Olá, pessoal. Sejam bem-vindos ao curso de aceleração de produtos digitais. Meu nome é Mário Melo, eu sou sócio fundador da Facta Tecnologia e facilitador na Emergee. E eu queria fazer uma pequena introdução agora, apresentar para vocês que nós vamos ver em cada uma das aulas desse curso.
No primeiro módulo, nós vamos falar de pequenos lotes, os Small Batches, que basicamente é um conceito onde nós não trabalhamos com muito estoque, principalmente estoques intermediários. Eu vou falar um pouco sobre os motores de crescimento, que geralmente impulsionam o crescimento de um produto digital. Vou dar exemplos de produtos digitais que utilizam modelos diferentes para nós tentarmos traçar um paralelo e entender, para o seu produto digital, o produto que você está trabalhando, qual funciona melhor.
Um deles é o motor de crescimento viral. Eu vou entrar em maiores detalhes, explicando o que é essa coisa da viralidade, como que nós conseguimos ter um crescimento exponencial utilizando esse motor. Vou citar alguns exemplos que deram certo e que quase falharam. Nós vamos falar do motor recorrente, que é um motor baseado na retenção de cliente.
É aquele produto digital que realmente tem que pegar o cliente, abraçar e não deixar ele ir embora. Depende disso para sobreviver. Vou citar alguns exemplos e mostrar estratégias que esse tipo de produto, as pessoas geralmente traçam para manter esse motor recorrente funcionando.
Nós vamos para o último motor de crescimento, que é o crescimento pago. Crescimento pago, geralmente, está vinculado a propaganda, a divulgação. E nós vamos ver qual é o índice, a métrica que nós temos que acompanhar para validar se esse crescimento é sustentável ou não, e o que nós podemos fazer para crescer um pouquinho mais rápido quando nós nos enquadramos nesse motor.
Vamos falar de adaptabilidade. Muitos dos exemplos, nós vamos ver que às veze acabamos escolhendo o motor errado, acabamos traçando uma estratégia equivocada para o nosso produto. E é importante demais nós termos essa habilidade de mudar de direção quando nós sentimos isso.
Por último, vou explicar uma técnica muito legal chamado Mob Programming, que é derivada do XP. Do Pair Programming do XP, mas com alguns detalhes que a fazem ser extremamente importante para produtos digitais em fase de crescimento exponencial. Esse é um resumo de tudo que nós vamos ver de agora para frente. Espero que vocês gostem, e vamos lá.
Quando nós falamos de aceleração, o primeiro assunto que é fundamental abordarmos são os pequenos lotes, os chamados Small Batches. A ideia de se ter pequenos lotes é super interessante. Tem um vídeo, eu vou deixar na descrição, depois vocês assistem. Está em inglês, mas dá para entender bem o que se passa no vídeo.
É baseado em um experimento sobre um preenchimento de envelopes. Imagina que nós queremos enviar cem cartas. E nós temos um processo, têm alguns requerimentos, uns requisitos que nós precisamos ter para nossa carta estar pronta para envio.
Nós temos que preencher o endereço para onde ela vai, temos que colocar o conteúdo dentro do envelope. Nós temos que colar um selo, e nós temos que colar o envelope. Vedá-lo e garantir que a carta está lá dentro e só vai sair quando rasgar o envelope. É isso que nós temos que fazer.
Se nós temos que fazer cem envelopes, a coisa mais natural de se fazer é nós fazermos isso em uma espécie de produção por etapas. Nós vamos pegar todos os envelopes, escrever os endereços nos envelopes. Quando todos os envelopes estiverem com o endereço, nós vamos pegar e colar os selos. Depois que estiverem todos os envelopes com selo e com o endereço, nós começamos adicionar o conteúdo dentro do envelope. E no final, quando está quase tudo pronto, nós colamos e está tudo pronto.
É bem intuitivo. Geralmente, é dessa forma que a nossa cabeça funciona, é isso que nós tendemos a tentar fazer. Mas não é a melhor ideia. É curioso. Parece fazer muito sentido, mas na verdade não faz tanto sentido. Eu vou tentar explicar por quê. Depois vocês assistam ao vídeo. É bem legal.
