agora. Parece que é errado não ser fiel aos seus valores, parece causar insatisfação e frustração. Sim, isso é verdade, mas cuidado! Nem tudo é uma verdade absoluta.
Ou seja, pode ser que eu tenha um forte valor de qualidade de vida e família. Pode ser que família e qualidade de vida sejam grandes valores para mim, estão como os meus dois principais. Mas isso não quer dizer que talvez eu não esteja disposta por algum momento também dar razão aos valores de independência e ambição que estão em menor escala na minha lista de valores, mas que são existentes também. O que eu quero dizer com isso?
Priorizando a qualidade de vida e priorizando o tempo com a minha família, eu não vou provavelmente estar muito feliz no emprego que me consome muitas horas de trabalho, que eu viajo sempre, que eu tenho que abrir mão de muito tempo e qualidade de vida e ainda não vou conseguir equilibrar o meu pessoal com o meu profissional.
Mas isso não quer dizer que em algum momento eu não possa priorizar trabalhar mais e me dedicar mais para o meu trabalho, porque eu também tenho o valor de independência e ambição. Ou seja, eu também quero crescer na minha carreira. Eu também quero ser independente, construir as minhas coisas, conquistar coisas e ser independente financeiramente.
Então, cuidado! Não quer dizer que se eu trabalho duro, trabalho muitas horas, viajo muito e me dedico muito pela empresa; que eu não penso na minha família ou na minha qualidade de vida. Pode até ser um valor para mim, mas pode ser que naquele momento eu esteja ok em fazer algo com um pouco mais de esforço para posteriormente ter mais qualidade de vida e mais tempo com a minha família.
Então, cuidado! A ordem desses valores é cíclica. Não quer dizer que porque hoje a qualidade de vida e família está no topo para você, que amanhã também vai estar. Isso pode mudar. Nós mudamos o tempo todo.
Então cuidado com o juízo de valor, quando você observa alguém e cuidado com a sua autopercepção também. É importante ter essa autoempatia, ou seja, olhar para você e para os seus interesses. Isso já aconteceu comigo. Eu sempre prezei muito por trabalhos em que eu pudesse de uma maneira mínima equalizar e equilibrar a minha vida profissional com a minha vida pessoal.
Mas uma vez apareceu um desafio na minha carreira que me despertou um grande interesse, eu queria muito; mas eu sabia, eu estava ciente de que eu teria que me dedicar muitas horas e de que eu teria que aprender coisas novas.
Isso me consumiria tempo fora do trabalho também estudando, mas foi algo que eu quis, eu estava disposta e foi até um combinado na época que eu fiz com o meu marido e com a minha família, de que aquele determinado tempo eu realmente iria tirar para me focar naquela oportunidade, porque eu acreditava que ela iria me dar algum tipo de crescimento e iria me ajudar a conquistar algumas coisas na minha carreira. E foi o que eu fiz.
Até chegar um determinado momento que talvez não faça mais sentido para você e você mude. Você fale: “não, agora eu vou realmente dar razão para a qualidade de vida e família, que estão me fazendo falta e estão ali no topo da minha lista! ”
Então é relativo e é cíclico. Fique atento a isso também. Para que fique um pouco mais claro o quanto seus valores refletem até mesmo na sua performance e na sua disposição na empresa, eu trouxe uma matriz de performance e valores.
Ela mostra quatro quadrantes de como você se comporta enquanto os seus valores estão alinhados com os valores da organização e o quanto isso reflete, ou não, na sua performance. Pode ou não refletir na performance.
Então eu vou começar falando dos fatores 2 e 3. No fator 2, o colaborador tem altos valores. Ele está muito alinhado aos valores da organização e ele tem uma alta performance. Esse colaborador é o ideal. Ele está ótimo, ele se identifica muito com os valores da empresa. A empresa reflete os valores dele e ele consegue trazer uma alta performance para a organização. É um sucesso. Essa pessoa tem que ser retida, promovida.
