Olá, eu sou Roberto Pina, seja muito bem-vindo, muito bem-vinda a este curso de Transformação Digital: Tecnologias.
O público-alvo deste curso são pessoas de áreas de tecnologia e negócios, interessadas em conhecer o tema; lideranças de diferentes níveis; membros de áreas de governança ou estratégia e pessoas que atuam em consultoria de transformação organizacional.
Este é o sexto curso da série de formação em Transformação Digital e o nosso objetivo, como sempre, é o de fornecer uma visão ampla a respeito do tema, que vai muito além de aspectos puramente técnicos.
Nós vimos ao longo da formação aspectos relativos à estratégia de formulação de valor ao cliente e os quatro pilares da transformação digital.
Agora nesse curso nós vamos ver o telhado do nosso modelo, que versa a respeito de como podemos aplicar a tecnologia na transformação digital e quais são as tecnologias emergentes ou que estão se consolidando, ou que estão ganhando mais corpo, que podem ser empregadas para ajudar no processo de transformação digital, adicionando valor ao negócio.
Assim sendo, nós vamos falar inicialmente de generalidades a respeito do uso de tecnologia na transformação digital, falando do interessante aspecto das plataformas digitais.
Depois falaremos das tecnologias ligadas a dados, como big data, cloud, analytics, ciência de dados, esse tipo de coisa.
Em seguida falaremos das tecnologias ligadas a machine learning, inteligência artificial, internet das coisas, máquinas autônomas. Depois falaremos de tecnologias ligadas à realidade estendida, realidade virtual, perspectivas do metaverso e, finalmente, alguma coisa sobre cibersegurança.
São visões muito gerais a respeito dessas tecnologias que estão disponíveis para a transformação digital, não é o objetivo tratar de maneira muito profunda a respeito delas, mas vai dar uma boa visão, vai dar uma boa introdução, é isso que pretendemos, para que você, na medida da necessidade, se aprofunde em cursos específicos que existem na Alura sobre cada uma das temáticas.
Os benefícios para quem participa é o entendimento de aspectos estratégicos da chamada transformação digital e, consecutivamente, evolução pessoal e profissional, permitindo a quem for participar desse movimento de transformação digital se posicionar de uma maneira muito mais precisa.
Então vamos dar sequência ao nosso conteúdo, começando a falar sobre as plataformas digitais.
Um aspecto importante da adoção da tecnologia na transformação digital diz respeito à questão das plataformas digitais.
As plataformas são modelos de negócio onde o valor é criado via facilitação de interações diretas entre dois ou mais tipos de clientes.
Então, o Uber, por exemplo, ele constitui uma plataforma digital porque nós temos dois grupos: o de motoristas querendo transportar e de passageiros querendo transporte. Esses dois grupos se associam ao Uber, que faz a intermediação, facilita a interação direta entre esses dois diferentes grupos. Esse é o conceito de plataforma digital.
Vamos ver mais exemplos de tipos de clientes que interagem via plataforma. A plataforma Mercado Livre, por exemplo, permite a interação direta entre compradores e vendedores. O Mercado Livre em si não vende nada, mas ele permite a interação entre esses dois grupos.
O YouTube também é uma plataforma, porque permite o contato, a interação, facilita a intermediação entre produtores de conteúdo e anunciantes. A plataforma então é uma espécie de balcão, onde pessoas produzem conteúdo, podem monetizar e anunciantes também têm interesse em se associar para aparecer para o público que está assistindo conteúdo.
Outro exemplo de plataforma é Airbnb, que facilita a interação entre os grupos de locadores e de locatários.
Os participantes dessas plataformas têm uma relativa liberdade para criar seus perfis, definir preços e decidir como vão apresentar seus produtos e serviços. Então a pessoa se cadastra e coloca a sua participação, é claro que há alguns parâmetros, alguma verificação da plataforma, mas as pessoas vão entrando de maneira mais ou menos livre, não existe um controle muito grande, não existe uma exigência tão grande.
É diferente por exemplo da TV aberta, onde o anunciante para entrar não basta ele se cadastrar e colocar o seu conteúdo na forma de publicidade. E as pessoas que assistem, os telespectadores também não se cadastram, existe uma participação mais passiva.
