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Entrevista com especialista de mercado: CFO da Ericsson

Mercado e cultura Data Driven - Principais ferramentas do mercado

Daniel: Olá! Meu nome é Daniel Siqueira, sou instrutor da Alura, e hoje estamos com o João Paulo, conhecido como JP, CFO (Diretor Financeiro) da Ericsson.

Audiodescrição: Daniel se identifica como um homem de pele clara. É careca e usa óculos de grau. No corpo, veste uma camiseta rosa e uma calça preta. João Paulo se identifica como um homem branco. Possui cabelo curto, barba e bigode grisalhos. No corpo, veste uma camisa azul de mangas longas e um relógio no pulso direito. Ambos estão sentados em poltronas, virados um para o outro. Ao fundo, há um estúdio da Alura iluminado em tons claros de verde e azul, e na parede, é possível ver uma prateleira com plantas e quadros, posicionada entre os dois participantes.

João Paulo: É um prazer estar aqui e compartilhar um pouco da minha experiência. São quase 30 anos de carreira, principalmente na área financeira, mas também com passagens por negócios, marketing, vendas e planejamento estratégico. A inteligência artificial e a tecnologia sempre estiveram presentes em minha vida, tanto profissional quanto pessoalmente, ajudando em minha formação e transformação.

Compartilhando experiências de carreira

Daniel: Você poderia compartilhar como foi a sua trajetória e como a tecnologia — principalmente a área de dados — influenciou sua chegada no ponto em que se encontra na sua carreira?

João Paulo: Minha carreira e a tecnologia sempre estiveram interligadas. Trabalhei na Microsoft por quase 20 anos, uma empresa que respira tecnologia, inovação, ética e inclusão. Isso foi muito importante para mim.

Comecei na Accenture, na área de consultoria e M&A's, e depois fui para a Ericsson, onde estou atualmente. Trabalhei na Ericsson há 24 anos, durante o boom das privatizações de telefonia no Brasil. Depois, recebi um convite para ir para a Microsoft, onde fiquei quase 20 anos. Tive a oportunidade de viver quase 10 anos fora do Brasil, o que me enriqueceu como pessoa, adaptando-me a diferentes culturas e aprendendo com elas.

Integrando a tecnologia com finanças

Na Microsoft, saí da área de negócios para entender o business na ponta. Foi interessante ver como a tecnologia permeia tanto a área financeira quanto a de negócios. Assumi como CFO no Chile e depois no Brasil, acumulando experiências valiosas.

A tecnologia sempre foi o vetor principal. Na Microsoft, tínhamos o hábito de testar tecnologia na área de finanças, incentivando a experimentação e o aprendizado com os erros. Agora, como CFO da Ericsson na América Latina, meu objetivo é promover o uso da tecnologia para desafiar processos atuais, ganhar agilidade e inteligência nas decisões, e antecipar riscos.

Discutindo ferramentas tecnológicas essenciais no setor financeiro

Daniel: Você teve experiências em grandes empresas, como a Microsoft e a Ericsson. Existe alguma ferramenta que se destacou no contexto financeiro, como o Excel?

João Paulo: O Excel é uma ferramenta fundamental. Mesmo com sistemas ERP complexos, o Excel sempre está presente para a checagem final, onde as pessoas se sentem mais confortáveis.

Trabalhei muito com o Google X após sair da Microsoft. Na Microsoft, utilizávamos bastante o SQL para bancos de dados, com o Excel como front-end. O Power BI também é uma ferramenta poderosa, integrando planilhas com apresentações de forma dinâmica e inteligente, ajudando a fazer perguntas mais específicas e corretas.

Beneficiar-se dessas tecnologias é um caminho sem volta, proporcionando uma vantagem competitiva para as empresas que souberem explorá-las de forma responsável e ética.

Abordando a cultura data-driven no setor financeiro

Daniel: Você mencionou várias tecnologias e ferramentas. Isso me lembra da cultura data-driven (orientada por dados) que vivemos atualmente. O setor financeiro também está respirando essa cultura?