Já no quadrante de 3, nós vemos um colaborador que tem baixos valores e baixa performance. Essa pessoa é totalmente o oposto do 2. Ela nem está alinhada com os valores da empresa, isso nem traz motivação para ela e ela nem consegue entregar um bom resultado com isso. Então essa pessoa está na mira. É uma pessoa que pode possivelmente ser demitida.
O líder não está satisfeito com o desempenho dela porque ela nem reflete os valores da empresa e nem consegue trazer bons resultados. Se formos olhar os outros quadrantes, o 1 e o 4, no 1 nós temos aquela pessoa que tem altos valores, mas uma baixa performance.
Mesmo que essa pessoa não traga bons resultados, como ela super se identifica com a empresa, ela possivelmente pode ter um incentivo, um estímulo, um treinamento ou ações de desenvolvimento. Ela pode ser desenvolvida de maneira que ela aumente a sua performance.
Se formos comparar de todos os quadrantes, ela ainda é melhor do que o quadrante 4, em que a pessoa traz uma alta performance, mas os valores são baixos. O quadrante 1 seria superior ao 4 ainda. “Mas como assim!? Se o 4 traz um bom resultado? ” Mas ele não está alinhado aos valores da empresa. Então esses resultados, inclusive, podem ser até duvidosos.
Ou seja, pode ser que essa pessoa, como ela não está alinhada aos valores da empresa, como aquilo não mexe com ela, não é o propósito dela, não reflete isso e não a engaja; pode ser que os resultados que ela alcança sejam de uma maneira não muito ética. Então até sugere-se que essa pessoa seja observada e acompanhada para ter certeza de que ela tem o mérito adequado pelos resultados que ela traz e ela não se utiliza de formas que não são éticas para alcançá-los.
Por exemplo: vamos imaginar um vendedor que promete mundos e fundos, promete prazo de entrega, promete um nível de qualidade sabendo que ele não vai cumprir aquilo. Mas ele fecha a proposta e bate a meta dele, mas o pós-venda não é cumprido. Isso traz uma insatisfação enorme do cliente para a empresa.
Então ele bateu a meta, mas com baixos valores. Não se utilizou da maneira correta para alcançar aquele resultado, então não é um resultado tão bom assim. Por que eu trouxe tudo isso? Para que você analise em qual quadrante você está.
Será que a empresa em que você atua hoje não reflete os seus valores? E se ela não reflete, será que a culpa é da organização ou a culpa é sua, de ter topado um desafio que não conversa e não deu “match” com você? É importante estarmos atentos a isso.
Como eu já comentei com vocês, isso já aconteceu na minha vida profissional. Estar muito disposta a um desafio. Não é que eu cheguei lá e vi que não era aquilo que eu esperava. Não, eu sabia que ia ser algo desafiador para mim e que ia algo diferente, mas eu estava disposta.
E aí durante um tempo eu insisti, me desafiei, cresci pessoalmente e profissionalmente, consegui êxitos e consegui conquistar coisas; mas chegou um momento em que eu mais lutava contra os valores da empresa do que me sentia parte daquilo.
Então me era muito custoso aceitar algumas práticas da empresa – e não eram práticas ilegais, nada disso, eram práticas totalmente legais! Mas como era algo muito diferente do que eu tinha vivido até então, para mim aquele ambiente não refletia o que eu acreditava.
Então, às vezes um ambiente que é muito burocrático ou um ambiente que talvez é muito disruptivo; se você é muito conservador isso pode te assustar. Se é um ambiente que tem uma alta pressão, talvez é algo que não reflita. Enquanto isso, outras pessoas preferem um ambiente mais dinâmico, de alta pressão que as impulsionam a buscarem o resultado. Cada um tem um valor.
Por isso é importante que você identifique como estão os seus valores em relação ao ambiente da empresa que você atua, para ter certeza de que você é um colaborador que tem performance, que entrega e que os seus valores estão alinhados à empresa, porque isso vai te ajudar a alcançar os seus resultados e vai te trazer menos esforços. Porque quando você faz algo que já está alinhado com seus propósitos, é muito mais natural e fluido. Lembra?