Na plataforma não, na plataforma existe realmente uma liberdade, uma flexibilidade muito maior para os participantes e o efeito disso é que a quantidade desses clientes dos diferentes grupos vai crescendo, de uma maneira teoricamente ilimitada.
A plataforma então se restringe a facilitar as partes, ela tem poucos ativos e, por isso mesmo, alta eficiência e pode escalar muito rapidamente, pode crescer de maneira exponencial.
Exemplos de plataformas ou tipos de plataformas são os marketplaces, como o Airbnb e o Uber, que permitem a comercialização de serviços ou de produtos; os sistemas de transação, como o PayPal; mídia sustentada por anúncios, como o Facebook e padrões de hardware e software, consoles de videogames e sistemas operacionais, como iOS e o Android.
Os consoles de videogames têm de um lado os produtores de jogos e do outro lado as pessoas que querem adquirir jogos, e aquele console faz a intermediação. Os sistemas operacionais também têm comunidades que permitem que os desenvolvedores coloquem, de maneira mais ou menos livre, seus aplicativos para serem adquiridos pelas pessoas que possuem dispositivos móveis onde rodam essas plataformas, o iOS e o Android.
Quanto mais uma plataforma é usada pelos clientes participantes, mais o seu valor aumenta. Esse é chamado efeito de rede. E a plataforma tem um efeito realmente espetacular, que é de fazer o valor ser criado fora da cadeia de valor da empresa.
Quem cria valor para o meu negócio, a plataforma, são os próprios clientes, são os próprios usuários. Isso é um aspecto muito importante e muito interessante.
Então, com uma maior quantidade e qualidade dos clientes de um lado da plataforma, existe um valor crescente para clientes do outro lado, existe essa sinergia. O público trabalha para a adição de valor para si mesmo.
Tecnologias digitais impulsionam plataformas, elas permitem a criação de plataformas digitais.
Porque no modo digital de implementação de plataformas existe uma fluidez muito grande, as pessoas podem se cadastrar e utilizar os serviços de maneira online, de maneira muito dinâmica; o crescimento é escalável, teoricamente ilimitado, utilizam-se plataformas em cloud, nuvem, que nós vamos ver mais para frente, que permite um crescimento, do ponto de vista de servidores e de depósito de dados, na medida que a quantidade de clientes aumentar.
Eu tenho acesso e velocidade através de dispositivos móveis que são utilizados nessa plataforma, o Uber, por exemplo, não precisa alguém ir em um desktop e solicitar um carro e o dono do carro consultar o seu desktop para depois então sair e pegar esse passageiro. Tudo está acontecendo através de dispositivos móveis, de maneira online, em tempo real e móvel, com bastante fluidez.
Então a tecnologia digital permite isso e facilita tremendamente a interação entre os clientes da plataforma.
Existe também um aspecto de confiança, as pessoas não são tão anônimas, existe uma autenticação dos usuários, para que eles estejam minimamente capacitados a atuar na plataforma, existe uma certa auditoria, um certo controle em relação a isso e as pessoas sabem mais ou menos com que estão lidando, a plataforma dá um pouco dessa garantia, o que torna o ambiente mais confiável. E isso é até fundamental para a própria reputação e crescimento da plataforma.
Então esse é o importantíssimo conceito de plataforma, uma empresa que quer crescer no mundo digital, tem que criar mais do que simplesmente um produto, mas sim, se possível, criar uma plataforma para o mesmo.
Na sequência vamos continuar falando de tecnologias, agora entrando nas tecnologias ligadas ao mundo dos dados, começando a falar do big data.
Vou apresentar de maneira introdutória a tecnologia do big data. Os dados sobre os nossos clientes constituem um ativo fundamental e cada vez mais importante, porque através deles nós podemos conhecer melhor o mercado, fazer ofertas mais interessantes e aumentar assim o nosso resultado.
Existe até um caso clássico de tratamento de dados, rumo a conhecer melhor o cliente e assim vender mais, que é o das fraldas e da cervejas. Uma rede de supermercados começou a analisar as compras dos seus clientes e percebeu que quem comprava mais fralda, comprava mais cerveja e vice-versa. Havia essa correlação.