Mas quando nós fazemos um por vez é mais rápido. Essa é ideia do Small Batches, pequenos lotes. Em vez de fazermos um lote de cem envelopes e deixar todos prontos ao final, eu vou fazer um lote pequeno. Por exemplo, vou fazer um por vez. Eu vou, primeiro, escrever o endereço. Depois que eu escrevo o endereço, eu colo o selo. Depois, adiciono o conteúdo. Fecho o envelope. E aí, sim, eu vou para o segundo. Eu já tenho um envelope pronto e eu já entreguei esse envelope, ao invés de fazer por etapa.
Por que isso faz sentido? Por que isso é mais rápido? A princípio, é um contrassenso. É difícil nós entendermos, mas o motivo é simples. Quando nós fazemos por fases, nós temos um gerenciamento de estoque no meio do caminho. Olha que curioso. Quando eu escrevi todos os endereços dos envelopes, eu passei a ter uma pilha de envelope com endereço. E eu tenho que organizar essa pilha.
E quando eu vou colar o selo, eu passo a ter duas pilhas. Um estoque de envelopes que está com endereço. E esse estoque vai diminuindo, e eu vou aumentando o estoque que está com o endereço e com selo do lado de cá. Esse gerenciamento de estoque, nós não percebemos, mas ele toma nosso tempo, e toma o nosso tempo de uma forma considerável.
Além disso, o cliente só recebe os envelopes no final. Eu só vou ter um envelope pronto depois de muito tempo, se eu trabalhar com lote grande. Porque quando o primeiro envelope estiver pronto, eu vou ter noventa e nove envelopes que falta vedar, colar a aba do envelope. Ao passo que quando eu faço um por vez, logo no comecinho, já tem um envelope pronto, eu já posso entregar.
Se no meio do caminho eu descubro que o envelope é pequeno demais ou que eu preciso, vamos supor, dobrar o conteúdo mais uma vez para caber no envelope, imagina se eu já dobrei o conteúdo, já fiz a minha pilha de conteúdo, que eu dobrei uma vez só. Eu vou ter que passar nessa pilha inteira e dobrar mais uma vez, porque não coube no envelope. Ao passo que se eu faço um por vez, no primeiro envelope, eu vi que não cabe. No próximo envelope eu já vou dobrar duas vezes, já vai acelerar. Eu vou aprender mais rápido.
Esse é o conceito por trás dos Small Batches. O nome disso, quando trabalhamos com um por vez, se chama one piece flow. É uma ideia que vem do Lean Manufactoring, do Toyota Production System, vem mesmo do chão de fábrica. E esse conceito chegou ao mundo digital. Vamos pensar: qual risco que nós corremos se não trabalhamos com Small Batches?
Já falei a questão envelope. Nós gastamos muito tempo à toa, nós estamos gerenciando estoques que não existiriam de outra forma. Além disso, nós acabamos desgastando um pouco a nossa imagem com cliente, porque nós não entregamos a ele com tanta frequência. Nós pegamos o trabalho e sumimos. Depois de algum tempo, nós aparecemos lá e entregamos um tantão de coisa para ele, encho ele de trabalho para ele validar.
E nós precisamos gastar algum tempo durante o processo para fazer ajustes. Igual eu falei: vai que tem que dobrar mais uma vez, ou a cola não está muito boa, tem que passar um pouco mais de cola. O selo está soltando, ou esse não é o melhor lugar para colar o selo. E nós temos também uma desmotivação muito grande de quem está trabalhando no produto. Porque você trabalha, trabalha, trabalha, mas não vê aquele produto entrando em produção, algum usuário realmente começando a usar o seu produto.
