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Tech Lead: construindo práticas e rotinas de gestão

Pilares da liderança técnica - Apresentação

Boas-vindas! Sou Ana Ribeiro, instrutora de Inovação e Gestão da Alura.

Audiodescrição: Ana Ribeiro se identifica como uma mulher de pele parda, de olhos e cabelos castanhos. Nos olhos, usa um óculos de armação preta. No corpo, uma camiseta azul-escura com a logo da Alura. Ao fundo, uma parede lisa com uma estante à esquerda, decorada com figuras de ação, livros, quadros e plantas. O fundo é iluminado em tons de amarelo, laranja e vermelho.

Para quem é este curso?

Este curso é para pessoas na posição de liderança técnica (tech lead), ou que estejam migrando para essa função, e que deseja refletir sobre a sua rotina e sobre as suas práticas de gestão.

O que vamos aprender?

Vamos falar, nesse curso, sobre os principais pilares que envolvem rotinas de gestão, como, por exemplo, a gestão de pessoas, de processos e de produtos.

Pensando nessas vertentes, vamos conhecer os principais estilos de liderança que podem intensificar o desenvolvimento nessa posição, como, por exemplo, a liderança servidora transformacional.

Também teremos uma visão de mercado sobre o que outras pessoas tech leads estão inserindo e priorizando em suas rotinas, o que pode ajudar a refletir sobre a nossa.

Vamos falar sobre gestão de mudanças, técnicas e frameworks (estruturas) de priorização, discutir sobre o desenvolvimento de pessoas e ações de pareamento, de colaboração entre o time para otimizar a qualidade dos empregáveis, como Pair Programming(Programação em Pares) e Code Review (Revisão de Código).

Claro que também vamos considerar a visão de referências para ajudar no nosso desenvolvimento. Queremos destacar que você pode contar conosco durante todo o curso. Se tiver alguma dúvida, você pode acessar o nosso fórum e participar da comunidade de estudantes da Alura no Discord para interagir com pessoas que estão aprendendo junto com você.

Não deixe de realizar as atividades e consultar os nossos materiais complementares que ajudarão a fortalecer e intensificar o seu aprendizado.

É um prazer enorme estar aqui acompanhando você nesse curso. Você já pode iniciar o próximo vídeo e começar sua jornada de estudos. Vamos lá?

Pilares da liderança técnica - Referência técnica

Quando falamos sobre a profissão Tech Lead, é comum observar uma grande variação de rotinas e práticas de gestão que esses profissionais implementam. Isso ocorre porque cada Tech Lead tem seu próprio histórico profissional de experiências e preferências. Além disso, as empresas têm suas próprias diretrizes e os times suas próprias demandas. Portanto, é desafiador definir exatamente o que um Tech Lead faz.

Mas, será que, considerando essas variações, é possível estimar o que um Tech Lead deve fazer? Existem boas práticas que, independentemente da empresa na qual se atua ou das tecnologias que se prioriza, podem ser implementadas na rotina? É o que vamos refletir aqui juntos.

Qual o papel da pessoa Tech Lead?

Para entender melhor essa função, é útil conhecer algumas referências, como, por exemplo, Patrick Kua, autor do livro Talking with tech leads (Falando com tech leads, em tradução livre). Ele faz uma espécie de coletânea de conversas com Tech Leads do mercado para entender suas percepções em relação a algumas práticas e o que consideram primordial nessa atuação.

Segundo ele, essa liderança técnica é responsável pelo time de desenvolvimento e utiliza aproximadamente 30% do seu tempo escrevendo código com o time. Portanto, se como pessoa desenvolvedora, se gasta muito mais tempo para "codar" (programar). Como liderança, isso sofrerá uma redução.

Essa estimativa de 30% que Patrick compartilha, é o que a maioria dos Tech Leads dedicam para essa função de desenvolver código. No entanto, isso pode variar dependendo de situações em que o Tech Lead também tenha que colocar em prática nossa visão de especialista, ou precisar ajudar efetivamente a resolver um problema, acompanhando o time mais de perto.

Por exemplo, se surge um projeto que possui dificuldades de ser construído e o time está travado, não conseguindo desenvolver da maneira que deveria, e o prazo de entrega está chegando, o Tech Lead pode achar estratégico entrar de forma mais ativa no desenvolvimento do código, pareando com o time e tendo uma participação maior.

Mas, se o Tech Lead nota que um projeto está dentro do nível de desenvolvimento e senioridade do time, alinhado com as expectativas, é possível que ele atue em momentos mais pontuais, como simples revisor.