E o que você está agregando para a organização que você trabalha atualmente? Faça essa pergunta com muita sinceridade e faça para você mesmo. Quando você olha, o quanto você agrega? Está condizente? Quando você olha para pessoas que têm posições similares a sua, como estão as entregas delas? Superiores, inferiores ou medianas?
Não devo viver me comparando ou tentando chegar ou alcançar alguém, mas às vezes olhar no meu nível, o que é esperado de mim e olhar as pessoas que estão nesse nível, pode me trazer um parâmetro.
Não no sentido de me comparar e querer ser igual ou melhor, mas no sentido de ter um parâmetro e algo para balizar. “Poxa, eu estou ali dentro do que é esperado ou eu realmente estou destoando? ” Se eu estou destoando para cima, estou além, estou diferenciado – ótimo! Agora, se eu estou destoando para baixo, uma baixa performance - eu preciso ter uma base, um critério para entender e abrir os olhos para isso.
Porque quem tem que mudar esse cenário sou eu, porque senão eu sou passível de, de repente, acabar sendo desligada da empresa, acabar não batendo as metas por uma baixa performance. Então isso é algo que você deve analisar.
De novo, não delegue a sua carreira para organização. É você que tem que estar o tempo todo entendendo o quanto o seu diferencial competitivo está em alta na organização - até para você conseguir entender e muita das vezes olhar para o mercado. Mesmo se há uma insatisfação. Essa é a última dica que finalizamos.
E estar atualizado sobre o mercado não é só para quem quer mudar de empresa. “Ah! Eu estou olhando o mercado. Eu me cadastrei no Linkedin, é porque eu estou querendo procurar emprego...” Não deveria! Você deveria estar lá se atualizando, fazendo networking, entendendo o mercado. Então, definitivamente, não é só quem quer mudar de empresa que deve estar atualizado sobre o mercado.
Até porque estar atualizado sobre o mercado vai te dar um balizamento entre o que se é buscado em relação ao seu profissional; o que pessoas da mesma área que você, do mesmo segmento, empresa; o que o mercado pede para que elas tenham de competências técnicas, comportamentais, tempo de experiência e idioma?
O que essas pessoas falam normalmente? Quais são os interesses dela? E isso faz com que você tenha o conhecimento e não só domine na sua área de atuação, mas também que esteja atualizado sobre outras coisas que estão acontecendo no mercado.
Isso pode te dar, inclusive, ajuda no momento de negociar internamente uma promoção. Em um momento de cargo de salário, um crescimento dentro da organização. Talvez você esteja satisfeito onde você está, mas você queira crescer. Aí quando você se baliza no mercado, você percebe que - “espere aí! Eu estou pronto para um novo passo na minha carreira”.
Então você consegue ter argumentos com base no que você viu no mercado para negociar internamente algum tipo de barganha. E mais, se você se dá conta vendo o mercado, de que o mercado está aquecido, de que onde você está não te traz tantas as possibilidades ou simplesmente você tem vontade de se arriscar no mercado; tudo isso te dá repertório para você conseguir buscar novas oportunidades e potencializar o networking que você já fez.
Não é só fazer networking na hora de buscar emprego, é ter o seu networking em dia para que quando você for buscar uma vaga ou uma posição, você ter pessoas que fazem parte dessa rede e que podem te trazer boas oportunidades.
Então estar atualizado sobre o mercado é importante para todos, para que você tenha referências, para que você esteja atualizado, para que você possa negociar internamente ou para que você possa buscar opções na hora de se arriscar no mercado.
Com tudo o que vimos até aqui, talvez você esteja refletindo e pensando que é a hora de irmos para o mercado. Isso pode se dar por uma série de fatores. Mas antes de irmos para o mercado, vamos entender o que o mercado está falando sobre carreira. Eu trouxe para vocês uma pesquisa da Robert Half. Eu vou deixar o link também para caso você quiser ver essa pesquisa de uma forma mais detalhada.