João Paulo: Absolutamente. Hoje, os americanos dizem que os dados são considerados a maior riqueza — do original "Data is the new bacon" (o dado é o novo bacon).

Há uma estatística que diz que as empresas não consomem mais do que 15% dos dados que produzem. Elas geram dados de diversas formas, mas não conseguem aproveitar toda a riqueza que produzem.

Empresas que adotam uma filosofia de entender e tratar bem seus dados, com responsabilidade e segurança, são mais competitivas. É importante se atentar aos riscos e preocupações, como a segurança cibernética, mas as empresas que utilizam bem seus dados conseguem inovar, além de tomar decisões mais inteligentes e ágeis.

Democratização do acesso à tecnologia - Mudança do mercado com I.A.

Daniel: O termo "Citizen Developer" tem sido amplamente discutido atualmente, especialmente pela Microsoft, e refere-se a uma pessoa comum com habilidades tecnológicas. Esta pessoa não é necessariamente uma desenvolvedora tradicional, mas alguém que, por exemplo, atua na área financeira e desenvolve habilidades para trabalhar com ferramentas tecnológicas. Isso auxilia significativamente em seus processos, incluindo lidar com dados, extrair insights e compreender a importância da segurança e do cuidado com os dados dentro de uma organização.

Democratizando o acesso à tecnologia

João Paulo: A democratização da tecnologia — ou seja, a ampliação do seu acesso — é uma preocupação atual, permitindo que pessoas de diferentes níveis sociais, financeiros e culturais tenham acesso ao mesmo tipo de tecnologia, promovendo a inclusão digital.

Isso é crucial, pois hoje, mesmo sem uma base técnica relevante, é possível acessar informações e gerar relatórios sem depender exclusivamente de uma equipe de TI. A inteligência artificial permite que, com pouco conhecimento técnico, possamos interagir com máquinas e obter respostas claras, incluindo programas e códigos que não precisamos entender completamente.

Essa evolução gera produtividade e está alinhada ao conceito de Growth Mindset (mentalidade de crescimento), que incentiva o empoderamento das pessoas, permitindo que tomem riscos e aprendam com erros. Para que isso seja eficaz, é necessário que as pessoas tenham a liberdade de trabalhar com tecnologia sem precisar ser especialistas no assunto.

Benefícios da IA na área financeira

Daniel: A inteligência artificial está presente em todas as áreas atualmente. Gostaríamos que você se aprofundasse no uso da IA na área em que você trabalha.

João Paulo: Na área financeira, por exemplo, a tesouraria não precisa mais de controle manual para aplicações e pagamentos, pois robôs realizam essas tarefas com precisão. As pessoas que antes faziam esse trabalho agora se dedicam a outras análises, entendem investimentos mais alinhados com os planos da empresa e novas modalidades de negócio. A tecnologia também facilita a gestão de fluxo de caixa, pagamento de impostos e planejamento tributário, adaptando-se às reformas tributárias e ao modelo de negócio da empresa.

João Paulo: No contexto de compliance, a inteligência artificial e o machine learning permitem que máquinas antecipem problemas, oferecendo soluções preventivas. Isso é aplicável em diversas áreas, como na manutenção de turbinas de avião e no agronegócio, onde drones e imagens ajudam a identificar problemas. Em hospitais, sensores de movimento e cruzamento de dados podem prevenir acidentes, como quedas de pacientes, enviando alertas automáticos para a equipe de enfermagem.

Companhias aéreas, por exemplo, podem usar tecnologia para otimizar o uso de combustível, que representa uma parte significativa dos custos. A pessoa pilotando, agora com ferramentas adequadas que medem a rentabilidade do voo, pode planejá-los de forma mais eficiente, sem precisar ser um especialista técnico como um controlador.

Na área financeira, o planejamento estratégico e a elaboração de forecasts (previsões) são facilitados por dados e machine learning, que ajudam a entender o comportamento dos clientes e projetar resultados futuros. Algoritmos podem considerar fatores macroeconômicos, como inflação e variação cambial, para influenciar o negócio, oferecendo vantagens e precisão com menos tempo investido.