Depois, pesquisando a causa disso, percebeu-se que naquela época as pessoas que tinham filhos pequenos, tendiam a ficar mais em casa, aí passavam a consumir mais cerveja em casa.
Então, com base nisso, com base nessa descoberta conseguida com a exploração dos dados, o que o mercado fez? Colocou a gôndola de fraldas do lado da gôndola de cervejas e aí começou a vender mais dos dois itens.
Então esse é um exemplo de como a exploração dos dados dos clientes podem nos ajudar a oferecer mais valor e fazer o nosso negócio prosperar.
Existe então uma jornada de explorar os dados e a ideia é transformar esses dados em informações. A diferença entre dado e informação é que a informação é um dado com significado e utilidade. E a partir de dados bem trabalhados, eu consigo boas informações, e a partir de boas informações eu consigo tomar boas decisões de negócio.
O big data envolve os chamados 5Vs, o que é isso? Nos dias de hoje e cada vez mais eu tenho um volume, uma variedade e uma velocidade envolvendo os dados, cada vez maior.
Não só devido à internet, mas devido à própria dinâmica dos negócios, o volume, a diversidade e a velocidade com que os dados trafegam só aumenta.
A partir desses primeiros três Vs, a ideia do big data é checar a veracidade dos mesmos, ver que dados são realmente válidos para nós trabalharmos, separar o ruído do sinal, digamos assim, e a partir daí obter valor.
Então eu consigo valor em cima de dados certos, de dados interessantes, que são transformados assim em informações e com isso eu posso descobrir correlações, fazer referências e tudo mais. Em cima de um volume gigante de dados.
Eu preciso de uma capacidade de processamento e de técnicas para lidar com isso, que hoje em dia já existem e podem então ser exploradas para fazer o uso desse imenso manancial de dados que temos disponíveis.
Falando a respeito de dados, há dois tipos básicos de dados: os estruturados, aqueles que são organizados em um padrão pré-definido, como por exemplo os armazenados em bancos de dados ou planilhas. Então os registros que tem em banco de dados, onde tem um nome, o CPF, o endereço, tudo na sua casa, ou então dados em planilhas eletrônicas, onde cada célula tem um dado separado, isso daí são dados ditos estruturados.
E existem, por outro lado, os dados não estruturados, que não possuem um padrão lógico rígido, eles não podem ser armazenados em caixas, então texto livre, imagens, vídeos, sons, constituem os chamados dados não estruturados.
O big data tem que lidar com os dois. Mas o que ocorre é que os dados não estruturados respondem pela absoluta maioria dos dados que estão circulando, estima-se que 80%. E para interpretar esses dados não estruturados é muito mais desafiador, então eu estou falando de som, de fala, de imagem e isso para um autômato interpretar é muito mais desafiador.
Vamos ver um exemplo concreto de big data em ação, para dar uma ideia do seu funcionamento e potencial. Como que seria utilizar o big data para alavancar determinado tipo de venda. Vamos ver um cenário.
Primeiro, imagine que uma pessoa frequenta um supermercado e ao longo de meses nós vamos armazenando o que é comprado e o quanto é gasto, então tem lá a pessoa passando na caixa registradora, eu sei tudo que ela comprou, tudo que ela gastou, a frequência de compras, se ela está indo semanalmente, mensalmente, o padrão das compras, se determinados produtos ela compra algo mais barato, outros ela compra algo de qualidade um pouco mais elevada e por onde a pessoa mais circula na loja, eu faço algum tipo de verificação que permite ver onde a pessoa mais circula, onde ela fica mais tempo parado olhando a gôndola.
E é possível mapear isso através de sistemas que até com diferentes cores mostram as regiões mais quentes do mercado, onde mais gente circula, onde mais gente paga, onde mais gente olha. Existem alguns mapas aí que parecem aqueles mapas térmicos, muito interessantes, onde é possível mapear até esse tipo de coisa.
Imagine que eu faça isso não só para uma pessoa, mas para todo mundo que frequenta o mercado. Olha a quantidade de dados que estão sendo gerados. Então estou observando o que as pessoas estão comprando e como.