Me chamou bastante a atenção que, globalmente, analisado em diversos países, existem três características que fazem com que as pessoas se sintam bem em uma organização. E nessa mesma ordem se repete independentemente de gênero, de setor e de país; as três se repetem.
A primeira delas é o orgulho, ter orgulho da organização que atua. A segunda, ser tratado com igualdade e respeito. E a terceira, se sentir valorizado pelo trabalho que faz. São coisas que realmente trazem bastante satisfação, engajamento e estão relacionadas com a maior parte dos nossos valores que aprendemos.
Então, realmente são três características importantes de sentir quando você faz parte de uma organização. Em uma outra pesquisa, a Tera Scoop & Co trouxeram que 53% das pessoas pretende mudar de empresa nos próximos 12 meses, ou seja, essas pessoas estão insatisfeitas. Metade das pessoas da organização, em média, pretende mudar de empresa, 63% já mudou de carreira e 48% pretende mudar de carreira nos próximos 12 meses.
Aí não é de empresa, mas de carreira. E 70% quer uma carreira mais alinhada aos seus interesses e propósitos de vida. Olhe isso! O quanto esse panorama, em um geral, mostra que em média, metade ou mais até do que a metade das pessoas da organização, estão de alguma forma insatisfeitas.
Seja pelas empresas que elas estão, seja pelas carreiras que elas escolheram, ou seja por não encontrarem os seus propósitos aderentes às empresas em que elas estão atuando hoje. Dentro da pesquisa de quem pretende mudar de carreira e área nos próximos 12 meses, há aqui alguns indicadores.
Então 37%, sim, pretende mudar de carreira ou área de empresa; 30% não pretende mudar de carreira e nem a área de empresa; 16% pretende mudar de empresa, mas não de carreira; 8% pretende mudar de carreira, mas não de empresa; 6% não conseguiu responder; 3% não está trabalhando, mas está em busca de uma carreira ou área nova; e 1% não está trabalhando, mas está em busca de uma empresa para seguir com a carreira ou área que trabalha atualmente.
Ou seja, a grande parte das pessoas de alguma maneira está insatisfeita, está buscando algo diferente do que tem hoje. Isso pode trazer uma série de reflexões. Claro que existem vários fatores que são responsáveis por isso, mas também o quanto que a minha expectativa talvez está desalinhada da realidade.
Porque talvez eu esteja tão insatisfeito com o problema que eu tenho hoje na minha organização, mas aí eu mudo de empresa e me deparo com esse mesmo problema sobre uma outra forma. Eu acho que vale refletirmos: é tanta gente assim insatisfeita?
Será que não tem empresa boa, ou será que são os mesmos problemas? E às vezes acabamos sendo inocentes ou criando uma expectativa que não é real? Falando ainda sobre os itens na pesquisa que mais trazem insatisfação, 57% diz que é o salário que não condiz; 37% busca a flexibilidade de horário; 34% o potencial de aprendizado; 33% a perspectiva de crescimento; e 27% desejam um alinhamento de propósito entre a empresa e a pessoa, ou seja, o pessoal e o profissional.
Então, dentro da pesquisa foram esses fatores que apareceram como os mais críticos da insatisfação. E além desses fatores que apareceram aqui na pesquisa, existem motivos comuns de insatisfação também atrelados a esses. Mas falando especificamente dentro da organização, o que influencia em uma decisão do colaborador continuar ou não na empresa?
Primeiro: o ambiente. É um dos grandes fatores citados. Não só na pesquisa, mas de qualquer pessoa que você conhece e dos seus próprios interesses de estar no ambiente em que você, ou não se sente acolhido, ou não se sente à vontade, ou não se sente reconhecido. É algo que te traz insatisfação. Então ambiente é um fator importante para que o colaborador se sinta satisfeito.
A liderança também é um super fator que interfere no nível de satisfação do colaborador. O quanto o líder está preparado; o quanto ele exerce a real liderança; o quanto que ele tem predisposição em orientar, cuidar do time, crescer, desenvolver, alcançar as metas e impulsionar o time.