Combinando conhecimento técnico com ferramentas analíticas

Daniel: Você exemplificou como a tecnologia e a conectividade estão presentes em todas as áreas, especialmente no setor financeiro. Ferramentas como Python, Excel e Power BI ajudam a criar modelos e análises, permitindo decisões baseadas em dados e previsões. Essa combinação de conhecimento técnico da área em que atuamos com a tecnologia é poderosa para o desenvolvimento profissional.

João Paulo: Exatamente. As empresas enfrentam desafios como o gerenciamento de fluxo de caixa e estoques. Nesse âmbito, a análise de dados é essencial para tomar decisões informadas, impactando diretamente a rentabilidade e o fluxo de caixa. Afinal, os negócios estão se tornando mais complexos, exigindo cruzamento de dados para decisões estratégicas.

Preparando-se para um futuro tecnológico sustentável

João Paulo: A evolução tecnológica é um caminho sem volta. Eu faço parte de uma geração que cresceu sem tecnologia, mas não consigo me lembrar da minha vida antes dela.

A Ericsson trabalha com projetos futuros. Se um médico realizar uma cirurgia remotamente, por exemplo, dependerá de dados em tempo real, sem delays (atrasos). Isso exige uma infraestrutura robusta de telecomunicações e energia.

Portanto, a discussão sobre energia renovável e ética é fundamental conforme as tecnologias avançam, assim como a formação de pessoas profissionais capacitadas para o futuro.

João Paulo: A preparação das pessoas é essencial para acompanhar o avanço tecnológico. A mudança cultural e estratégica no ensino e nas parcerias público-privadas é necessária para evitar problemas futuros, como a geração de empregos onde não há pessoas capacitadas para ocupá-los. Essa discussão é profunda e relevante, mesmo que não seja o foco principal.

Carreira com dados - Caminhos possíveis na carreira

Daniel: Realmente, as oportunidades estão aí, o mercado vai se transformando, então é super importante que as pessoas consigam se capacitar, que elas consigam usar as ferramentas da tecnologia IA, para que elas consigam estar aptas para as novas oportunidades.

E você, JP, que já tem quase 30 anos de carreira. Imagina que estamos conversando com uma pessoa que está começando na área, ela está tendo a oportunidade de começar a estudar um pouco da tecnologia da Inteligência Artificial, quais as dicas e quais caminhos você acha que essa pessoa deve trilhar? O que você acha que é importante para ela estudar e como ela vai usar isso na prática?

Capacitação e Adaptação

João Paulo: Esse é um ótimo ponto, Dani, porque a gente vem com uma formação técnica, desde a época da escola até na época da universidade, e muitas vezes descobrimos no trabalho que as suas aptidões, que as suas soft skills, principalmente — porque a gente fala hoje das Hard Skills, são as habilidades técnicas, e das Soft Skills, que são as habilidades de relacionamento, de colaboração. Esse segundo, você não aprende numa faculdade. Você aprende na convivência, no trabalho e ao assumir risco com as pessoas.

Então, eu acho que hoje essa introdução à inteligência artificial, ao uso da gestão de dados cada vez mais predominante, machine learning, isso acaba transformando pessoas que vieram de uma carreira em outra.

Por exemplo, eu lembro, na minha época de Microsoft, a gente contratou pessoas de vendas para trabalharem em finanças. Porque essas pessoas traziam o conhecimento da ponta. Qual é a dor de efetuar uma venda até o final, até receber o dinheiro do cliente?

Essa pessoa conhece o ciclo de vendas de um cliente. Ela pode vir com esse conhecimento e vir trabalhar na área financeira para ajudar nessa questão do planejamento, de visibilidade, trabalhar com esses dados, e ela vai tratando melhor esses dados porque ela tem experiência de campo.

Mesma coisa com a pessoa de marketing. A pessoa que era gerente de produto, por exemplo, ele sabe o ciclo de um produto desde o seu lançamento, sabe da precificação desse ativo no mercado, sabe de concorrência. Então, ela também pode vir para a área de finanças.

E combinávamos talentos de finanças que conheciam de modelagem financeira com talentos que conheciam o lançamento de um produto e o ciclo de venda para um cliente. Então, a gente trazia todas essas combinações de talentos numa área financeira, coisa que antes ninguém imaginaria trabalhar.

