O meu nome é Mario, eu sou sócio proprietário da Facta TI, em Belo Horizonte e atuo como trainer da Emergee e da SCOPPHU em Portugal para treinamentos de agilidade e afins. Eu estou aqui para falar um pouco hoje sobre o curso de produtos e projetos.
Explicar um pouco a diferença entre essas duas abordagens quando a gente está tentando construir alguma coisa. Nós vamos passar na primeira aula sobre uma pequena ideia do que é um projeto, o conceito do projeto em si, quais são os critérios de sucesso de um projeto.
E aí, a gente vai passar para os produtos, entender qual que é a diferença que existe e em quais cenários um produto faz mais sentido do que um projeto. Depois nós vamos ver como que essa ideia de se construir um produto casa bem com os valores da agilidade, do manifesto ágil.
E aí, nós vamos entender as saídas de cada um, a saída de um projeto, a saída de um produto, o que que a gente quer validar quando nós trabalhamos com cada uma dessas abordagens. Vou falar um pouco também sobre o CYNEFIN, que é um framework que ajuda a gente a entender um pouco sistemas complexos, que é algo que a gente vai trabalhar naturalmente quando tiver desenvolvendo um produto digital.
E aí, vamos para a estratégias de Releases, quando que vale a pena publicar um produto, qual que é a estratégia que vamos utilizar para lançar um determinado produto no mercado? E no final, vamos juntar tudo isso e tentar entender como que alguns conceitos como Lean Startup, Design Thinking, casam bem com essa ideia de desenvolvimento de produto, como que eles podem te ajudar a desenvolver o seu produto digital.
E aí, vou passar também por algumas ferramentas que existem, estão disponíveis, são de fácil acesso e podem ajudar você a criar e publicar o seu próprio produto digital. Espero que vocês gostem do conteúdo e vamos começar.
Para a gente começar a entender a diferença entre produto e projeto, vamos analisar primeiro os projetos. Projetos são tipicamente encontrados em empresas muito grandes, geralmente costumam trabalhar sempre com muitos projetos, inclusive em paralelo.
Qual que é a ideia de um projeto? O projeto é algo que a gente quer realizar e a gente tem uma ideia bem definida do caminho que nós vamos traçar, do início até o fim, até a conclusão daquele projeto. Então, como essa ideia está mais definida, a gente consegue quebrar ela em pequenas etapas, que podem ter alguma relação de dependência entre elas.
E fazer um planejamento bem detalhado, esse planejamento bem detalhado, ele encaixa muito bem com grandes corporações, por quê? Essas corporações geralmente, elas têm uma estrutura complexa, muita gente, muitos setores e esses fazem coisas diferentes, geram valor de uma forma diferente para a empresa.
Então, essa empresa precisa ter uma forma de gerenciar isso, de olhar para frente e enxergar o caminho que ela está seguindo e validar se esse caminho faz sentido ou não, como uma organização, como um todo.
Então, essa sensação de segurança, de enxergar o caminho que vem pela frente, é o que faz muito dessas empresas trabalhar sempre com projeto, com essa visão de um escopo muito fechado, o que nós vamos fazer? Nós vamos fazer isso aqui, dessa forma e agora vamos planejar e vamos fazer etapa por etapa.
Então, o projeto, ele só faz sentido, mesmo, se a gente tem esse caminho bem definido pela frente, eu começo aqui hoje e sei exatamente onde eu vou chegar e eu acredito que no meio desse meu caminho, eu não vou ter muitos imprevistos, eu acho que independente do que aconteça, eu vou continuar seguindo esse mesmo caminho.
Aí, faz muito sentido usar essa visão de projeto, essas empresas também costumam utilizar esse modelo de gerenciamento em função de gerenciamento de risco e de dependências. Então, as empresas costumam traçar esse caminho crítico, qual que é o caminho de dependências que eu tenho? O que que não pode dar errado durante o meu projeto?
O que que se atrasar um pouco, vai ter um impacto grande lá na frente? Esse encadeamento faz parte desse planejamento do projeto, então eu estou sempre vislumbrando algo lá na frente, dividindo em etapas e planejando cada uma das etapas.
Quando eu olho do meu ponto atual e olho para o futuro, eu consigo ter uma avaliação, mais ou menos certa do que que vai acontecer. Imprevistos precisam ser medidos com riscos em projeto.
Então, uma mudança, alguma coisa que acontece, tudo isso vai impactar no meu plano e eu não quero isso, quando eu trabalho com projeto, eu não que nada saia do plano, eu quero que o meu projeto corra da forma que eu planejei.
Então, nas grandes organizações que trabalham dessa forma, mas não são só as grandes organizações que trabalham dessa forma, mas é mais comum observar esse tipo de gerenciamento em organizações maiores, porque geralmente elas tem mais tempo de existência e partem de um modelo de gerenciamento que é mais antigo e que sempre deu certo com outras áreas, com outras engenharias e com outros projetos que essa empresa já realizou no passado.