A prática organizacional também é um outro fator que interfere muito na questão da satisfação, na motivação do colaborador, do quanto que a organização diz que é e que está coerente com as práticas do dia a dia dela.
A falta de desafios também é algo muito comum de aparecer no discurso das pessoas que estão insatisfeitas, achando que às vezes a empresa não usa o potencial dela tanto quanto poderia. Então não é que ela às vezes não vê desafios na organização, mas ela percebe que ela poderia estar tendo desafios maiores, e não tem por algum motivo. Ou talvez até a empresa não tenha espaço para grandes desafios, ou talvez aquilo já ficou algo muito comum para você. Para você já não é um desafio.
E também a baixa valorização. “Não me sinto reconhecido, não me sinto remunerado devidamente, não me sinto na posição que eu deveria estar”. Ou às vezes nem sempre ligava para cargo e salário, mas sim ao reconhecimento, ao feedback - que são fatores que apesar de não serem financeiros, já vimos que o fator financeiro não é tudo o que motiva e engaja, mas também é um fator que faz com que o colaborador se sinta cada vez mais insatisfeito e fazendo com que ele tenha atitudes e comportamentos diferentes de o que é uma boa performance.
Primeiro de tudo, antes de arriscar para o mercado - claro que risco nós temos em todos os cenários, mas antes de você olhar para o mercado e tomar a decisão final de ir para o mercado - pense dentro da sua organização.
Qual é o plano de carreira? Existe alguma iniciativa ou política sobre o plano de carreira na sua empresa? Se você não sabe, já é um mal sinal. O fato de você não saber, quer dizer que, ou você não está por dentro tanto quanto deveria, ou que a organização não divulgou essas práticas e políticas o quanto ela deveria.
Então tente entender se existe um plano de carreira dentro da sua organização. Há espaço? A empresa fomenta? Há plano de sucessão? O caminho a ser percorrido é claro para você? Depois de procurar essas informações, ou caso você já conhecesse o plano de carreira na empresa, o caminho para que você consiga crescer dentro da organização é claro? As promoções são divulgadas?
Isso é indicio do quanto que a empresa tem clareza sobre esse caminho. As pessoas que crescem dentro da organização de alguma forma você tem acesso e conhecimento disso? Seja pelo menos as pessoas que estão dentro da sua área ou da sua diretoria. Você tem conversas com o seu gestor, com o seu RH ou com a BP (Business Partner)? Que é aquela figura dentro do RH normalmente que atende as áreas de negócio em todos os sentidos.
Alguns destes tem contato direto com você? Há discussões sobre plano de carreira, sucessão e desenvolvimento? São realizadas ações de T&D (Treinamento e Desenvolvimento)? Há uma área dentro da organização que promove essas iniciativas? Como isso funciona? Você participa?
Muito das vezes a empresa fornece uma série de iniciativas de treinamento e desenvolvimento e as pessoas não têm a adesão devida e isso impacta também no seu desenvolvimento e no seu desempenho.
Você tem um PDI? O que é o PDI? É o plano de desenvolvimento individual. É algo que tem empresas que consideram como um fator das metas. Então além das metas quantitativas e qualitativas que já falamos, das suas metas de resultado, algumas empresas ainda incluem o PDI (Plano de Desenvolvimento Individual).
Fatores que a pessoa tem que mostrar desenvolvimento pessoal, que ela busca - que não necessariamente estão ligados diretamente com a receita e a entrega. Algum comportamento que ela tenha que mudar, alguma competência que ela tenha que adquirir.
Algumas empresas fazem isso como opcional. Não está atrelado à meta, ao reconhecimento e remuneração; mas é conversado, é incentivado que o colaborador tenha um PDI. É muito importante que você consiga olhar para você e pensar: o que depende de mim que eu preciso desenvolver?
Por exemplo: um idioma. “Um idioma, eu preciso falar porque a empresa é global, a empresa está expandindo, é importante que eu fale o idioma”. Dentre tantas outras coisas que podemos colocar como um plano de desenvolvimento individual nosso.
