Olá, sou Roberto Pina, consultor de empresas e instrutor da Alura. Seja muito bem-vindo e bem-vinda ao curso de Lean Six Sigma: um guia para a melhoria de processos.
Audiodescrição: Roberto Pina é uma pessoa de pele clara. Tem olhos castanhos, é calvo e não usa barba. Usa óculos de grau retangulares e está com uma camiseta preta. Ao fundo, estúdio com iluminação laranja. À direita, uma estante com decorações.
Os objetivos deste curso são apresentar o Lean Six Sigma como um instrumento para a realização de projetos de melhoria de processos.
O público-alvo são:
Vamos dar uma visão geral sobre o Lean: qual é sua filosofia e quais são seus princípios. O Lean é uma abordagem importante para a melhoria de processos.
Falaremos também do Six Sigma: o que é, qual a sua origem e o ciclo DMAIC, que define as fases de execução de um projeto Six Sigma.
Na sequência, discutiremos cada um dos passos desse ciclo, iniciando com definição, medição e análise. E depois concluiremos com implementação da melhoria e controle.
Por fim, abordaremos eventos de melhoria rápida, que são uma ferramenta que pode ser usada dentro do projeto ou de maneira isolada, também visando à melhoria.
Os benefícios deste curso para a sua evolução consistem no avanço do seu conhecimento a respeito de análise e melhoria de processos, e consequentemente, na evolução pessoal e profissional em decorrência desses conhecimentos adquiridos.
Na sequência, começaremos o nosso conteúdo falando dos princípios fundamentais do Lean.
Vamos falar a respeito das origens e dos conceitos fundamentais da abordagem Lean.
Os primórdios do Lean remontam à indústria japonesa, nos anos 50, na Toyota, onde foi criado o TPS (Toyota Production System). Um importante contribuidor desse sistema de produção e do Lean foi Taiichi Ohno, que era engenheiro da Toyota na época.
O Japão, após o término da Segunda Guerra, adotou uma estratégia nacional de reconstrução, com foco na manufatura, para se posicionar entre as grandes nações do mundo.
Eles adotaram uma estratégia de melhoria da manufatura com o objetivo de produzir produtos de altíssima qualidade e preços competitivos para, então, se reposicionarem.
Nesse contexto, surgiu o Lean. Era necessário fazer mais com menos, ter uma produção extremamente eficiente com produtos evoluídos, para que pudessem ser competitivos e atender a sua estratégia de reconstrução e evolução.
O Lean é um termo que significa "enxuto", "esbelto". Seu objetivo é criar um sistema de produção simples, enxuto, onde consigamos agregar bastante valor com eficiência e com o menor custo possível, sem descuidar de aspectos de qualidade.
A linha de raciocínio do Lean é a seguinte: a organização entrega valor ao mercado na forma de produtos. Esse valor é adicionado através de um fluxo, ou seja, existe uma cadeia de valor que vai adicionando valor ao produto para que ele seja entregue ao mercado.
Todo fluxo possui adição de valor, mas também tem desperdícios, que são atividades que não adicionam diretamente valor. Esses desperdícios têm que ser identificados e enxugados o quanto possível.
Deve-se buscar a perfeição, o aperfeiçoamento constante, a melhoria constante. E o sistema de produção deve respeitar as pessoas, considerando a integridade e seu bem-estar.
Essas palavras-chave, como valor, fluxo, desperdícios, busca de perfeição e respeito às pessoas, consistem o que é fundamental do Lean.
Dessa maneira, uma produção Lean está focada em:
A produção puxada (sistema pull) é um sistema onde só se produz quando o mercado demanda. É diferente da produção empurrada, onde primeiro produzimos e depois tentamos vender, gerando, portanto, estoques.
O foco do Lean é na produção puxada, porque ela é mais enxuta, mais eficiente, porque o trabalho só é feito no momento estritamente necessário. Sem acumúlo de material e sem estoques (ou com estoques minimizados).
Um conceito importante do Lean é a visibilidade da cadeia de valor. Só podemos melhorar o fluxo, a cadeia de valor, se estiver visível e perceptível.
Tudo o que é importante tem de estar visível. Só é possível atacar anormalidades se for possível percebê-las.
Outro princípio fundamental é o de autonomação ou jidoka, que é a introdução da capacidade nas máquinas de detectarem automaticamente anomalias e falhas e, se for o caso, pararem automaticamente a produção.
Por exemplo, vamos pensar em uma academia. Existe uma esteira onde as pessoas são conectadas à máquina através de um cordão. Se escorregamos ou saímos da esteira, aquele cordão solta e para a esteira automaticamente. Este é um exemplo simples de autonomação, de jidoka ou de correção automática de anomalias.
É de grande importância no Lean o conceito de balanceamento ou heijunka, que afirma que não deve haver picos e vales de trabalho. Deve haver uma cadência mais ou menos constante e sustentável.