Além disso, para as pessoas nós capturamos também, imagine, o seu comportamento das redes sociais, nós conseguimos a identificação dessa pessoa e consegue acessar a rede social dela e ver o que anda postando. Quais são os seus interesses de navegação na internet, que outros estabelecimentos são frequentados, se ela está indo no meu concorrente, o que ela compra aqui e o que que ela compra lá, quando, como.
O perfil da rede de amigos e familiares dessa pessoa na rede e a atuação profissional e o contexto econômico da mesma. Então em um cenário de comércio eletrônico é até mais fácil de ligar e de obter essas informações a partir da identificação do usuário do que no comércio físico.
Então eu estou juntando todas essas informações, todos esses dados que me permitem conhecer as vezes do hábito de consumo do cliente mais do que ele próprio. Trabalhando todos esses dados, um sistema de big data cruzando informações, fazendo inferências, usando às vezes até de inteligência artificial, ele é capaz, por exemplo, de fazer aparecer para a pessoa anúncios oportunos.
Então eu faço com que apareça para ela produtos os quais eu já percebi que a pessoa é fã, então vou tentar vender algo um pouco melhor, vou tentar explorar mais admiração que essa pessoa tem por esse tipo de produto, sugerir que interessante trocas de produtos. Então posso oferecer um produto de marca própria, um produto com um preço um pouco mais baixo, tentando ganhar mais volume.
Enfim, sabendo o que a pessoa compra, eu posso propor trocas, posso propor negócios interessantes para pessoa e também estimular a pessoa a trazer a sua rede pessoal para determinados consumos. Então a pessoa consome bastante cerveja ou bastante vinho e eu vejo que tem pessoas mais ou menos da mesma classe social, da mesma idade, eu posso sugerir: "olha, dê um vinho de presente aqui no aniversário da outra pessoa" e de repente até capturei a data de aniversário, "olha, está se aproximando a data de aniversário do seu pai ou do seu avô, por que você não oferece um vinho para ele? A pessoa gosta de mim" então já coloco um anúncio de vinho, uma oferta especial de vinho.
Enfim, dá para fazer muita coisa trabalhando essas informações. É como se fosse um corpo a corpo que se fazia antigamente, onde o dono da venda conhecia cada um dos seus fregueses e sabia como conversar, como oferecer, só que agora de maneira massiva, em função aí dos recursos que existem de tecnologia e que permitem isso.
Agora, há pontos de atenção para o big data, para o uso desses dados, que são os seguintes: primeiramente a obtenção de tudo isso desafia a questão da privacidade dos dados pessoais. Eu estou capturando muitas informações da pessoa, ela permitiu isso? Existe a questão até a questão da LGPD, a Lei Geral de Proteção de Dados, que começa aí a estipular regras para proteger os dados pessoais dos titulares de dados, para que a coisa não fique invasiva.
Então esse é um ponto de atenção. O outro ponto de atenção é que as pessoas sujeitas a esse sistema de compreensão por parte de autômatos do seu perfil e de oferecimento de coisas que lhes são interessantes, elas acabam sendo colocadas dentro de uma espécie de bolha, então só começo a mostrar para as pessoas produtos que elas gostam, mostrar só assuntos que elas apreciam, por exemplo, no YouTube a pessoa se interessa muito por determinado assunto que sugere uma determinada linha sociopolítica, eu vou só colocando sugestões de conteúdo sobre aquilo, eu não ofereço muito nada diverso daquilo.
Então esse foco acaba deixando as pessoas realmente naquele mundo, só vendo aquele tipo de assunto com uma determinada abordagem, só vendo determinado tipo de produto, só interagindo com determinado tipo de conteúdo, etc.
Então isso acaba criando um efeito de bolha, que é algo que merece atenção. Isso daí é o potencial do big data e, dessa forma, constitui uma importantíssima ferramenta para nós alavancarmos os nossos negócios, conhecendo profundamente as pessoas, com uso de recursos de processamento massivos.
Na sequência vamos falar de uma outra tecnologia muito importante no mundo dos dados, que é o cloud, a computação em nuvem.
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