Se você fosse há 10 anos atrás e chegasse para um profissional de marketing ou de vendas e perguntasse: "Quer trabalhar na área de planejamento financeiro?" O cara falava: "De jeito nenhum", porque esses caras olham para o retrovisor, para trás, e a gente olha para frente.

E hoje conseguimos ter pessoas com formações distintas que podem seguir carreiras diferentes. Obviamente, quando a gente está falando de dados, pessoas que sejam cientistas de dados, analistas, essas pessoas hoje, elas estão diversificando a carreira delas. Antigamente, elas vinham e se formavam para trabalhar numa área. Hoje, elas têm um leque de opções muito maior.

Temos pessoas em marketing, pessoas em RH, trabalhando com análise de dados.

Imagine você entender o comportamento dos seus funcionários, qual que é o plano de desenvolvimento dos seus funcionários, qual que é o plano de retenção dos seus funcionários, qual que é o plano de atração de talentos no mercado, é pura análise de dados. Então, pessoas com esse conhecimento na gestão de dados também podem trabalhar em RH, por que não?

E claro, vão aprendendo sobre as áreas. No RH tradicional ou no financeiro tradicional, é tudo uma troca, é tudo uma colaboração. Hoje, essa questão de colaboração, de troca, é muito importante. Assim como características específicas, pessoas com curiosidade. Além disso, hoje, é preciso delegar e empoderar pessoas para que elas tomem decisões. Pessoas curiosas, pessoas que aceitem tomar alguns riscos.

Acho que essas são características que combinam muito com esse momento da tecnologia que estamos vivendo. Além das oportunidades de emprego que estão mais diversas.

Colaboração e Flexibilidade

Daniel: Muito legal, JP. Você já chegou no topo da carreira, então a CFO está no C-Level. E é muito legal ter a oportunidade de conversar com você e entender isso que você está compartilhando, de como hoje em dia o mercado é diferente.

Então, não adianta eu estar fechado ali no meu quadrado e trabalhar só fechado com o que eu estou acostumado. Precisamos realmente estar abertos, aprender a usar o que as ferramentas estão trazendo para nós.

Inclusive, você comentou que quando você começou a usar a internet, você tinha 20 anos. Então, você com certeza precisou ter essa habilidade de adaptação, flexibilidade e estar aberto a aprender essas tecnologias novas, que vão se modificando cada vez mais rápido.

João Paulo: Sim, ainda era época da rede discada de internet. Então, eram situações que incomodavam, porque a gente já vinha com uma certa experiência, vinha com um certo conhecimento e de repente vem uma coisa totalmente nova e você pensa que aquilo é uma ameaça.

Então, antigamente em várias empresas, em empresas muito boas, para alguém ser reconhecido profissionalmente, esse alguém precisava ser melhor do que o vizinho. Então, se gerava uma competição dentro de casa.

Hoje não, hoje essas ferramentas de tecnologia impulsionam a colaboração, o trabalho em equipe, a produtividade. Então, hoje você consegue ser reconhecido profissionalmente quando você faz os outros trabalharem bem.

É uma prova de como a tecnologia também melhora o ambiente de trabalho e melhora a colaboração.

Sabemos que tudo é passageiro no mundo da tecnologia. Tudo que eu estou fazendo hoje, eu não vou fazer daqui a cinco anos. Essa é a única certeza que eu tenho. Em termos de trabalho, em termos de comportamento no dia a dia, em termos de tecnologia que eu uso, eu vou fazer coisas diferentes daqui a cinco anos. Eu nem sei o quê, mas eu tenho certeza que vai ser diferente.

Então, é preciso ter a cabeça aberta. Aprender é estar ligado, estar acompanhando, conversando com outras pessoas, de outras empresas, amigos de faculdade, amigos de infância. Todos podem trazer aprendizado para você. É importante se adaptar às mudanças que estão por vir, que são muito mais rápidas do que a nossa mudança pessoal.

Sobre o curso Entrevista com especialista de mercado: CFO da Ericsson

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