O Lean também valoriza a padronização e a simplicidade. Desta forma, o trabalho precisa ser roteirizado, disciplinado.
Isso não significa um trabalho engessado, mas, sim, dentro de padrões, dentro de um nível de previsibilidade, porque surpresas e desvios não são bons para o fluxo. O fluxo precisa ser tranquilo.
Outro princípio importante é o poka-yoke, que consiste em criar sistemas à prova de falhas e distrações, tomando ações como desligar, controlar, ou avisar.
Por exemplo, em um forno de micro-ondas, se alguém abre o aparelho enquanto está em funcionamento, ele desliga automaticamente. Esse é um exemplo de aplicação do princípio poka-yoke.
Além disso, temos como preceito fundamental o Kaizen, que é um esforço para aprimoramento contínuo. Essa prática se foca em melhorar continuamente o nosso processo e produto gradualmente.
Outra tarefa é o combate ao desperdício. Se algo não adiciona valor direto ao produto, e consequentemente ao mercado, é considerado um desperdício. Portanto, deve ser eliminado ou, pelo menos, minimizado.
Na sequência, vamos falar mais detalhadamente sobre a questão de desperdícios.
Segundo os preceitos do Lean, existem oito tipos fundamentais de desperdícios ou muda. Muda é um termo em japonês que significa, literalmente, lixo.
Desperdícios são caracterizados como atividades que não adicionam valor diretamente ao produto ou serviço. Portanto, devem ser eliminados ou pelo menos minimizados.
Existem desperdícios que acabam sendo necessários para a organização e não podem ser eliminados, mas devem ser reduzidos ao máximo. Vamos conhecer quais são esses desperdícios segundo o Lean.
O primeiro desperdício é o transporte ou transferência. Por exemplo, o transporte de uma estação a outra ou de um setor a outro numa instalação industrial, é necessário para que o fluxo aconteça.
Mas enquanto o transporte está acontecendo, não está sendo adicionado valor ao produto, pois não está sendo transformado, apenas sendo mudado de lugar. Portanto, devemos tornar o transporte, a transferência, o mais breve e prático possível.
Outro tipo de desperdício é a espera, fila ou atraso. Quando algo está aguardando em uma fila, o produto não está sendo transformado e isso constitui um desperdício. Não está sendo adicionado valor naquele momento.
O terceiro desperdício é a superprodução. Quando produzimos acima do necessário, estamos desperdiçando tempo e dinheiro e, eventualmente, gerando um acúmulo desnecessário de estoque.
O defeito é o desperdício mais evidente. Quando introduzimos um defeito no produto, não estamos gerando valor, estamos produzindo um "não valor". Por isso, é algo que deve ser combatido.
Outro desperdício é o estoque. Esse é um desperdício clássico, segundo o Lean. Além de termos o custo do espaço para armazenamento, estamos deixando dinheiro parado nesse estoque.
Por exemplo, quando compramos um produto para a nossa casa e colocamos ele dentro do armário. Se pagamos R$ 20 por aquilo, é como se tivéssemos deixando uma cédula de R$ 20 no armário. Esse dinheiro poderia estar sendo investido.
A ideia do Lean, dentro da filosofia do Just-In-Time, é somente adquirir um item no momento que vamos utilizá-lo, para não deixar dinheiro parado e também economizar espaço e, consequentemente, ter menos custo com armazenamento.
Outro desperdício é a movimentação desnecessária. Quando movemos alguma coisa sem a real necessidade.
Até em um sistema online, se temos que passar por vários cliques para chegar em uma tela, isso também é uma forma de movimentação desnecessária. Nesse caso, também é considerado um desperdício no ambiente digital.
Processamento extra é outro tipo de desperdício. Quando temos que processar novamente ou refazer, isso consome tempo e dinheiro.
Se fazemos um pedido de carne e ela não é entregue no ponto pedido, deve voltar a cozinha e ser retrabalhada. Isso é um exemplo comum de processamento extra que claramente constitui um desperdício.
O oitavo tipo de desperdício, talvez o mais impactante de todos, é o desperdício do potencial humano. Pessoas que às vezes estão numa posição inadequada, onde não estão desempenhando o máximo do seu talento, isso é considerado desperdício de potencial humano.
Todos esses desperdícios diminuem a eficiência de nosso sistema de produção, aumentam os custos, diminuem a velocidade, reduzem a qualidade e, portanto, devem ser combatidos segundo a perspectiva do Lean.
Fizemos uma retrospectiva a respeito dos principais conceitos do Lean, em especial dos desperdícios. Agora, vamos entrar no assunto do Six Sigma, explicando o que é, de onde vem esse nome e, principalmente, do que se trata.
O curso Lean Six Sigma: um guia para melhoria de processos possui 94 minutos de vídeos, em um total de 40 atividades. Gostou? Conheça nossos outros cursos de Administração e Gestão em Inovação & Gestão, ou leia nossos artigos de Inovação & Gestão.
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