Com todo esse cenário, eu quero trazer para vocês a história da Renata. A Renata tem 27 anos e é Analista Pleno de Marketing. Ela é uma boa profissional, tem potencial para crescer na organização que ela está. Só que esse potencial de crescimento é um potencial de médio prazo. Qual é a situação atual?
Hoje ela está frustrada com a atividade que exerce atualmente, caiu na rotina e está impaciente por mudanças, mas tem medo de se arriscar no mercado pela estabilidade atual. Talvez você tenha até se identificado com essa situação.
Muitas pessoas acabam dizendo isso: “Ah! Não estou muito feliz. Está demorando muito para acontecer algo dentro da empresa. Queria ir para o mercado, mas tenho medo de trocar seis por meia dúzia, algo certo pelo incerto”. A primeira coisa que temos que falar sobre isso é: quem tem estabilidade atualmente? O que é o certo atualmente?
Nós falamos, “seis por meia dúzia. Eu sei que estou certo e estou estável”. Ninguém está estável hoje em dia. As coisas mudam de uma maneira muito dinâmica - novos mercados surgem, tecnologias ficam obsoletas e outras aparecem. Então a economia muda e impacta o comportamento do consumidor. Tudo pode mudar o tempo todo. Então até se você se sente nessa posição de acomodação - “Ah, não! Eu estou tranquilo. Aqui eu estou estável e tranquilo! ”
Nada está garantido, independentemente se você é um contrato CLT (contrato registrado de trabalho) ou um PJ (prestador jurídico), tanto faz. Nada é tão mais certo ou tão mais permanente como era no passado. Então não deixe que essas crenças limitem você de se arriscar, de ir para o mercado, de buscar algo a mais no mercado.
Então tudo pode acontecer. Não deixe que isso seja o critério e que esse medo te paralise. Enquanto o medo é algo que te traga um alerta, é positivo. Mas a partir do momento em que ele passa a ser algo muito forte e te paralisa, já não é algo tão positivo.
A minha sugestão para você: avaliar se é o momento de você ir para o mercado ou não. Mais do que em crenças como essas que já não são tão reais, é que você faça uma análise de ganhos e perdas. Olhe o cenário que você tem hoje, o que te gera insatisfação dentro da empresa que você atua, o que te chama atenção no mercado e faça uma lista mesmo. Coloque uma coluna de ganhos e uma coluna de perdas.
“Se eu continuar na empresa, o que eu ganho e o que eu perco com isso? Se eu peço uma promoção ou um aumento de salário? Se eu me arrisco e vou lá, porque estou insatisfeito e quero crescer; mas nada acontece? Se eu vou lá e falo com o meu gestor, o que eu ganho e o que eu perco com isso? ”
“Se eu mudar de função? De repente aparece a oportunidade de uma mudança de função, o que eu ganho e o que eu perco? Se eu vou para outra empresa, quais fatores que eu vou ganhar e quais eu vou perder? Se eu mudo de profissão? Na verdade, eu identifico que está tudo errado e quero dar um 360º ”.
Avalie o que você ganha e o que você perde em cada cenário. Tendo uma clareza sobre isso, você tomará uma decisão de uma maneira mais assertiva e terá mais confiança. É importante que você olhe com muita clareza e não pule etapas só porque você está insatisfeito ou só porque você está impaciente. Isso pode acabar te prejudicando.
Se você toma uma decisão de sair da empresa que você está sem avaliar o mercado, sem avaliar se você está adequado, coerente com que o mercado pede, verificar se o mercado está aquecido, se tem oportunidades; você pode acabar dando um tiro no próprio pé.
Pode acabar saindo de uma empresa porque você está impaciente ou insatisfeito e indo para o mercado sem estar qualificado o suficiente e talvez não consiga se colocar -não porque é culpa do mercado, mas porque você não avaliou corretamente antes de tomar a decisão. Então, às vezes compensa você permanecer na empresa que você está, se qualificar, para depois ir para o mercado ou começar a olhar sobre uma outra perspectiva.