É importante destacar que, como liderança técnica, não vamos dedicar a maior parte do tempo sendo responsável pelo desenvolvimento do software. Essa é uma das grandes mudanças que ocorrem quando saímos do time de desenvolvimento e assumimos uma função de liderança, que apoiará outras pessoas a terem maior autonomia no desenvolvimento.

Também podemos mencionar outro livro interessante e recomendado para lideranças técnicas, escrito por Camille Fournier: The Manager's Path: a guide for tech leaders (O caminho da liderança: um guia para líderes técnicos, em tradução livre).

Nele, Camille reforça que, para além da visão do Patrick, na qual lideranças técnicas precisam ter essa especialidade técnica e estarem prontas para atuar criando código junto com o time, também surgem atividades adicionais para a rotina profissional dessa pessoa que implicam em uma maior divisão de tempo, como:

Isso implica que, como Tech Lead, ao assumir essa posição, nos tornaremos uma grande referência técnica para agir nesses momentos em que vamos criar códigos com o time, ajudar nesses momentos de dificuldade, além de apoiar o desenvolvimento do time. Como referência técnica, vamos aconselhar pessoas sobre quais especializações realizar e ensiná-las a fazer escolhas técnicas melhores para determinado tipo de projeto desenvolvido.

Além disso, uma pessoa Tech Lead desenvolverá habilidades de liderança, entre as quais soft skills, e também inspirará as pessoas.

Em resumo, a pessoa Tech Lead possui referencial técnico, é uma liderança e é uma fonte de inspiração que guia o time para realizar um objetivo em comum.

Entendendo as vertentes de atuação

Em linhas gerais, existem três vertentes essenciais nas quais um Tech Lead atuará:

  1. Gestão de pessoas.
  2. Gestão de processos.
  3. Gestão de produtos.

Gestão de Pessoas

Como fazer a gestão de pessoas? Como pensar no desenvolvimento delas? Como conhecer o time para conseguir delegar melhor as tarefas? Como entender as diversidades? Como entender o impacto da cultura do time em relação ao desenvolvimento dessas pessoas e às entregas?

Gestão de Processos

A pessoa Tech Lead precisa estar envolvida no começo do planejamento, acompanhar e pensar em indicadores, em parceria com os stakeholders (pessoas interessadas) e Product Owners (POs). Essas pessoas auxiliarão no gerenciamento do backlog de tarefas, sistemas legado e de novos projetos.

Ela também precisa acompanhar o pipeline, o processo, as dificuldades que estão ocorrendo, como contorná-las e o que pode ser adequado trazer do mercado para as práticas dos processos que são executados dentro do time.

Gestão de Produtos

Como dito acima, o processo precisa estar alinhado com stakeholders, POs e demais demandantes do trabalho a ser desenvolvido pelo time. Além disso, a pessoa Tech Lead precisa entender do produto, pensar nos indicadores e na qualidade.

Mantendo essas três vertentes em mente, como uma pessoa Tech Lead consegue continuar sendo uma referência técnica? Como ensinar outras pessoas, se agora, a criação de código ocupa menos partes de nossa rotina?

Dicas

Existem algumas dicas que podemos inserir na nossa rotina. Dentro das rotinas de Tech Lead, é muito importante saber estudar. Isso precisa ocupar uma porcentagem da nossa agenda.

Para não perder o perfil técnico em uma posição de gestão, é interessante estar presente em eventos técnicos. Isso ajuda a manter o conhecimento atualizado, conhecer boas práticas, aprender com outras pessoas e fazer networking.

Outros pontos importantes são: conduzir práticas de revisão de código e incluir o time em refinamentos. É importante lembrar que, por mais que estejamos em uma posição de liderança técnica, é possível aprender muito com as pessoas que fazem parte do nosso time, pensando, inclusive, no melhor momento para incluir essas pessoas nos refinamentos a fim de tomar decisões assertivas.

Para tomar decisões assertivas, devemos levar em conta o contexto daquilo que precisa ser desenvolvido, quais tecnologias, recursos e prazos que devem ser considerados. Tendo em mente que o time deve focar no desenvolvimento, precisamos envolvê-lo nos momentos de decisão de modo estratégico.

Por fim, é importante inserir a revisão de código na rotina do time e o pareamento para esse desenvolvimento. Como liderança, é possível se envolver nesses momentos e aprender com seu time de maneira prática.

Pilares da liderança técnica - Entrevista com Roberta Arcoverde: rotina após a transição

Ana: Olá! Eu sou a Ana Ribeiro, instrutora de Inovação e Gestão na Alura.