É outro ponto que pesa também para o uso dos Small Batches. Mas você está falando de envelope, e o curso é de formação de produtos digitais. Sim, esse conceito migrou para o mundo digital e faz muito sucesso, faz muito sentido usar ele no mundo digital. Só para vocês terem uma ideia, o conceito de DevOps, por exemplo, que é unir desenvolvimento com operação, está muito ligado a essa mesma ideia. Transformar a coisa toda num fluxo contínuo, ou seja, ele termina o processo de desenvolvimento quando eu entrego.
Se eu já desenvolvi e só falta fazer o deploy, só falta enviar para o cliente, está errado. Nós temos que pensar nisso como sendo uma coisa só. A prática de DevOps, é um nome que mistura desenvolvimento com operações, ela permite essa entrega contínua. Tira um handout e transforma esse fluxo num fluxo mais linear.
Cada pequena alteração, eu não tenho que esperar juntar dez tickets de desenvolvimento para fazer um deploy, porque o deploy é custoso, não. Fiz uma alteração, ela já aparece lá na outra ponta, o cliente já está testando, nós já estamos validando, e esse ciclo roda cada vez mais rápido.
Tem um livro que é maravilhoso, o livro mais famoso da DevOps que o The Phoenix Project. É um livro muito legal, porque ele conta uma história mesmo, uma narrativa. É gostoso de ler, tem personagens. Super interessante, recomendo muito para quem quiser aprofundar.
Entrando nessa área de produtos digitais, só para vocês terem uma ideia, hoje a Nubank faz cerca de cinquenta deploys por dia. O produto é atualizado cinquenta vezes por dia. Uma coisinha pequena por vez, mas é atualizado. A Amazon é um pouco mais bruta nesse aspecto, ela faz um deploy a cada onze segundos. Uma equipe muito maior de desenvolvimento, tem muito mais gente trabalhando. Mas imagina: a cada onze segundos tem uma alteração sendo disponibilizada para alguém em algum lugar. É muita coisa.
Tudo isso parte do mesmo princípio dos envelopes que eu citei. São basicamente uma forma de se trabalhar de maneira digital com o one piece flow, com algo que começa na cadeia e sai lá no final antes e nós começarmos o próximo. Para dar um exemplo, eu vou deixar aqui do lado a ideia do Phoenix Project, quem quiser ler eu recomendo fortemente.
Mas para dar dois exemplos, rapidinho. Quando nós estamos trabalhando com produtos físicos, lembra que eu apontei os estoques. Estoque sempre é algo negativo. Porque, imagina: se eu tenho muito estoque, se eu tenho um estoque de carros, por exemplo. E eu não vendo todos os meus carros, ano que vem já tem um modelo novo e eu estou com o modelo velho parado para vender.
E eu tenho que gerenciar esse estoque, eu tenho que pagar um galpão para armazenar esses carros. É sempre muito custoso. No mundo digital, isso acontece mais ou menos da mesma forma. Imagina se eu estou escrevendo um livro. Meu livro vai ter trinta e oito capítulos. E eu vou esperar terminar os trinta e oito para publicar.
Se é um livro de tecnologia, talvez o capítulo um, que hoje faz muito sentido, na hora que eu terminar, esse capítulo um vai estar falando de uma biblioteca que, quando eu escrevi, estava na versão 1 e agora essa biblioteca está na versão 12. Aquele capítulo ficou obsoleto.
Se eu tivesse liberado capítulo por capítulo, de repente tivesse feito, ao invés de fazer um livro, uma série de pequenos livrinhos, mini livros, mini books, talvez tivesse sido melhor para todo mundo, não só para mim, mas para os meus leitores também. Para as pessoas que estão buscando esse conhecimento.
Então, os Small Batches são fundamentais para nós trabalharmos com a aceleração do nosso produto digital. Se tiverem um tempinho, assistam ao vídeo que eu falei. Vocês vão gostar, é muito divertido.
Além de trabalhar em Small Batches, nós temos que pensar também em qual vai ser o motor de crescimento do nosso produto. Eu vou detalhar um pouco alguns motores populares, mas todos eles se baseiam num crescimento sustentável, que é aquele tipo de crescimento onde novos clientes chegam por conta da ação de outros clientes.