Lembre-se: às vezes o que parece ser dar passos atrás, é mais estratégico do que avançar com gap's técnicos e comportamentais. Já compartilhei a minha história aqui com vocês. Em uma determinada época eu era analista júnior, tinha iniciado a carreira, mas não estava atuando na minha área e no que eu estudava.
E aí apareceu uma oportunidade de estagiar na área em que eu estudava e eu decidi fazer esse movimento, levando em consideração que a empresa em que eu atuava era uma empresa que estava extremamente confortável e que eu gostava muito apesar da atividade não estar alinhada com o que eu queria para o futuro, mas eu gostava muito. E, de repente, veio a opção de ir para uma outra empresa que eu não conhecia, era um cenário incerto. Era uma empresa maior, mas uma nova função.
E o que parecia talvez ser um passo atrás de uma posição de analista para uma posição estagiária, pôde parecer estranho no momento. Mas, na verdade, foi algo extremamente estratégico porque eu entrei na minha área de atuação. Eu podia atuar em uma empresa maior, tive a possibilidade de viver mais coisas, de colocar o meu conhecimento em prática e estou até hoje atuando dentro da área de treinamento e desenvolvimento. Foi um ótimo ganho para mim.
Agora, se eu tivesse colocado na minha cabeça que - “não, eu era analista júnior! Eu só sairia dali para ir para uma outra empresa se fosse como analista júnior! ” Isso poderia me dificultar muito. E talvez eu até poderia encontrar dentro da área de treinamento e desenvolvimento uma posição como analista júnior - mas não ter estagiado antes, poderia ser que eu seguiria na minha carreira sem aprendizados importantes que eu tive no estágio.
Eu poderia ir crescendo rapidamente, mas com gap's técnicos e comportamentais. E posteriormente, quando eu tivesse que colocar alguma competência em prova, me faltaria. Então avalie as movimentações, sejam elas quais forem, de uma maneira estratégica. Independentemente se é uma empresa maior, uma empresa menor e independentemente do cargo.
Então verifique o que é estratégico para você. Nada vai vir de uma forma fácil. É importante trabalhar duro, estar preparado, aproveitar boas oportunidades, ter um bom networking, ter uma rede para te apoiar e ter opções. Mas é importante também que você alinhe a sua expectativa. Como vimos na pesquisa, os problemas nas empresas são muito similares.
Às vezes eu saio de uma determinada organização porque eu estou insatisfeito com o ambiente e com o líder e aí, de repente, eu vou para uma outra organização e eu chego e me deparo com os mesmos problemas de uma maneira diferente, mas problemas similares. Isso gera frustração e insatisfação.
Por quê? Talvez a minha expectativa esteja desalinhada com a realidade, talvez eu esteja querendo crescer de uma maneira mais rápida do que é realmente o real ou talvez eu não tenha as qualificações ainda que eu preciso.
Então eu tenho que ter uma expectativa de um tempo maior de aprendizagem para um crescimento futuro. É importante lembrar que não haverá oportunidade para todos. Só haverá oportunidade para aqueles que se destacarem.
Então para você se destacar é importante você tenha clareza sobre quanto você é competente e o quanto você precisa correr atrás das competências que te faltam, de acordo com aquele estudo de mercado que você já realizou. Eu não devo mudar primeiro de empresa para depois correr atrás das competências.
Eu preciso estar pronto para quando as oportunidades surgirem e avaliar se é o momento, se é uma movimentação realmente estratégica ou se eu simplesmente só estou saturado, só estou no momento de stress e desanimado. Porque eu preciso me organizar para fazer uma movimentação. Então talvez valha a pena eu permanecer na organização onde eu estou e ir me qualificando, ir maturando a ideia, tendo clareza sobre as coisas e depois tomar a real decisão.
Crescer, esperar o momento de crescer dentro da empresa mesmo que demore um pouco mais; ou ir para o mercado com as novidades, com os riscos que aparentemente o mercado traz e estar pronto para conseguir me colocar em uma posição que me traga o sucesso que eu busco.