Audiodescrição: Ana se identifica como uma mulher de pele parda, de olhos castanhos e cabelos castanhos lisos e longos. Ela usa óculos de armação redonda preta, e está sentada em frente a uma mesa preta vestindo uma camiseta azul-escura com a logo da Alura em branco. Ao fundo, uma parede preta lisa com iluminações brancas ao redor.

Hoje vamos conversar sobre a carreira de Tech Lead, uma posição que mescla atuações técnicas com alguns aspectos de gestão de projetos, de produtos e de pessoas.

Entrevista com Roberta Arcoverde: rotina após a transição

Para falar sobre isso, temos uma convidada especial da comunidade, com grande relevância no mercado: a Roberta Arcoverde. Roberta, seja muito bem-vinda!

Roberta: Obrigada, Ana. É um prazer estar aqui. Eu sou a Roberta Arcoverde, diretora de engenharia na Stack Overflow. Antes de trabalhar com gestão e me tornar diretora de engenharia, tive uma carreira de mais de 15 anos como pessoa desenvolvedora, passando por Tech Lead, por coordenadora de equipe, e agora há dois anos atuando na diretoria de engenharia da Stack Overflow.

Audiodescrição: Roberta é uma mulher branca de olhos castanhos e cabelo castanho liso e curto. Ela veste uma camisa verde-escura, tem tatuagem no braço esquerdo, e está sentada em frente à mesa preta no mesmo cenário ao lado de Ana.

Ana: Muito bacana, Roberta. Obrigada por participar conosco! Falando sobre carreira, queremos muito conhecer a sua história. Quando analisamos o mercado e tentamos entender como a pessoa Tech Lead chegou nessa posição, podemos nos deparar com diferentes trajetórias.

Algumas pessoas podem ter, intencionalmente, escolhido atuar como Tech Leads e criado um planejamento de carreira para desenvolver algumas habilidades adicionais.

Provavelmente, essa pessoa tinha um foco muito grande no desenvolvimento técnico. Para migrar para essa posição mais ampla, que vai lidar com gestão de processos, produtos, diretamente com stakeholders também e com a própria gestão de pessoas, ela teve que explorar soft skills, como habilidade de comunicação, priorização e gestão de tempo, entre outras habilidades que podemos pensar.

Por outro lado, há pessoas que entraram nessa posição de Tech Lead de uma maneira não tão planejada. Foi um potencial observado nela durante o trabalho mais técnico, em que ela conseguia influenciar outras pessoas a trabalhar de forma mais eficiente e foi criando um plano de desenvolvimento posterior, com as soft skills, principalmente, que ela precisava desenvolver.

Roberta, como foi a sua trajetória? Foi algo planejado, foi algo orgânico? Você teve que desenvolver também algumas habilidades específicas para chegar nessa posição?

Roberta: À medida que evoluímos como pessoas desenvolvedoras na parte técnica, conseguimos ter um impacto maior do ponto de vista técnico, de direcionamento técnico.

Porém, quando migramos para essas carreiras de liderança, de Tech Lead, e assim por diante, conseguimos multiplicar nosso impacto no time, a princípio, no círculo do nosso time imediato, e em mais times à medida que evoluímos dentro de um negócio ou de uma empresa.

Ana: Então, não foi algo 100% planejado, foi algo que direcionou as oportunidades que surgiram e você foi notada por conta desse perfil técnico que tinha, até mesmo de compartilhar informações com outras pessoas. Portanto, não foi algo 100% planejado que você fez, certo?

Roberta: Não, não foi planejado, e durante muito tempo não foi sequer desejado. Eu gostava de ter um papel de liderança técnica, eu gostava de ter esse papel de influenciar as decisões técnicas que tomávamos, que foi o que busquei, me desenvolvi para isso e investi nisso na minha carreira.

Porém, quando eu fiz a migração de fato de pessoa desenvolvedora para a direção de engenharia, que foi o movimento mais recente na minha carreira, nos últimos dois anos, já com 5 anos de líder técnica, isso foi algo que o meu gestor na época apontou.

Ele disse que sentia que eu buscava meu próximo passo na carreira, e eu buscava mesmo, estava um pouco entediada, talvez, com que eu estava fazendo. Com isso, ele disse: "Porque você não tenta gestão?".

A ideia era que eu tentasse gestão, passasse um ano e depois dissesse o que senti, o que achei. Se eu não gostasse, poderíamos voltar atrás.

Inclusive, isso é um padrão comum na indústria, chamado de carreira pêndulo, em que você passa alguns anos trabalhando com gestão, depois você volta e passa uns anos trabalhando como pessoa desenvolvedora. Dessa forma, você constrói uma ponte entre os conhecimentos e isso, de alguma forma, melhora a sua atuação de uma forma mais holística, mais global no negócio.