A forma mais conhecida de se ter um crescimento sustentável é a propaganda boca-a-boca, é o famoso boca-a-boca. Que funciona tanto para bem quanto para mal. Existe um aplicativo chamado boca-a-boca, inclusive. Que ele foi criado por uma empresa exatamente para fomentar esse tipo de relacionamento.
Se você usou um produto e gostou, você conta para outra pessoa, recomenda. Existem milhares de programas desse tipo de associação, onde você ganha dinheiro por fazer algum tipo de referência. E nós sabemos também que se a pessoa não gosta do produto, essa propaganda boca-a-boca de uma forma negativa também acontece, e acontece com bastante frequência.
Mas o crescimento sustentado não se limita à propaganda boca-a-boca. Existem várias outras formas de um cliente chegar até você em função de uma ação de outro cliente. E algumas dessas formas dependem das atitudes que você toma no momento de criação do seu produto.
Por exemplo, a Facta, uma vez, a minha empresa, nós recebemos a ligação de um possível cliente, pedindo para que nós elaborássemos um software parecido com um que ele tinha visto. E quando nós perguntamos como que ele chegou até nós, ele falou que ele viu alguém usando o sistema e clicou no about, no sobre nós. Tem um ícone de informação no sistema, ele clicou, viu na janela, achou o e-mail, telefone e entrou em contato conosco.
Parece uma bobagem, pode ser um tiro no escuro. Algo que funciona uma vez a cada mil pessoas, porque quase ninguém clica no about, quase ninguém vai ler. Mas alguém pode fazer e eventualmente isso pode gerar uma venda, como foi o que aconteceu com a minha empresa, se não me engano em 2014.
Existem outros tipos de mecanismo de um usuário atrair o outro. Por exemplo, o convite do Facebook. Para você entrar para uma rede social, geralmente, em algumas redes, você precisa ser convidado por alguém que já faz parte daquela rede. Quando o Facebook começou era assim, o Orkut também.
Isso faz com que um usuário queira atrair um outro usuário, porque os dois vão ganhar com isso. Se você tem uma rede social, ela só faz sentido para você se os seus amigos, as pessoas que você gosta também estão ali. É um processo natural para você querer trazer essas pessoas para dentro do produto. E quem criou a rede social, obviamente pensou nisso e fez essa situação acontecer de propósito.
Outra forma de se ter um crescimento sustentável são com propagandas pagas. Para muitas empresas, é interessante nós divulgarmos, investirmos em propaganda e marketing para atrair cada vez mais clientes. E meu crescimento vai ser sustentável, contanto que entrem mais clientes do que saem. Eu vou estar sempre crescendo e a coisa vai estar funcionando. Mas eu tenho que avaliar a quanto custa cada cliente quando eu trabalho com propaganda. Esse também é um dilema interessante. Existe um custo de aquisição de cliente.
Outro motor de crescimento que existe é o motor recursivo. Que é quando nós temos algum mecanismo que nós trazemos o cliente. E a partir do momento que esse cliente se torna nosso cliente, ele passa a gastar um dinheiro de tempos em tempos, passa a gerar uma renda recursiva para nós, uma renda recorrente.
Isso pode acontecer, por exemplo, com Netflix ou Amazon Prime Vídeo, HBO Go que nós assinamos, tem uma data que todo mês pinga um dinheirinho lá para eles. E também com outro tipo de serviço como, por exemplo, o jogo Fortnite, com micro transações. Eu tenho uma base fiel de clientes, que joga aquele jogo com alguma frequência.
Alguns não compram item nenhum, alguns não vão gastar dinheiro. Mas eu tenho ali muitas pessoas que gastam. Para mim É interessante atrair essas pessoas, porque elas vão me gerar uma renda recorrente. Não é tão previsível quanto a do Netflix e do Prime, mas ela é também uma renda recorrente.
Nas próximas aulas, eu vou passar um pouco sobre cada um desses motores. É legal nós termos essa visão geral e entender que o nosso produto, muito possivelmente, vai depender de um desses motores que eu vou citar.
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