Se você chegar à conclusão de que é preciso uma mudança - “não, realmente eu quero mudar mesmo que tenha a oportunidade para crescer dentro da empresa. É o momento que agora eu quero ir para o mercado! ” Isso pode acontecer também.
Às vezes não é nem que você está insatisfeito, às vezes você tem vontade de conhecer coisas novas. Isso aconteceu comigo também na época que eu fazia o MBA. Eu atuava já há alguns anos em uma mesma empresa que eu adorava e, de repente, eu comecei a ver tantas práticas diferenciadas de outras empresas que começou a me chamar atenção aquilo. “Nossa, existe essa possibilidade! Existe aquela outra! ”
E aí tantas coisas diferentes me mostraram que existiam outros vários caminhos e eu senti vontade de conhecê-los naquele momento. Eu estava em um momento tranquilo da minha vida. Poderia arriscar que se alguma coisa não desse certo, eu tinha como me manter naquele momento, e decidi que eu queria conhecer o mercado. Não era nem tanto a insatisfação. Claro que eu queria crescer, já estava há alguns anos naquela organização, mas o que me atraiu foram as possibilidades do mercado.
Então faça essa mudança de uma maneira planejada, independentemente se você está satisfeito ou não. Muitas pessoas cometem o erro aí. Estão insatisfeitas e, antes de planejarem a mudança, já saem da empresa, jogam tudo para o alto e fecham portas. Cuidado com isso também!
Independentemente da situação, é importante que você saia da organização mantendo um bom relacionamento. As coisas mudam o tempo todo. Você pode estar extremamente insatisfeito hoje, mas daqui um tempo essa empresa pode ter uma mudança de diretoria, de acionista, pode mudar tudo e, de repente, você está lá de novo nessa empresa.
Então é importante manter uma porta aberta, um bom networking com as pessoas e ser grato por tudo que você viveu ali - independentemente do quanto você está insatisfeito agora ou se sentiu injustiçado por algum motivo.
Lembre-se de tudo o que você viveu e conquistou ali, seja grato e sempre saia com uma postura positiva - no sentido de avaliar o que foi bom; encerrando ciclos, mas deixando pontos para que se no futuro você precisar, tanto você possa voltar quanto essas pessoas possam lembrar, manter o networking com você e te abrir até novas possibilidades a partir disso.
Concluindo tudo o que nós falamos nessa aula:
Primeiro: ao identificar os valores eu me mantenho motivado e alinhado na minha carreira. Então, tendo esse alinhamento das minhas motivações e dos meus reais valores, eu consigo alinhar a minha carreira e me direcionar conforme os meus objetivos reais que me geram propósito.
Além disso, é importante também dizer que é essencial ter clareza sobre os meus pontos fortes e identificar para que isso me ajude e me direcione no sentido da minha carreira, da minha profissão e da minha busca. É importante também lembrar que vimos que o ideal é nós potencializarmos os nossos pontos fortes. Isso é mais eficaz do que desenvolvermos os pontos fracos.
Claro que eu não vou deixar de desenvolver os pontos fracos, mas talvez eu vou investir muito mais tempo e energia em desenvolver um ponto fraco até ele virar mediando, sendo que eu poderia usar esse tempo e essa energia para potencializar ainda mais aquilo que já é algo positivo e que já é forte em mim.
E por fim, crescer onde eu atuo, ou mudar de empresa ou carreira são decisões pessoais. Ou seja, você pode até se inspirar em alguém, mas no fim só você sabe o que é estratégico para você naquele momento ou não.
E é importante também que essa decisão seja totalmente embasada. Então, que você faça aquela análise de mercado, entenda o que é pedido; como você está em relação ao que é pedido; veja se é o momento em que o mercado está aquecido; se é estratégico sair da empresa agora ou, de repente, você se qualificar um pouco mais, esperar para que uma oportunidade apareça dentro da organização. É preciso que essa decisão seja bastante embasada.
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