Para mim, foi um super negócio. Eu poderia experimentar com gestão durante um tempo, e se eu não gostasse, voltaria para a área de pessoa desenvolvedora. Porém, eu gostei e fiquei em gestão.

Ana: Não queria, mas acabou aceitando até demais e gostando! Muito legal essa sua trajetória, porque não tem como descrever a profissão Tech Lead de uma maneira padrão.

Muda muito de empresa para empresa, e também conforme as necessidades do time, porque isso vai impactar diretamente como a liderança molda o seu próprio perfil de atuação. Vamos conhecendo nosso time, entendendo como podemos ajudar mais efetivamente, então é muito legal saber da sua trajetória.

Há um ponto muito interessante que você citou, que foi essa ampliação do leque de atuação para a área de gestão. Enquanto você trabalhava como pessoa desenvolvedora, você tecnicamente tinha uma preocupação específica com código, com software, e assim por diante.

Quando você migrou para a gestão, o que mudou? O que mudou na sua rotina? Você demanda mais tempo para rodar ou demanda mais tempo para fazer alguma coisa específica de gestão? Conta um pouco qual foi a maior diferença que você sentiu!

Roberta: São várias as diferenças, sem dúvida. Eu acho que existe um período de transição, porque é difícil definir o papel de Tech Lead, afinal, ele muda de empresa para empresa.

Na minha opinião, isso torna, inclusive, difícil de contratar para Tech Lead, porque é um papel que requer certo conhecimento das práticas daquela empresa, um certo conhecimento do domínio do produto que você trabalha, do negócio, e para a gestão não é tão diferente.

Muito embora as práticas de gestão sejam mais fáceis de transferir de uma empresa para outra, ou seja, você precisa de um entendimento, mas isso é transferível, para mim, partindo da minha função como Tech Lead na empresa onde eu atuo, para a função de diretora de gerente na empresa onde eu atuo, a maior diferença realmente foi esse distanciamento do código, do dia a dia de desenvolvimento.

Existe sempre esse período de transição, que é natural, porque você precisa começar a aprender, é uma mudança de carreira. Você precisa começar a aprender como pode se desenvolver como gestora de pessoas, que habilidades precisa desenvolver, o que precisa aprender, como precisa modular a comunicação, por exemplo. Tudo isso leva um tempo, um tempo de prática.

Eu tinha mais de 15 anos de prática de desenvolvimento, e agora eu precisava entender o que eu precisava aprender para ser uma boa gestora, que sempre foi uma preocupação. Eu não quero só ser uma gestora, eu quero saber como posso servir o meu time da melhor forma.

Para mim, a maior diferença, de fato, quando eu parei de desenvolver e passei a focar mais nos processos, de uma forma mais afastada do código, da parte técnica, é que uma parte muito motivadora do trabalho de pessoa desenvolvedora eram as pequenas vitórias.

Parece que no trabalho de desenvolvimento, você consegue enxergar o resultado dele muito mais rápido. Eu tenho essa funcionalidade para entregar, eu vou desenvolvê-la, quando eu terminar, está entregue e meu trabalho nisso acabou. Aquilo traz uma sensação de recompensa. É recompensador entregar código, entregar funcionalidades, e observar as pessoas usuárias usando.

Em gestão, o resultado do seu trabalho leva mais tempo para ser visualizado, inclusive por você mesmo. Ele é um trabalho mais de manutenção, um trabalho mais de médio e longo prazo.

Por exemplo: precisamos montar uma estratégia de resolução da dívida técnica do time. Você não faz a estratégia, entrega e acabou, como acontece com código. Isso leva tempo. Você precisa implantar a estratégia, observar como as pessoas desenvolvedoras respondem a ela, e se ela dá resultado ou não.

Ao perder essas rápidas vitórias que temos quando somos pessoas desenvolvedoras e passar para um mindset (mentalidade) de longo prazo, precisamos nos preparar para algo que só vamos observar o resultado daqui a um tempo e talvez nem seja o resultado que buscávamos.

Conseguir me adequar a esse novo ritmo de trabalho, para mim, foi a maior diferença. Foi o que senti mais nos primeiros seis meses dessa transição.

Sobre o curso Tech Lead: construindo práticas e rotinas de gestão

O curso Tech Lead: construindo práticas e rotinas de gestão possui 177 minutos de vídeos, em um total de 48 atividades. Gostou? Conheça nossos outros cursos de Liderança em Inovação & Gestão, ou leia nossos artigos de Inovação & Gestão.

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