Como a gente está num contexto um pouco mais volátil, o mundo tem mudado muito depressa ultimamente, esse modelo, ele costuma ser um pouco falho. Não é que ele seja sempre falho, existem cenários onde ele se aplica, mas a grande diferença de um projeto para um produto é o critério de sucesso.
Então, o que que é o sucesso de um projeto? O sucesso do projeto é o sucesso do plano. Então, se eu planejei algo e eu executei exatamente o que estava planejado, no tempo que estava planejado, o meu projeto foi um sucesso. Então o sucesso do projeto, ele está mais relacionado ao que a gente chama de output, ou seja, a saída.
Se eu planejei que ia sair alguma coisa e saiu aquela coisa no final, o projeto foi ótimo, saiu no data, saiu o que foi plano, o projeto foi um sucesso e esse conceito é muito diferente do que o conceito de sucesso de um produto, essa é a principal diferenciação.
Quando a gente está trabalhando com o projeto, só faz sentido a gente validar o cesso do plano, quando a gente tem certeza absoluta que aquele plano é o plano certo. Então, a ideia do projeto é essa: ter certeza que o plano está certo, seguir o plano a risca e segui, principalmente as data também à risca, evitar imprevisto.
Um efeito colateral que costuma acontecer quando se trabalha com projetos em uma ideia que deveria ser um produto, é que a gente entrega exatamente tudo o que foi planejado na data certa, mas no final das contas as pessoas não usam ou aquela ideia não gera o retornou que era esperado no final, porque os ciclos costumam ser longos.
A gente começa agora e entrega daqui a muito tempo e um outro efeito curioso, que é interno nas organizações é que exatamente por ela ser muito grande, as vezes trabalhar com esse auto nível de dependência, onde o trabalho de um depende do outro, que depende do outro, as pessoas que trabalham na organização costumam ver menos impacto do trabalho que elas realizam no produto final.
E aí, quando o produto final tem pouco impacto também, a pessoa sente menos ainda, então essa relação de responsabilidade pelo sucesso, acaba sendo um pouco diminuída. Essa dificuldade que as pessoas tem de perceber o impacto do próprio trabalho no resultado final, ela também se traduz numa dificuldade de mapear a cadeia de valores internos da empresa, que se replete nisso.
Quando você tem vários setores e cada setor tem vários subsetores, todos trabalhando em projetos separados, muitas vezes é complicado saber qual projeto deu certo, como resultado, porque como eu falei, o sucesso do projeto é o sucesso do plano, mas e o resultado daquilo, qual foi o retorno? Qual setor da empresa está gerando mais valor do que o outro?
Onde que a gente precisa investir? Será que a gente investe mais em quem hoje dá mais retornou ou em quem hoje está realizando mais projetos que terminam em sucesso? Então, toda essa dificuldade, ela acaba gerando uma necessidade de se enxergar o futuro, vamos falar de ter uma previsibilidade do que vai acontecer.
E os projetos dão essa sensação, em contextos previsíveis, funcionam muito bem, em contextos mais voláteis, nem tanto e é isso aí que a gente vai ver, comparando agora com o produto na próxima aula.
A maneira mais fácil de a gente entender o que é um produto é olhar para as Startups, a gente tem tantas no Brasil atualmente que fica fácil dar exemplo. Quando a gente compara uma Startup com uma empresa tradicional, eu comentei no vídeo anterior sobre essa complexidade da estrutura organizacional das grandes empresas, tem vários setores, vários subsetores, muita gente.
As Startups, uma empresa que surge hoje, ela não tem condições de competir de igual para igual com uma empresa que está estabelecida há muitos anos e tem milhares de funcionários. A única forma que uma Startup tem de entrar em um mercado que é dominado por essas empresas é ter um foco muito bem definido.
Então ela precisa atacar algo que aquela grande empresa faz, mas uma coisa muito específica, então vamos dar um exemplo bobo. Se a gente pegar bancos, que são instituições grandes, com muitos funcionários e antigas, que estão no mercado há muito tempo, os novos bancos digitais que tem surgido nessa última década.
Se a gente pegar, por exemplo, o exemplo do Nubank, ele tem um foco laser, ele vai em um item, então ele foi inicialmente no cartão de crédito. Os bancos tradicionais ofertam muito mais que um cartão de crédito, tem conta corrente, tem investimentos, há câmbio, você pode receber do exterior e transformar a sua moeda em real ou você pode comprar moeda de fora, empréstimos, tem seguros.
Então tem toda uma gama de produtos diferentes e uma Startup que está nascendo, como o Nubank, dificilmente conseguiria competir de frente com esses grandes bancos, em todos esses setores. Então a forma mais simples de se entrar nesse mercado é atacar um segmento muito bem definido, pequeno e falar: “Essa coisa aqui, essa pequena coisa, eu vou fazer melhor do que os tradicionais estão fazendo”.
Então você foca todo o seu esforço naquele problema, isso é algo bem comum, que se a gente foge do exemplo dos bancos e pensa em Ifood ou qualquer outro tipo de Startup, essas Startups, elas resolvem problemas que já estavam sendo resolvidos antes.
Então, entrega de comida já existia, a gente podia... a qualquer momento é só ligar e pedir comida, só tornaram um pouco mais fácil, cartão de crédito já existia, até com anuidade gratuita, mas a maneira de se conseguir não era tão simples. Então eles... O que essas Startups fazem é isso, elas definem um foco muito pequeno e atacam aquilo ali, com toda a força que elas têm.
Então esse foco laser, bem definido, ele ajuda essa Startup, essa pequena empresa a competir com os gigantes, mas ainda assim o caminho é incerto. É difícil, a gente tem um produto que já está estabelecido no mercado, já existe um carão de crédito, eu acredito que eu consigo prestar um serviço melhor e pegar parte dessa clientela, mas não tem como ter certeza.
Então, se essas empresas trabalhassem com projeto e fizessem um cronograma certinho do que que vai acontecer, elas não tem como garantir que isso realmente vai acontecer, o projeto provavelmente falharia. Então, como o sucesso do projeto é o sucesso do plano, esse plano, ele é muitas vezes apenas uma ideia mirabolante, ela precisa ser validada.
Então, essas empresas, elas tem um caminho bem definido para tentar vencer uma solução já existente, na verdade, não um caminho bem defino, elas tem um ponto de chegada bem definido, mas o caminho é incerto.
Já existe um caminho, que alguém já fez, alguma solução já chegou, já oferece um cartão de crédito, por exemplo e eu quero descobrir um caminho melhor para chegar naquele mesmo ponto ou talvez um ponto um pouquinho mais avançado.
A única maneira de descobrir esse caminho é desbravando, eu estou fazendo um novo caminho, então a todo o tempo, eu tenho que parar e validar se eu estou no caminho certo, se eu estou chegando mais perto daminha linha de chegada e eu posso descobrir caminhos novos.
Não faz sentido traçar um plano a priori, eu posso traçar um plano, mas um plano menor, um plano curto e eu estou, eu entendo, a partir do momento que eu início aquele produto, eu entendo que tudo pode mudar a todo o momento. Então, eu posso ter uma ideia, de repente a gente lança essa ideia no mercado.
Aí, o público não reage bem, não gostaram da cor do cartão, não gostaram do aplicativo, o aplicativo de repente não funcionou bem em um determinado dispositivo. Então, tudo depende de testes. Será que o público vai confiar o dinheiro num banco que até então é desconhecido?
Será que as pessoas estão abertas à isso. Existe uma série de validações que precisam ser feitas ao longo do caminho e essa é a principal diferença do produto. A gente está validando uma ideia o tempo todo, a gente está tentando entender se realmente esse caminho que a gente escolheu vai nos legar a chegada.
Junto a isso, tem uma outra diferença que é uma diferença considerável, que os times de produtos geralmente são menores, por quê? Vamos pensar, uma Startup está começando agora, naturalmente tem uma equipe mais enxuta do que uma empresa tradicional.
O fato de a gente ter times menores e um objetivo bem definido, esse fosso laser, ele ajuda a colocar todas as pessoas no mesmo barco. Então, todo mundo chega ali no trabalho, consegue enxergar o impacto do que faz no produto final. Isso gera um alinhamento das pessoas, facilita o diálogo e o foco na atividade que eu estou fazendo.
Eu estou corrigindo um bug? Não eu estou corrigindo um bug porque esse bug está gerando um prejuízo de X para a empresa ou porque eu quero ajudar a captar uma parcela Y de clientes, que hoje não faz parte da nossa clientela.
Essa diferença, embora pareça boba, é uma diferença fundamental dos produtos para os projetos. Colocar as pessoas no mesmo barco é uma coisa que é bem difícil de ser fazer, existem várias técnicas para tentar juntar times e gerar esse entendimento comum do trabalho, de tudo mundo, para evitar até pequenas disputas, pequenas concorrências e colocar realmente todo mundo trabalhando de uma forma mais colaborativa.
Quando a gente trabalha com projeto, a cobrança pelo prazo, por seguir o plano, o trabalho de um tem um impacto no do outro, então muitas vezes isso gera algumas relação de estresse dentro da equipe. Quem trabalha com desenvolvimento sabe que as vezes o desenvolvedor e o tester costumam ter relações de estresse em alguns momentos.
Enquanto que quando você trabalha de uma forma um pouco mais interativa, vou citar, está todo mundo visualizado aquele mesmo objetivo. Quando alguém acha um bug, o outro quer corrigir e todo mundo enxerga que aquilo ali está sendo feito para dar mais um passo na direção daquele objetivo.
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